sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

152 1942 CASABLANCA (CASABLANCA, EUA)


Direção: Michael Curtiz
Produção: Hal B. Wallis, Jack L. Warner
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip C. Epstein, Howard Koch, baseado na peça de Murray Burnett e Joan Alison
Fotografia: Arthur Edeson
Música: M. K. Jerome, Jack Scholl, Max Steiner
Elenco:
Ingrid Bergman …………Ilsa Lund
Humphrey Bogart ………Rick Blaine
Sydney Greenstreet ……Signor Ferrari
Conrad Veidt ……………Major Strasser
Paul Henreid ……………Victor Laszlo
Claude Rains ……………Capitão Renault
Ainda: Sydney Creenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, Madeleine LeBeau, Dooley Wilson, Joy Page, lohn Qualen, Leonid Kinskey, Curt Bois.

Oscar: Hal B. Wallis (melhor filme), Michael Curtiz (diretor), Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch (roteiro)

Indicação ao Oscar: Humphrey Bogarl (ator), Claude Rains (ator (Coadjuvante), Arthur Edeson (fotografia), Owen Marks (montagem), Max Steiner (música)

O mais querido de todos os ganhadores do Oscar de Melhor Filme, este romântico melodrama de guerra sintetiza a febre da década de 40 por exotismos de estúdio, com os terrenos da Warner transformados em um Norte da África fantástico que parece muito mais autêntico do que qualquer outro lugar meramente real poderia ser. Casablanca também conta com mais atores cult, falas passíveis de citação, clichês instantâneos e descaramento hollywoodiano do que qualquer outro filme da era de ouro do cinema. O Rick de Humprey Bogart ("De todas as espeluncas que servem gim..."), vestindo ternos brancos ou sobretudo com cinto, e a lisa de Ingrid Bergman ("Eu sei que jamais terei forças para deixá-lo novamente"), com seus figurinos mais apropriados para um estúdio do que para uma cidade no meio do deserto, flertam em um café-cassino enquanto aquela canção inesquecível ("As Time Goes By") soa ao fundo, transportando-os de volta para uma vida mais simples antes de a guerra arruinar tudo. Contudo, a melhor interpretação fica por conta de Claude Rains, como o cínico, porém romântico, chefe de polícia Renault ("Reúna os suspeitos de sempre"), um irônico observador dos absurdos da vida que é ao mesmo tempo um sobrevivente oportunista e o mais verdadeiro romântico do filme - merecendo plenamente seus últimos e famosos instantes ("Louis, acho que este é o começo de uma bela amizade"), que mostram que ele, e não Ilsa, é o parceiro ideal para o herói recém-comprometido-com-a-liberdade de Rick. O extenso elenco de coadjuvantes também é memorável: Victor Laszlo, o tcheco patriota de Paul Henreid, liderando a escória do continente em uma empolgante execução da Marselhesa que abafa a cantoria nazista e restaura o fervor patriótico até dos mais ardorosos colaboracionistas e parasitas; o vigarista Ugarte de Peter Lorre, admitindo timidamente que confia em Rick por ele o desprezar; o vilão nazista Major Strasser de Conrad Veidt, tentando fazer uma ligação que jamais conseguirá completar; o leal Sam de Dooley Wilson, dedilhando seu piano e trocando olhares com os protagonistas; Carl, o obeso mordomo de S. Z . Sakall, um austro-húngaro deslocado e suarento apesar do ventilador de teto; e o improvável empresário árabe-italiano Ferrari de Sydney Greenstreet, acocorado no que parece um tapete mágico com seu barrete. Mesmo os figurantes foram escalados de forma brilhante, acrescentando à atmosfera viva, sedutora e povoada de um filme que, mais do que qualquer outro, seus fãs desejam habitar, um impulso que serve de combustível para Sonhos de um sedutor, a charmosa homenagem de Woody Allen. Curtiz conta uma história complicada e cheia de truques - que sofre com um excesso de explicações e é estruturada em torno de um flashback no meio do filme, que se passa em Paris e quebra boa parte das regras de roteiro - com tão pouco alarde e tanta segurança que o conjunto parece impecável, apesar de ter sido supostamente reescrito dia a dia para que Bergman não soubesse até a filmagem da cena final se ela iria partir no avião com Henreid ou ficar com Bogey. Sua grandeza duradoura como cult se deu por conta dessa postura, mas também pela sua rara sensação de incompletude: realizado antes do fim da guerra, ele ousa deixar seus personagens literalmente no ar ou no meio do deserto, fazendo com que seus espectadores originais - e os muitos que descobriram o filme no decorrer dos anos - ficassem se perguntando o que teria acontecido com aquelas pessoas (cujos problemas mesquinhos não passam de "um monte de feijões") nos turbulentos anos que se seguiram. KN
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 152)

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