terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

#472 1983 A HORA DA ZONA MORTA (The Dead Zone, EUA)


Direção: David Cronenberg
Roteiro: Jeffrey Boam (baseado no livro de Stephen King)
Produção: Debra Hill, Jeffrey Chernov (Produtor Associado), Dino de Laurentiis (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: Christopher Walken, Brooke Adams, Tom Skerrit, Herbert Lom, Anthony Zerbe, Martin Sheen

Junte Stephen King, David Cronenberg e Christopher Walken e o resultado não poderia ser menos satisfatório. A Hora da Zona Morta é mais uma das adaptações de um livro do mestre do terror para as telas, fato que tornara-se corriqueiro neste começo dos anos 80 (só em 83, foram três filmes lançados que foram baseados nas escritas do cidadão do Maine). A Hora da Zona Morta é o filme menos Cronenberg do diretor, pensando no estilo de terror venéreo e científico que ele aplicava em suas fitas de começo de carreira (como CalafriosEnraivecida na Fúria do Sexo,Filhos do Medo e Scanners – Sua Mente Pode Destruir). Aqui tendo a direção de um filme norte-americano de um grande estúdio, financiado pelo todo poderoso Dino de Laurentiis e trabalhando o texto de um dos maiores escritores da época, vemos que o canadense faz um trabalho bem mais comedido, sem suas elucubrações costumeiras e seu apreço pela carne e jorros de sangue. Também é a primeira fita onde o tema abordado é o sobrenatural, e não nenhum tipo de resultado de alguma experiência científica guiada pelo próprio homem. Christopher Walken (perfeito para o papel, mas vejam só, King gostaria que Bill Murray o interpretasse – nada a ver) é John Smith, um professor de literatura inglesa que adora ler para seus alunos O Corvo de Edgar Allan Poe e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça de Washington Irving (curioso que Walken muitos anos depois faria o papel do Cavaleiro no filme dirigido por Tim Burton). Ele vive um romance com a também professora Sarah Bracknell (Brooke Adams) até que um dia após se despedir da moça, sofre um terrível acidente de carro e fica cinco anos em coma. Quando Smith retoma a consciência, descobre que além de perder o amor da sua vida, que casara e tivera um filho com outro homem, seu emprego e ter se tornado um inválido, ganhou de bônus uma habilidade psíquica pré e pós cognitiva ao tocar nas pessoas e objetos, conseguindo acessar a “zona morta” de seu cérebro. Ou seja, ele é capaz de ver o passado e também prever o futuro. Então o filme se dividirá em duas metades completamente diferentes. A primeira parte, depois de narrar o acidente e o ganho dos poderes mediúnicos de Smith, foca em sua ajuda ao xerife Bannerman (Tom Skerritt) na busca de um psicopata conhecido como o Assassino de Castle Rock, que vem matando jovens garotas na cidade preferida de Stephen King e não deixando nenhuma pista para que a polícia possa pegá-lo. Em outro texto eu já falei que Cronenberg costuma criar sempre uma cena de impacto em seus filmes, que acabam sendo pintadas na mente do espectador. No caso de A Hora da Zona Morta, é a aflitiva cena (e toda a sequência) da tesoura, no concluir da trama da descoberta do assassino. Já na segunda parte, o filme muda completamente de figura, e Smith passa a viver em reclusão, voltando a dar aulas particulares em sua casa, quando se vê no meio da campanha do impetuoso Greg Stillson (papel de Martin Sheen) ao senado americano. Acontece que Stillson é o típico político sujo e com um quê de psicótico, e em um comício, ao apertar a sua mão, o pobre coitado tem a visão de que o sujeito será responsável por um genocídio nuclear quando se tornar o presidente dos Estados Unidos, lançando mísseis sobre a União Soviética, apertando um malfadado botão do juízo final à lá Dr. Fantástico. Cabe ao atormentado Smith então enfrentar uma crise de consciência, também pelo fato de Sarah ter reaparecido em sua vida novamente e estar trabalhando com o maridão na campanha de Stillson, e tentar assassinar o político nefasto antes que ele ganhe a corrida pelo senado e mais tarde torne-se presidente. 
ALERTA DE SPOILER – Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Algo que apesar de ser evitado pelo vidente no longa, pois a tentativa de assassinato é frustrada, mas o escroque usa o bebê de Sarah como proteção contra as balas, o que acaba sendo publicado na imprensa, afundando sua carreira política, e levando-o ao suicídio, aconteceu futuramente para Martin Sheen, que conseguiu chegar à Casa Branca na série The West Wing – Os Bastidores do Poder. Mais uma vez o texto de King, vagamente baseado na vida do famoso psíquico holandês Peter Hukos, aproveita o que ele sabe fazer de melhor: pegar um sujeito ordinário como eu e você e coloca-lo em uma situação fantástica, metendo em um simples professor de inglês o fardo da premonição e ter de lidar com a perda, a culpa, e claro, a maldade humana. E Cronenberg consegue captar toda a angústia dessa maldição, sempre extraindo o que há de melhor no fantástico Christopher Walken e entregando um suspense redondo, que apesar de não ser brilhante, consegue prender o espectador e o mais importante, aproximá-lo do tormento do personagem. Mais tarde, o livro que deu origem ao filme A Hora da Zona Morta foi transformado em uma série de televisão que durou seis temporadas, com Anthony Michael Hall fazendo o papel de John Smith.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/07/08/472-a-hora-da-zona-morta-1983/

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