sábado, 27 de fevereiro de 2016

#488 1984 RAZORBACK AS GARRAS DO TERROR (Razorback, Austrália)


Direção: Russell Mulcahy
Roteiro: Everett De Roche (baseado no livro de Peter Brennan)
Produção: Hal McElroy, Tim Sanders (Produtor Executivo)
Elenco: Gregory Harrison, Arkie Whiteley, Bill Kerr, Chris Haywood, David Argue, Judy Morris

Razorback – As Garras do Terror (que quando lançado em VHS pela VTI no Brasil ganhou o infame nome de O Corte da Navalha) é um clássico incomparável do Ozploitation. Para quem não sabe, Ozploitation é o termo designado para os filmes trash vindo da Austrália (que possui uma filmografia bem prolífica do gênero e se você não conhece até indico o documentário Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano). E Razorback cumpre seus requisitos nesta categoria com louvor. Razorback é a palavra inglês para porco-selvagem ou javali, e é exatamente essa criatura que é a antagonista neste eco-horror dirigido por Russel Mulcahy, baseado no livro de Peter Brennan, contratado pelos produtores após dirigir o videoclipe de “Hungry Like The Wolf” do Duran Duran e que lhe gabaritou para dirigir futuramente o sensacional Highlander – O Guerreiro Imortal e a sua segunda parte. Ambientado no inóspito outback australiano, um terrível javali gigante assassino é responsável pela morte do neto de Jake Cullen (Bill Kerr) após um ataque feroz. Acusado pelo crime, isso levou o velho à ruína, mesmo sendo inocentado por falta de provas no tribunal. A partir daí ele ficou obstinado em caçar e destruir o maldito javali, primeiro por vingança, depois para provar de vez a participação do animal no trágico acontecido e deixar de viver sob suspeita. Uma jornalista americana ativista dos direitos animais chamada Beth Winters (Judy Morris) viaja até a cidadezinha interiorana australiana para filmar a caçada predatória de cangurus. Obviamente lá ela não se torna muito popular e começa a ser hostilizada pela população local, incluindo aí dois sádicos irmãos caçadores, Benny e Dicko Baker (Chris Haywood e David Argue respectivamente). Então de repente em um toque à lá Hitchcock, quando você pensa que a jornalista é a mocinha do filme, eis que ela é brutalmente assassinada pelo mesmo javali antes da metade da fita. A partir daí, seu marido, Carl Winters (Gregory Harrison) viaja para a Austrália em busca de informações sobre o assassinato da esposa (foi-se dito que ela havia caído de um barranco) quando tem um encontro quase mortal com a fera. Vagando pela estepe desértica quase à beira da morte, encontra a loira gracinha Sarah (Arkie Whiteley), bióloga que estuda o comportamento errático dos porcos selvagens e é próxima de Jake Cullen, que finalmente depois de dois anos descobre por meio do forasteiro, o local onde o javali gigante está escondido, e parte para a vingança. Fato é que Razorback é recheado de situações absurdas e descabidas, mas que obviamente é o que dá bastante charme ao filme. Tudo parece um grande ensaio estético de Mulcahy para meter ângulos inusitados, filtros e diversos recursos visuais na construção de seu longa, explorando a desoladora paisagem do outback, personagens desequilibrados e caricatos e muita inverossimilhança. Claro que o ator principal é o javali com seus ataques violentos e sua velocidade até propulsora às vezes. Ou não. Parece que a lição importantíssima dada por Steven Spielberg em seu Tubarão que quanto menos mostrar o animal e preservar o suspense melhor, principalmente devido a problemas técnicos e orçamentários, foi seguida a risca por Mulcahy. Vemos sempre o bicho de relance em ângulos inventivos até demais (que até geram uma penca de erros de continuidade) com muitos cortes rápidos (até pela sua experiência no mercado de videoclipe) e só teremos um vislumbre do animatrônico  de tamanho natural (que custou 250 mil dólares) durante um mísero segundo na sequência final. Mas para quem curte o gore, crueldade e filmes dessa temática “animais assassinos”, e até uma boa dose de humor negro e caricato, Razorback – As Garras do Terror é uma boa pedida e recomendadíssimo, até para se saber que até nos mais inóspitos rincões do planeta Terra, uma ameaça sinistra pode tomar forma e virar uma boa história e um bom filme de terror, e que na Austrália há bons exemplares do gênero.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/07/30/488-razorback-as-garras-do-terror-1984/

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