Direção: Michael Curtiz
Produção:
Hal B. Wallis, Jack L. Warner
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip C. Epstein,
Howard Koch, baseado na peça de Murray Burnett e Joan Alison
Fotografia:
Arthur Edeson
Música:
M. K. Jerome, Jack Scholl, Max Steiner
Elenco:
Ingrid
Bergman …………Ilsa Lund
Humphrey
Bogart ………Rick Blaine
Sydney
Greenstreet ……Signor Ferrari
Conrad
Veidt ……………Major Strasser
Paul
Henreid ……………Victor Laszlo
Claude
Rains ……………Capitão Renault
Ainda: Sydney
Creenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, Madeleine LeBeau, Dooley Wilson, Joy
Page, lohn Qualen, Leonid Kinskey, Curt Bois.
Oscar: Hal B. Wallis (melhor filme), Michael Curtiz
(diretor), Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch (roteiro)
Indicação ao Oscar: Humphrey Bogarl (ator), Claude
Rains (ator (Coadjuvante), Arthur Edeson (fotografia), Owen Marks (montagem),
Max Steiner (música)
O mais querido de todos os ganhadores do Oscar de
Melhor Filme, este romântico melodrama de guerra sintetiza a febre da década de
40 por exotismos de estúdio, com os terrenos da Warner transformados em um
Norte da África fantástico que parece muito mais autêntico do que qualquer
outro lugar meramente real poderia ser. Casablanca também conta com mais atores
cult, falas passíveis de citação, clichês instantâneos e descaramento
hollywoodiano do que qualquer outro filme da era de ouro do cinema. O Rick de
Humprey Bogart ("De todas as espeluncas que servem gim..."), vestindo
ternos brancos ou sobretudo com cinto, e a lisa de Ingrid Bergman ("Eu sei
que jamais terei forças para deixá-lo novamente"), com seus figurinos mais
apropriados para um estúdio do que para uma cidade no meio do deserto, flertam
em um café-cassino enquanto aquela canção inesquecível ("As Time Goes
By") soa ao fundo, transportando-os de volta para uma vida mais simples
antes de a guerra arruinar tudo. Contudo, a melhor interpretação fica por conta
de Claude Rains, como o cínico, porém romântico, chefe de polícia Renault
("Reúna os suspeitos de sempre"), um irônico observador dos absurdos da
vida que é ao mesmo tempo um sobrevivente oportunista e o mais verdadeiro romântico
do filme - merecendo plenamente seus últimos e famosos instantes ("Louis, acho
que este é o começo de uma bela amizade"), que mostram que ele, e não Ilsa,
é o parceiro ideal para o herói recém-comprometido-com-a-liberdade de Rick. O
extenso elenco de coadjuvantes também é memorável: Victor Laszlo, o tcheco patriota
de Paul Henreid, liderando a escória do continente em uma empolgante execução da
Marselhesa que abafa a cantoria nazista e restaura o fervor patriótico até dos
mais ardorosos colaboracionistas e parasitas; o vigarista Ugarte de Peter
Lorre, admitindo timidamente que confia em Rick por ele o desprezar; o vilão
nazista Major Strasser de Conrad Veidt, tentando fazer uma ligação que jamais
conseguirá completar; o leal Sam de Dooley Wilson, dedilhando seu piano e
trocando olhares com os protagonistas; Carl, o obeso mordomo de S. Z . Sakall,
um austro-húngaro deslocado e suarento apesar do ventilador de teto; e o improvável
empresário árabe-italiano Ferrari de Sydney Greenstreet, acocorado no que
parece um tapete mágico com seu barrete. Mesmo os figurantes foram escalados de
forma brilhante, acrescentando à atmosfera viva, sedutora e povoada de um filme
que, mais do que qualquer outro, seus fãs desejam habitar, um impulso que serve
de combustível para Sonhos de um sedutor, a charmosa homenagem de Woody Allen. Curtiz
conta uma história complicada e cheia de truques - que sofre com um excesso de
explicações e é estruturada em torno de um flashback no meio do filme, que se
passa em Paris e quebra boa parte das regras de roteiro - com tão pouco alarde
e tanta segurança que o conjunto parece impecável, apesar de ter sido supostamente
reescrito dia a dia para que Bergman não soubesse até a filmagem da cena final
se ela iria partir no avião com Henreid ou ficar com Bogey. Sua grandeza
duradoura como cult se deu por conta dessa postura, mas também pela sua rara
sensação de incompletude: realizado antes do fim da guerra, ele ousa deixar
seus personagens literalmente no ar ou no meio do deserto, fazendo com que seus
espectadores originais - e os muitos que descobriram o filme no decorrer dos
anos - ficassem se perguntando o que teria acontecido com aquelas pessoas
(cujos problemas mesquinhos não passam de "um monte de feijões") nos
turbulentos anos que se seguiram. KN
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 152)
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