sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

170 1944 HENRIQUE V (HENRY V, INGLATERRA)


Direção: Laurence Olivier
Produção: Dallas Bower, Filippo Del Giudice, Laurence Olivier
Roteiro: Dallas Bower, Alan Dent, baseado na peça de William Shakespeare
Fotografia: Jack Hildyard, Robert Krasker
Musica: William Walton
Elenco:vFelix Aylmer, Leslie Banks,Robert Helpmann, Vernon Greeves, Gerald Case, Griffith Jones, Morland Grahan. Nicholas Hannen, Michael Warre, Laurence Olivier, Ralph Truman, Ernest Thesiger, Roy Emerton, Robert Newton, Freda Jackson

Oscar: Laurence Olivier (prêmio honorário)

Indicação ao Oscar: Laurence Olivier (Melhor filme), Laurence Olivier (ator), Paul Sheriff, Carmen Dillon (direção de arte), William Walton (música)

Henrique V foi considerado pelo governo Inglês uma propaganda patriótica ideal durante a guerra. Laurence Olivier, que servia na Aviação Naval britânica, foi dispensado para atuar nele e - depois que William Wyler recusou o projeto - dirigi-lo. Buscando preservar tanto o engenho teatral inato de Shakespeare quanto as alturas protocinematográficas alcançadas pela sua Imaginação, Olivier acerta ao enquadrar o filme dentro de uma apresentação da peça no próprio Globe Theatre. Na abertura de Henrique V, a câmera paira por sobre uma maquete extraordinariamente detalhada de Londres, alcançando a agitação e libertinagem da plateia reunida no Globe e adentrando um espetáculo extravagante - expandindo-se em seguida para o espaço cinematográfico à medida que a ação se transfere para a França. O filme inteiro joga com diferentes níveis de estilização, desde as cenas na corte francesa - que pegam emprestadas das pinturas em miniatura medievais suas cores delicadas e perspectiva naíf - até o realismo das cenas de batalha, inspiradas no dinamismo exuberante de Alexandre Nevsky (1938), de Sergel Eisenstein. O ritmo do texto de Shakespeare, discretamente adaptado para se encaixar no contexto da guerra – os três traidores ingleses foram cortados, por exemplo - , é sustentado pelo vigor da atuação de Olivier e pela trilha arrebatadora de William Walton. Henrique V é o primeiro filme que consegue ser ao mesmo tempo genuinamente shakespeariano e plenamente cinematográfico. PK
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 170)

Hoje na História: 1413 – Henrique V torna-se rei da Inglaterra
Max Altman | São Paulo - 21/03/2014 - 08h00

Filho primogênito do rei que derrubou Ricardo II, seu principal objetivo era anexar à Inglaterra territórios franceses

Em 21 de março de 1413, Henrique V torna-se rei da Inglaterra. Nascido no Castelo de Monmouth em 16 de setembro de 1387 era o primogênito de Henrique IV, que, ao subir ao trono, após derrubar Ricardo II em 1399, se converte em Príncipe de Gales e herdeiro do trono inglês.
Henrique V foi nomeado cavaleiro em duas oportunidades. A primeira aos 12 anos em meio a um campo de batalha irlandês em 1399, pela espada de Ricardo II. O rei levava o jovem Henrique ao combate na qualidade de refém para garantir o bom comportamento de seu pai Henrique de Lacaster, opositor político da coroa inglesa. A segunda ocasião foi com seu pai um dia antes da coroação — Henrique IV já havia mandado assassinar Ricardo II para usurpar o trono inglês.
Em 1440, Henrique IV mandou seu filho reprimir uma grande rebelião de um chefe galês que reivindicava para si o principado. Em menos de dois anos, o jovem conseguiu sufocar a rebelião. Dessa experiência com os guerreiros galeses, ele aprenderia as táticas guerrilheiras que aplicaria mais tarde na França.
Com a morte de seu pai, Henrique IV, em 1413, sobe ao trono como Henrique V e desde o começo seu principal objetivo era exigir para a Inglaterra territórios franceses que considerava como seus: Aquitânia, Gasconha e Normandia.
Os ingleses haviam perdido a Aquitânia sob o reinado de João sem Terra (1199-1216), irmão de Ricardo Coração-de-Leão e em seguida perderam os outros ducados sob o reinado de Eduardo III, em plena Guerra dos Cem Anos. Henrique V decide retomar ditos Estados e o conseguiria com uma sorte inimaginável: os ataques de loucura de que padecia o rei Carlos VI da França e a guerra civil entre os duques de Borgonha (João sem Medo) e o de Orleans, que converteram esse momento no ideal para Henri atacar.
Henrique V construiu uma grande frota, modernizou o sistema de recrutamento e agregou novas armas e peças de artilharia ao seu Exército. Cruzou o Canal da Mancha e, em setembro de 1415, sitiou a estratégica cidade de Harfleur, localizada no estuário do rio Sena. No entanto, a ação causou tantas baixas que Henrique V decidiu retirar-se para Calais e regressar à Inglaterra. No caminho, ele e suas tropas foram alcançados pelos franceses em Agincourt, onde conseguiu uma estrondosa vitória apesar de superados numericamente. Esta foi a vitória final de Henrique V. Em Agincourt capturou importantes nobres franceses, entre eles o mesmíssimo duque de Orleans, primo do rei, que só seria libertado em 1440. Outrossim, recuperou três quartas partes dos territórios que em sua teoria lhe correspondiam.
Hábil estadista que era, Henrique V decide unir-se à dinastia real dos Valois por matrimônio, pedindo a mão da jovem princesa Catalina de Valois, a mais jovem das seis filhas do rei Charles VI e da rainha Elisabeth da Bavária. Enquanto cuidava de seu casamento, pressionou o soberano francês a reconhecer sua vitória militar e nomeá-lo legítimo herdeiro do trono da França.
Foi bem-sucedido a ponto de Charles VI firmar o Tratado de Troyes de 1420 em que reconhecia Henrique V como seu único herdeiro após o casamento com Catalina, celebrado na catedral de Troyes em 2 de junho daquele ano. No tratado se estipulou ademais que os descendentes de Henri e Catalina seriam os sucessores de Charles VI. Por outro lado, o tratado deserdava seu filho, o delfim Charles, ao qual sua própria mãe acusou de bastardo. A assinatura desse documento, que equivalia ao fenecimento da coroa francesa, produziu uma grande onda de patriotismo: muitos dos grandes nobres franceses, como os duques de Bretanha, Alençon, Berry e outros, rechaçaram o tratado e sustentaram a legitimidade dos direitos do delfim como herdeiro.
No final de 1420, Henrique decide regressar à Inglaterra, levando com ele a esposa Catalina. Desse matrimônio nasceria um único filho, Henrique VI, que viria a ser assassinado na Torre de Londres em 1471, sucessor de seu pai nos tronos da Inglaterra e França.
Como a situação na França era convulsa e insegura, Henrique V decide retornar ao país gaulês em princípios de 1422. Não voltaria a ver sua esposa e filho nunca mais. Enfermo de disenteria, resolve consolidar as conquistas derivadas de suas vitórias militares. Tão débil que só se locomovia em liteira, morre no Castelo de Vincennes em 31 de agosto de 1422, 16 dias antes de cumprir 35 anos. Seu corpo foi trasladado para a Inglaterra e está enterrado na Abadia de Westminster.

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