Direção: Michael Herz, Lloyd Kaufman
Roteiro: Joe Ritter, Lloyd Kaufman (história)
Produção: Michael Herz
e Lloyd Kaufman, Stuart Strutin (Produtor Associado)
Elenco: Andree
Maranda, Mitch Cohen, Jennifer Babtist, Cindy Manion, Robert Prichard, Gary
Schneider, Mark Torgl
Não há adjetivos suficientes na língua portuguesa
que descrevam O Vingador Tóxico. Esse clássico absolutíssimo da
Troma de Michael Herz e Lloyd Kaufman é simplesmente o deus do olimpo do
cinema trash de escracho. É um lixo sem noção sem precedentes, que
prova que até no cinema, a zueira não tem limites. Sério, eu nem sei por onde
começar a falar sobre essa pérola, exceto que é um filme que PRECISA ser visto,
pelo bem ou pelo mal. É retrato de uma década e mais ainda, um estilo de filme
que nunca mais terá espaço em nossa vida cotidiana, ainda mais em um mundo que
caminha para se tornar cada vez mais coxa e politicamente correto. E olha
que O Vingador Tóxico foi lançado em meio ao conservadorismo da Era
Reagan. Mas pelos retardados da Troma que estavam pouco se lixando e só queriam
causar. Fato que O Vingador Tóxico é uma cartilha do
cinema trash, do cinemacamp despretensioso, lotado de humor negro, de
situações clichês absurdas, que servem de paródia para si mesmo e para diversos
gêneros e aspectos culturais (desde o culto ao corpo oitentista, prática
ostensiva de bullying, a corrupção política e policial, até o descarte de
lixo tóxico e a sustentabilidade – palavra que sequer existia naquela época). Há
certo limiar invisível entre o escracho total e seriedade pretensiosa
(travestida na crítica à sociedade de aparências que vivemos, muito bem
delimitadas em cada um dos personagens) que não sente vergonha nenhuma em
sacanear um sujeito perdedor ao extremo, uma garota cega, deficientes, gays,
mostrar criancinhas sendo atropeladas por carros em alta velocidade, e claro,
nudez, em prol do besteirol. É para recalcado de plantão ficar boquiaberto. A
trama é das mais idiotas, escrita por Joe Ritter em cima da história do próprio
Kaufman: Na corrupta cidade de Tromavile, a Capital Mundial do Lixo Tóxico, o
nerd babaca Melvin (Mark Torgl) é faxineiro da academia de ginástica “Tromavile
Health Club” e é constantemente zuado por Bozo (Gary Schneider), sua namorada
loira tingida Julie (Cindy Manion), o clone do Ashton Kutcher Slug (Robert
Prichard) e Wanda (Jennifer Baptist). O grupinho de malfeitores tem como
fetiche sair por ai de carro e atropelar crianças e velhinhos, tirando foto dos
mesmos após ter virado pizza de asfalto, sendo que criaram um ranking de
pontuação pelas mortes. Certo dia eles resolvem aloprar Melvin e pregam uma
peça que envolve um collant rosa e uma ovelha, que terá um resultado
trágico: o garoto do esfregão humilhado se joga da janela em meio aos risos de
escárnio e cai dentro de um tambor cheio de lixo tóxico na caçamba de um
caminhão deixado estrategicamente ali enquanto os dois motoristas estão
cheirando mais cocaína. O resultado do acidente é que Melvin acaba ficando
terrivelmente deformado, porém ganha superforça e torna-se o Vingador Tóxico
(interpretado agora por Mitch Cohen), protegendo os inocentes e perseguindo
todos os bandidos e corruptos da cidade. Daí para frente é uma sessão de
absurdos com violência estilizada, com direito a muito gore para levar os
fãs à loucura definitiva, como se todo o humor pastelão, exagero e os
personagens caricatos não fossem o suficiente. Uma das minhas passagens
preferidas é quando Toxie (como é carinhosamente chamado) intercepta o
assalto/sequestro de alguns meliantes em uma lanchonete e o destino que cada um
dos malfeitores leva após tentar estuprar a garota cega Sara (Andree Maranda) e
balear seu cão-guia (politicamente incorreto o suficiente para você ou não?).
Um deles tem as mãos fritas em óleo quente, outro tem o braço arrancado e é
nocauteado pelo próprio membro e outro sujeito tem o rosto feito
de milk-shake. O saldo desse ato heroico é Melvin finalmente encontrar seu
amor, e nada melhor do que uma garota cega que não verá sua feiúra e apenas a
beleza de seu coração. Não vou nem comentar a cena em que ela que saber se está
bonita para seu herói e usa um ESPELHO EM BRAILE! A Troma sempre foi conhecida
por seus absurdos, mas O Vingador Tóxico é o hors concours e é
o cult definitivo da insana produtora de filmes trash. O longa
ainda ganhou outras três continuações. Rola até uma história, que foi
publicada pela Variety, de que Arnold Schawrzenegger estará na refilmagem e que
será uma porcaria PG-13, com uma aventura de ação com conscientização ambiental
(!!!???) Espero que pelos deuses da bagaceira esse projeto nunca vá para frente
e não saia do papel ou que se sair um dia, Toxie vá até os responsáveis e enfie
seu esfregão da justiça você sabem muito bem aonde.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/08/01/490-o-vingador-toxico-1984/
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