Direção:
Sergei M. Eisenstein
Produção:
Sergei M. Eisenstein
Roteiro:
Sergei M. Eisenstein
Fotografia:
Andrei Moskvin, Eduaul Tisse
Música:
Sergei Prokofiev
Elenco:
Nikolai
Cherkasov, Lyudimila Tselikovskaya, Serafima Birman, Mikhail Nazvanov, Mikhail
Zharov, Amvrosi Buchma, Mikhail Kuznelsov, Pavel Kadochnikov, Andrei Abrikosov,
Aleksandr Mgebrov, Maksim Mikhajlov, Vsevolod Pudovkin
Eisenstein
é um daqueles nomes que surgem inevitavelmente quando se estuda teoria do
cinema e estética cinematográfica. Especialmente famoso pela dramática
sequencia da escadaria de Odessa em O encouraçado Potemkin (1925), o diretor
russo prova mais uma vez seu imenso talento com Ivan, o Terrível. Este épico
narra a vida dodespótico czar e foi concebido originalmente como uma trilogia,
cujas filmagens iniciaram no início da década de 40 a pedido de Stalin.
Eisenstein, no entanto, conseguiu concluir apenas as partes 1 e 2 por conta de
sua morte prematura. A primeira parte foi lançada em 1945, ao passo que a
segunda foi censurada pelo governo. Stalin viu em Ivan, o Terrível uma crítica
ao seu próprio despotismo e, consequentemente, proibiu o filme. A parte 2 foi
finalmente lançada em 1958, após a morte tanto de Einsenstein quanto de Stalin.
Ivan, o Terrível conta a história da ascensão e queda do mais famoso czar da
Rússia, Ivan IV, responsável pela unificação do país no fim da Idade Média. O primeiro
filme começa com a coroação de Ivan
(Nikolai Cherkasov) e seu plano para
derrotar os boiardos. Ela se concentra na instauração do poder de Ivan e mostra
sua aprovação pelos camponeses. A segunda parte narra as maquinações dos
boiardos na sua tentativa de assassinar Ivan e revela a progressiva crueldade
do czar, que cria sua própria polícia para manter o país sob controle. Ivan
descobre os planos contra ele e derrota seus inimigos, assinando-os. As
atuações são particularmente encenadas: Eisenstein faz uso extensivo de doses
extremos e parece mais preocupado com a reação dos personagens aos acontecimentos
do que com os acontecimentos em si. Na parte 2 há um curioso uso de cenas em
duas cores em um filme que é quase completamente preto-e-branco. Alexandre
Nevski (1938) e Ivan, o Terrível são os únicos filmes falados de Eisenstein. Se
os compararmos aos filmes mudos que ele dirigiu na década de 20, veremos não só
uma mudança de estilo, graças essencialmente à chegada do som, corno também uma
mudança nos próprios temas narrados. Aqui, Eisenstein renuncia à representação das
lutas do proletariado que está no âmago dos seus filmes anteriores, voltando-se
em vez disso para uma história épica, ligada a um passado "seguro" que
não envolve críticas abertas a acontecimentos políticos contemporâneos. Cfe
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 171)
Ivan, o Terrível
Autor : Antonio Gaio
Fonte : Rússia de todos os
Czares(http://www.universodamulher.com.br)
De 1462 a
1505, Ivan III põe fim à suserania tártara, funda o Estado Russo independente,
cuja autocracia imperial seguiu as concepções do primado romano ao anexar a
maior parte dos principados vizinhos. A ideia era transformar Moscou numa
terceira Roma, sucessora do poder do império romano e bizantino, este
recém-extinto pelos turcos otomanos. Seu neto Ivan, o Terrível, foi considerado
o maior tirano da história da Rússia, que reinou por 53 anos e acabou morrendo
louco. Sua infância explica. Aos 3 anos, seu pai morreu e aos 8, perdeu a mãe que,
sob a ação do veneno, ainda teve tempo de alertá-lo quanto ao futuro que lhe
esperava. Cresceu observando as famílias líderes de sua terra - boiardos -
lutarem por parcelas do poder ao assumirem a regência. Assassinando uns aos
outros. Em público, os regentes lhe reverenciavam, no particular tratavam-no
avaramente, tanto na alimentação como nas vestimentas, e pilhavam o tesouro
imperial, instalando medo na criança. Ivan que, aos 5 anos, participava de
cerimônias oficiais e presidia as reuniões do conselho de regência. Durante uma
dessas reuniões, aproveitou o desentendimento reinante para criticar a má
administração e o esbanjamento de recursos. Sem que ninguém esperasse, ordenou
a prisão do regente, que, ao tentar fugir, foi morto por futuros aliados do
futuro soberano. Pouco a pouco, Ivan foi assumindo o poder, demonstrando que
aprendeu a matar ao liquidar com todos os parentes que restaram das famílias
regentes, antes que fosse tarde demais. Coroado aos 16 anos, os sinos tocaram
em todo o país para celebrar o casamento com Anastasia Romanovna, que exerceu
um papel importante no período feliz do reinado. Vieram do estrangeiro
manuscritos raros e impressoras para publicar livros, traduziram-se obras
russas para mostrar ao mundo que a Rússia não era um país atrasado, a despeito
de o poder de ler e escrever abalar a segurança do monarca. Ivan IV, o
Terrível, foi o primeiro soberano russo a ostentar o título de czar (César), ao
expulsar os tártaros da rota comercial do Mar Cáspio, em 1555. Para comemorar a
vitória, construiu a Basílica de São Basílio na Praça Vermelha, notória pelos
bulbos de alturas e cores diferentes em torno da capela central. Ao ver
concluído aquele mimo tirado de um conto de fadas, ordenou que cegassem o
arquiteto responsável e ameaçou outros que tentassem reproduzir seja qual for o
rincão. O gosto de Ivan pela grandiosidade o tornou colecionador de tronos
- todos queriam agradá-lo -, e se estendeu aos prazeres da mesa. Não hesitava
em presidir banquetes que podiam durar de seis horas até um mês, onde centenas
de convivas eram recebidas e anunciadas na chegada. As iguarias eram servidas
em baixela de ouro ou prata incrustada de pedras preciosas, bebiam em copos de
chifre de rena e conchas de ovos de avestruz. Entre fatias de corça e peito de
faisão, os criados mudavam de libré (roupa) e o czar, de inúmeras coroas. Sua
meta era alcançar uma saída para o mar e a união da terra russa contra o
invasor estrangeiro. Os rios nasciam e percorriam a Rússia, mas a foz estava
nas mãos de nórdicos, polacos e livônios (Letônia e Estônia). Para negociar com
a Inglaterra havia que evitar o Báltico, contornar a Noruega e oferecer uma via
de comércio para o Oriente através do Mar Branco. Os boiardos e a Igreja
Ortodoxa teriam de cortar o excesso de suas gorduras e financiar soldados e
exércitos. Ao subtrair poderes da aristocracia hereditária e dos patriarcas,
enfeixando em si, atrai o olho maligno da coligação, colhe derrotas na semente
da guerra e a czarina Anastasia morre envenenada. Começa o período nefasto do
reinado de Ivan, o Terrível. Seu espírito vagueia, mergulha na paranóia, afunda
na dispersão e, em 1564, abdica repentinamente. Os pequenos proprietários
rurais o apóiam no confronto com os boiardos, arregimentam o povo, que exige
seu retorno. Ivan pôde assim ditar os termos de sua reintegração e obter o
poder quase absoluto. A renúncia como estratégia, um exemplo para os ditadores.
Envereda pelo caminho da repressão mais cruel, tortura, arrasa e mata, quem for
considerado suspeito de conspirar contra ele, próximo ou distante, será
executado. Em 1570, explodiram distúrbios em Novgorod, Ivan massacra o povo,
acusado de rebelião, e retira o poder remanescente das mãos dos boiardos. Deita
abaixo cidades inteiras e não alivia nem parentes seus, assassinando por
extensão suas famílias. Para se proteger de traições, criou sua guarda pessoal,
a Opritchina, a primeira de uma série de célebres e mal afamadas polícias
secretas da Rússia. Vestidos de negro e em cavalos da mesma cor, os
opritchiniks saíam à procura de suspeitos que ousavam desafiar seu reinado ou
que de alguma forma mostrassem desrespeito. Quando não se virava contra
poderosas figuras da sociedade e as humilhava para evitar seu retorno à
dignidade de seus cargos. Eram tempos de inquisição, em que se promovia caça às
bruxas, se incentivava o genocídio dos índios nas Américas, a pretexto de que
eram canibais selvagens, segundo os jesuítas, até se discutir sua inserção no
nosso meio, se estariam à altura da nossa civilização. Na conquista da Sibéria
pelas tropas cossacas o império se expande. No sentido inverso, avançou sobre o
mesmo território, de proporções continentais, anteriormente ocupado pelos
mongóis, demonstrando que aprenderam a lição no erro dos tártaros,
assentando-se nas estepes da Rússia Branca. Se a América era um continente por
ocupar, a despertar cobiças e provocar a semeadura do imperialismo, por que não
a Sibéria? Um prêmio justo, na verdade, os russos contiveram a investida dos
mongóis por sobre a Europa, fato esse não reconhecido nos compêndios oficiais
da História. No fim de seu devastador império, Ivan, o Terrível, inaugurou o
exílio na Sibéria como fórmula de isolar os oponentes da ideologia predominante
e mantê-los em cárcere coletivo nos campos de concentração sob o regime de trabalhos
forçados, em nome de uma causa justa. Apesar do frio poder ser seu coveiro, o
exílio era melhor que o castigo através de torturas sádicas e execuções, objeto
de sua ira tresloucada contra seus inimigos em Moscou, quando não assistia
pessoalmente. Chegou a espancar e matar seu filho primogênito que dizia amar.
Foi neste momento que ele perdeu a razão. Conhecer a data de sua própria morte
tornou-se uma obsessão. Convocou 60 feiticeiros da Lapônia, que lhe precisaram
o dia em 18 de março de 1584. Na véspera, não suportou e morreu de um ataque
cardíaco. Seu filho Fedor, débil e incompetente, herdou o trono, porém, de
fato, o poder estava nas mãos de seu cunhado, Boris Godunov, que não titubeou
em assassinar o pequeno Dimitri, irmão e herdeiro de Fedor. Com a morte de
Fedor, Godunov se autoproclama czar, inspirando Mussorgsky na célebre ópera que
leva seu nome. Eis que surgem dois pretendentes ao trono jurando serem Dimitri,
a criança assassinada que teria milagrosamente escapado dos seus algozes. Os
impostores foram amparados pela Polônia que os usou como trunfo na disputa de
fronteiras com a Rússia, ao invadi-la em 1610. Diante desta ameaça, a
assembléia dos senhores feudais procurou um czar capaz de agregar todas as
facções em nome da soberania do país e entregou a coroa a Michael Romanov, um
príncipe muito respeitado, aparentado de Anastasia. Arcaram 70 anos para
expulsarem os poloneses de seus domínios, arrancando a Ucrânia Oriental das
mãos da Polônia e consolidando as fronteiras do país até o Pacífico, fundava-se
uma dinastia que iria encerrar o ciclo dos czares três séculos depois, na
Revolução Comunista de 1917. Sua marca registrada, a servidão - dependência da
plebe para a aristocracia. Onde pisou, a grama não cresceu mais. 53 anos de
Ivan, o Terrível, geraram 100 anos de convulsões originadas em disputas
dinásticas, sublevações e invasões estrangeiras, que redundaram no incêndio de
Moscou assinado pelos poloneses. Desforra somente concedida na 2ª Guerra
Mundial, no cumprimento do pacto Ribbentrop-Molotov, em que dividiu irmãmente
os despojos da Polônia com a Alemanha - ninguém melhor que o russo para saber
que vingança é um prato que se serve frio.
Fonte: http://www.conhecerarussia.bnx.com.br/czares-da-russia/ivan-o-terrivel
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