Diretor: Michael Curtiz
Producão: Jerry Wald, Jack L Warner.
Roteiro:
Ranald MacDougall, baseado no romance de James M. Cain
Fotografia:
Ernest Haller
Música:
Max Steiner
Elenco:
Joan Crawford, Jack Carson, Zachary Scott , Eve Arden, Ann Blyth, Bruce
Bennett, Lee Patrick, Moroni Olsen, Veda Ann Borg, Jo Ann Marlowe
Oscar: Joan
Crawford (atriz)
Indicação
ao Oscar: Jerry Wald (melhor filme), Ranald MacDougall (roteiro). Eve Arden
(atriz coadjuvante), Ann Blyth (atriz coadjuvante), Ernest Haller (fotografia)
Tiros
estouram na noite e um homem moribundo arqueja: "Milidred!" Em um
flashback clássico que remonta à gênese da obsessão e do assassinato, a
assassina confessa Mildred Pierce (Joan Crawford no papel ganhador do Oscar que
ressuscitou a carreira estagnada da atriz de 41 anos) explica em um interrogatório
policial como batalhou como dona-de-casa, garçonete e confeiteira até se tornar
uma próspera dona de restaurante para satisfazer as exigências de sua filha
Veda (Ann Blyth) por coisas luxuosas. Quando as duas são fatidicamente
seduzidas por um cafajeste de fala mansa e dissimulado (Zachary Scott), a
transigência sufocante e neurótica da possessiva Mildred e os desejos precoces da
ingrata Veda resultam inevitavelmente em traição sexual e ódio. Um típico filme
para mulheres da década de 40 e uma novela doméstica fervilhante, o filme de
Mlchael Curtiz, adaptado por Ranald MacDougall de um romance surpreendentemente
perverso de James M. Cain (famoso por Pacto de sangue e O destino bate à
porta), é também um filme noir esplendidamente cruel, que devasta o ideal da
época de devoção materna e tortas de maçã da mamãe. Mildred é inteligente,
ambiciosa e obstinada, qualidades respeitadas e recompensadas pela ética
americana. Porém, aos poucos, ela se distancia do seu honesto, porém
fracassado, marido (Bruce Bennett) e, à medida que favorece a insolente Veda em
detrimento da sua mais doce filha caçula, deixando a morte da criança para trás
aparentemente sem pensar duas vezes, começamos a notar um aspecto pouco
saudável - e talvez até patológico - da sua compulsão. Nunca o melodrama foi
tão convincente. Mesmo para aqueles que são geralmente desestimulados por Crawford,
com seus traços duros e ombros quadrados, sua atuação intensa e incontida como
Mildred é tragicamente doentia e cativante. Blyth, de apenas 17 anos, está
sarcasticamente sensacional como a femme
fatale desdenhosa. Curtiz é um diretor que impôs sua personalidade em
filmes de todos os gêneros. A forma magistral como ele dispõe do seu elenco
(que conta com coadjuvantes excelentes como Eve Arden, Jack Carson e Lee
Patrick) e os diversos elementos técnicos - as alternâncias expressivas dos
subúrbios ensolarados para pesadelos sombrios de Ernest Haller, o fotógrafo
ganhador do Oscar por E o vento levou, e a trilha sonora dramática de Max Steiner
- são inebriantes. AE
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 176)
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