sábado, 6 de dezembro de 2014

154 1942 A MARCA DA PANTERA (CAT PEOPLE, EUA)


Direção: Jacques Tourneur
Produção: Vai Lewton, Lou L. Ostrow
Roteiro: DeWitt Bodeen
Fotografia: Nicholas Musuraca
Música: Roy Webb
Elenco:
Simone Simon ………Irena Dubrovna Reed
Kent Smith …………. Oliver Reed
Tom Conway ………...Dr. Louis Judd
Jane Randolph ………Alice Moore
Jack Holt ……………. Comodoro

Os filmes de terror produzidos pela Val Lewton/RKO na década de 40 são um ponto alto do gênero, obras célebres pela aura sutil de medo em vez de efeitos especiais repugnantes. A marca da pantera, dirigido por Jacques Tourneur, apresenta a história trágica de Irena, a mulher-felina que teme destruir aqueles que mais ama. Ollie Reed (Kent Smith) vê a bela e sexy Irena Dubrovna (Simone Simon) desenhando uma pantera negra no zoológico. O breve romance dos dois leva ao casamento, mas sinais de problemas não tardam a surgir, Irena parece obcecada por grandes felinos e ouve seus gritos ("como os de uma mulher") à noite. No entanto, quando Ollie leva um gatinho para casa para lhe dar de presente, ele rosna e bufa. "Estranho", fala o dono da loja de animais para Ollie, "gatos sempre percebem quando há algo de errado com uma pessoa." O que há de errado com Irena permanece essencialmente ambíguo e essa é a força do filme. Será ela uma jovem reprimida com medo de consumar seu casamento, conforme sugere seu psiquiatra (Tom Conway), ou uma herdeira das malévolas bruxas adoradoras de Satã de seu vilarejo natal na Sérvia? Irena teme que emoções fortes como luxúria, ciúme ou raiva libertem a pantera assassina que vive dentro dela. De fato, essas, emoções fogem ao seu controle: em uma cena ela arrasa seu afetuoso analista e, em outra sequência assustadora, ela persegue sua rival Alice (Jane Randolph), que trabalha com Ollie e também o ama. A marca da pantera não vai matá-lo de medo; por outro lado, também não exagera na abordagem sexual como a risível refilmagem de 1982, de Paul Schrader, com suas cenas de bondage e violência gráfica. O filme é assustadoramente eficaz, especialmente no uso de luz e sombra. Em uma cena merecidamente famosa, Irena segue Alice até uma piscina subterrânea, forçando-a a nadar em pânico enquanto ouvem-se sons misteriosos e sombras bruxuleiam em reflexos líquidos de luz. Embora um tanto datado, A marca da pantera conta com diálogos afiados. Alice provoca simpatia como "o novo tipo de mulher" - inteligente, independente, respeitável e amorosa. Ollie é provavelmente dócil demais para merecer o amor de uma mulher do seu tipo. É Irena quem domina a atenção e permanece na cabeça do espectador, um dos monstros mais dignos de compaixão do cinema de horror (como Bóris Karloff no papel da criatura de Frankenstein). Simon está encantadora - um pouco "exagerada" com seu rosto de gata, doce, triste e inconscientemente perigosa. CFr
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 154)



#048 1942 SANGUE DE PANTERA (Cat People, EUA)
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: DeWitt Bodeen
Produção: Val Lewton
Elenco: Simone Simon, Tom Conway, Kent Smith, Jane Randolph

Sangue de Pantera, o clássico do diretor Jacques Tourneur, é um filme que gira em torno de sexualidade e repressão feminina transbordando da figura interpretada pela bela e exótica atriz Simone Simon, a tal mulher pantera do título em português. Para contextualizar historicamente o filme, o mercado hollywoodiano de filmes de terror era amplamente dominado pela Universal e seus monstros DráculaFrankensteinA MúmiaO Lobisomem, etc. Com grandes orçamentos e sucessos de bilheteria, restava aos outros estúdios fazerem os filmes B. E daí que entra na jogada a RKO Radio Pictures, responsável outrora por grandes produções, entre elas Cidadão Kane, de Orson Wells, mas que estava em péssimas condições financeiras e precisava fazer dinheiro rápido com custos baixíssimos de produção, algo que gastasse no máximo 150 mil dólares, imagine. O produtor Val Lewton foi o escalado para cuidar do departamento de filmes de terror da RKO, e o primeiro deles, foi Sangue de Pantera. E o filme virou um sucesso de público e crítica, começando o movimento de tirar o estúdio do buraco e financiar outras produções de terror. Na história, Irena Dubrovna é uma imigrante sérvia que trabalha com design de moda e se envolve com o engenheiro naval americano Oliver Reed. Conquistado pela beleza peculiar e pelo jeito introspectivo da garota (que confidencia a ele que não tem amigos americanos, ao convidá-lo para uma xícara de chá em seu apartamento) logo eles se apaixonam e consumam o matrimônio. Porém, Irena acredita descender de uma linhagem mítica de mulheres panteras, que se transformam na criatura ao se relacionarem sexualmente ou sentirem-se ameaçadas. Segundo a lenda, as mulheres panteras são descendentes de bruxas executadas pelo Rei João da Sérvia (o qual Irena tem uma estátua em sua sala) durante a Idade Média, e suspeita-se que seu pai foi assassinado por sua mãe, logo após o ato sexual. Tenso! O casamento dos dois vai bem mal das pernas, já que há muita frustração sexual entre o casal, e se complica ainda mais quando dois elementos entram na história: Alice, companheira de trabalho de Reed, que o vê cada vez mais infeliz na relação e o ama secretamente e o Dr. Louis Judd, psiquiatra que Reed contrata para tratar de Irena, mas que também acaba envolvido pela sedução intrigante da estrangeira. Dado certo momento, a tensão crescente entre esse quarteto e o ciúme que Irena começa a sentir, vai saindo do seu controle e toda a sua repressão começa a despertar a “felina” dentro dela. Duas cenas são particularmente memoráveis: Nas duas, a rival Alice é perseguida e ameaçada por Irena, inclusive a clássica cena da piscina, porém tudo de uma forma subentendida, apenas através de vultos e rugidos do animal. E começa aí uma nova escola de filmes de terror, de não escancarar o monstro no plano principal e deixá-lo no imaginário do espectador, técnica essa emprestada dos filmes de suspense e noir. Tourner quase abandonou o barco antes de terminar as filmagens, devido a uma pressão da RKO para que uma pantera de verdade aparecesse em duas cenas no lugar da atriz. Mas no final, mantém-se o apelo do inconsciente e a aparição do animal em cena, mesmo com o baixo orçamento do filme e a falta de recursos animatrônicos na época, acaba não atrapalhando, graças à forma como as cenas são conduzidas pelo diretor. Quarenta anos depois, em 1982, Paul Schrader dirigiu uma nova versão misógina e sexualizada, estrelado por Nastassja Kinski e Malcom McDowell, que aqui no Brasil recebeu o nome de A Marca da Pantera, que assisti muito antes de ver o original, em algum Supercine ou Corujão da vida.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/12/20/48-sangue-de-pantera-1942/

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