Direção: Russell Mulcahy
Roteiro: Everett De Roche (baseado no livro de
Peter Brennan)
Produção: Hal McElroy, Tim Sanders (Produtor
Executivo)
Elenco: Gregory
Harrison, Arkie Whiteley, Bill Kerr, Chris Haywood, David Argue, Judy Morris
Razorback – As Garras do Terror (que quando lançado em VHS
pela VTI no Brasil ganhou o infame nome de O Corte da Navalha) é um
clássico incomparável do Ozploitation.
Para quem não sabe, Ozploitation é o
termo designado para os filmes trash vindo
da Austrália (que possui uma filmografia bem prolífica do gênero e se você não
conhece até indico o documentário Além de Hollywood: O Melhor do Cinema
Australiano). E Razorback cumpre seus requisitos nesta categoria com
louvor. Razorback é a palavra inglês para porco-selvagem ou javali, e é
exatamente essa criatura que é a antagonista
neste eco-horror dirigido por Russel Mulcahy, baseado no livro de
Peter Brennan, contratado pelos produtores após dirigir o videoclipe de “Hungry
Like The Wolf” do Duran Duran e que lhe gabaritou para dirigir futuramente o
sensacional Highlander – O Guerreiro Imortal e a sua segunda parte. Ambientado
no inóspito outback australiano,
um terrível javali gigante assassino é responsável pela morte do neto de Jake
Cullen (Bill Kerr) após um ataque feroz. Acusado pelo crime, isso levou o velho
à ruína, mesmo sendo inocentado por falta de provas no tribunal. A partir daí
ele ficou obstinado em caçar e destruir o maldito javali, primeiro por
vingança, depois para provar de vez a participação do animal no trágico
acontecido e deixar de viver sob suspeita. Uma jornalista americana ativista
dos direitos animais chamada Beth Winters (Judy Morris) viaja até a cidadezinha
interiorana australiana para filmar a caçada predatória de cangurus. Obviamente
lá ela não se torna muito popular e começa a ser hostilizada pela população
local, incluindo aí dois sádicos irmãos caçadores, Benny e Dicko Baker (Chris
Haywood e David Argue respectivamente). Então de repente em um toque à lá
Hitchcock, quando você pensa que a jornalista é a mocinha do filme, eis que ela
é brutalmente assassinada pelo mesmo javali antes da metade da fita. A partir
daí, seu marido, Carl Winters (Gregory Harrison) viaja para a Austrália em
busca de informações sobre o assassinato da esposa (foi-se dito que ela havia
caído de um barranco) quando tem um encontro quase mortal com a fera. Vagando
pela estepe desértica quase à beira da morte, encontra a loira gracinha Sarah
(Arkie Whiteley), bióloga que estuda o comportamento errático dos porcos
selvagens e é próxima de Jake Cullen, que finalmente depois de dois anos
descobre por meio do forasteiro, o local onde o javali gigante está escondido,
e parte para a vingança. Fato é que Razorback é recheado de situações
absurdas e descabidas, mas que obviamente é o que dá bastante charme ao filme.
Tudo parece um grande ensaio estético de Mulcahy para meter ângulos inusitados,
filtros e diversos recursos visuais na construção de seu longa, explorando a
desoladora paisagem do outback,
personagens desequilibrados e caricatos e muita inverossimilhança. Claro que o
ator principal é o javali com seus ataques violentos e sua velocidade até
propulsora às vezes. Ou não. Parece que a lição importantíssima dada por Steven
Spielberg em seu Tubarão que quanto menos mostrar o
animal e preservar o suspense melhor, principalmente devido a problemas
técnicos e orçamentários, foi seguida a risca por Mulcahy. Vemos sempre o bicho
de relance em ângulos inventivos até demais (que até geram uma penca de erros
de continuidade) com muitos cortes rápidos (até pela sua experiência no mercado
de videoclipe) e só teremos um vislumbre do animatrônico de tamanho
natural (que custou 250 mil dólares) durante um mísero segundo na sequência
final. Mas para quem curte o gore, crueldade e filmes dessa temática
“animais assassinos”, e até uma boa dose de humor negro e caricato, Razorback –
As Garras do Terror é uma boa pedida e recomendadíssimo, até para se saber
que até nos mais inóspitos rincões do planeta Terra, uma ameaça sinistra pode
tomar forma e virar uma boa história e um bom filme de terror, e que na
Austrália há bons exemplares do gênero.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/07/30/488-razorback-as-garras-do-terror-1984/
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