Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Produção: Robert Shaye, Sarah Risher (Co-Produtora), John Burrows (Produtor
Associado), Stanely Dudelson e Joseph Wolf (Produtores Executivos)
Elenco: Heather Langenkamp, Robert Englund, John
Saxon, Johnny Depp, Ronee Blakely, Amanda Wyss
“Um dois, Freddy vai te pegar”.
Quem era pivete e nunca ficou com medo dessa música cantada por aquelas
espectrais garotinhas pulando corda? A Hora do Pesadelo é um dos maiores
fenômenos pop do
gênero graças ao seu vilão icônico, Fred Krueger, com sua luva de navalhas,
chapéu de feltro, blusão vermelho e verde e rosto desfigurado. A produção teve
vários toques de mestre de Wes Craven que a transformou em um sucesso de
crítica e bilheteria, além de colocá-la no panteão como um novo clássico do
terror. Entre eles, a originalidade de criar um assassino indestrutível que
ataca nos sonhos, utilizando o subterfúgio do medo inconsciente que as pessoas
têm de pesadelos. Craven usou esse terreno para poder criar ambientes e
situações oníricas, surreais e soturnas. O visual assustador de Freddy com o
rosto todo queimado representa a personificação do mal e os efeitos visuais
vanguardistas na época ajudaram a espalhar essa sensação de medo primitivo, com
mortes extremamente elaboradas e sangrentas. E mais importante que tudo isso, é
que A Hora do Pesadelo é
infinitamente mais inteligente e adulto, podemos dizer, do que todos os filmes slasher de
adolescentes sendo perseguidos por maníacos nos anos 80. Ele bebe na fonte da
literatura gótica e apresenta personagens com perfis psicológicos distintos e
bem definidos, diferente dos jovens idiotas que só prestavam para serem mortos,
como em Sexta-Feira
13, por exemplo. Fred Krueger ataca adolescentes que têm
problemas tanto de ordem social quanto psicológica e que na maioria dos casos,
são oriundos de famílias disfuncionais. Por exemplo, Tina, a primeira vítima do
assassino. Logo na primeira aparição do vilão, ao acordar de um pesadelo, ela é
repreendida pela mãe, que logo em seguida é interrompida pelo namorado,
brigando para voltarem a cama e continuarem com a trepada que a filha dela
interrompeu. Daí já percebemos que Tina é filha de pais divorciados e tem uma
mãe piranha, que no dia seguinte vai viajar com o namorado para Las Vegas,
deixando a filha em casa sozinha. Já Rod Lane, namorado de Tina, é um daqueles bad
boys incorrigíveis. Já teve passagem policial por baderna e tráfico de
drogas. Nancy Thompson, a heroína virginal, por sua vez também é filha de pais
separados e sua mãe é alcoolatra. E todos estão envolvidos nesse balaio de gato
porque Fred era um assassino pedófilo de crianças, que acabou sendo solto
devido a uma falha burocrática do sistema. Os pais revoltados querendo proteger
seus filhos, resolvem fazer justiça com as próprias mãos e o aprisionam em sua
casa, queimando-o vivo. Anos depois, ele volta a atacar os filhos dos
responsáveis pela sua morte em seus sonhos, já que ele não pode se materializar
na vida real. Craven teve a ideia de escrever o roteiro de A Hora do Pesadelo, quando leu uma
série de artigos do L.A. Times sobre o grande número de crianças tailandesas
que morriam durante o sono após sofrer de terror noturno e ter inúmeros
pesadelos subsequentes. E pegou emprestado o nome de outro vil assassino que já
havia idealizado antes, Krug de Aniversário Macabro. Robert Englund
encarnaria o titio Freddy para colocá-lo de vez no hall da fama dos filmes de
horror. O mais interessante de se assistir A Hora do Pesadelo em detrimento de suas outras sete
sequências (sem contar o crossover com Jason e o bom remake de
2010), é que Freddy é realmente um sujeito aterrador em sua primeira aparição.
Sua maquiagem de rosto é mais feia, ele é mais cruel e sinistro. Mete um baita
medo, enquanto nas sofríveis continuações ele adquire uma nova persona,
transformando-se em um falastrão piadista, com sacadinhas jocosas e frases
clichês antes ou depois de matar suas vítimas (sendo a mais célebre delas dita
em A Hora do Pesadelo 3 – Os
Guerreiros dos Sonhos, quando ele enfia a cabeça de uma jovem dentro do
tubo da televisão e solta: “Bem-vinda ao horário nobre, cadela”). Três fatos
curiosos sobre A Hora do Pesadelo:
Seu roteiro foi ignorado por todos os grandes estúdios, exceto pela Disney (?!).
A New Line topou fazê-lo, com um orçamento de 1,8 milhão de dólares, faturou
mais de 25 milhões de dólares na bilheteria e criou uma das franquias mais
lucrativas do estúdio; Johnny Depp faz aqui sua primeira aparição no cinema,
com 21 anos de idade; E em determinada noite, Nancy está assistindo televisão e
o filme que está sendo exibido é A
Morte do Demônio, que foi a retribuição de uma homenagem a
Sam Raimi, que em seu filme havia colocado o pôster de Quadrilha de Sádicos, de
Craven, no porão da cabana na floresta.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/07/24/484-a-hora-do-pesadelo-1984/
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