Direção:
Orson Welles, Fred Fleck
Produção:
Jack Moss, George Shaefer, Orson Welles
Roteiro: Orson Welles, baseado no livro de Booth
Tarkington
Fotografia: Stanley Cortez
Música:
Bernard Herrmann, Roy Wehl
Elenco:
Orson
Welles ………….. Narrador (voz)
Joseph
Cotten …………. Eugene Morgan
Agnes
Moorehead ……..Fanny Minafer
Ray
Collins …………… .Jack Minafer
Anne
Baxter …………… Lucy Morgan
Tim Holt
……………… ..George Minafer
Ainda: Erskein Sanford, Richard Bennett
Indicação ao Oscar: Orson Welles (melhor filme),
Agnes Moorehead (atriz coadjuvante), Stanley Cortez (fotografia), Albert S.
D'Agostino, A. Roland Fields, Darrell Sllvera (direção de arte)
O contrato sem precedentes de dois filmes que Orson
Welles assinou com a RKO Pictures em 1940 lhe permitia liberdade criativa
total, porém dentro de orçamentos limitados Soberba é o multas vezes ignorado
segundo filme desse contrato. Ele foi iniciado após término de Cidadão Kane
(1941), mas antes de a ira de William Randolph Hearst "arruinar” a
carreira de Welles como cineasta hollywoodiano. O desejo de Welles de levar romance
The Ambersons, de Booth Tarkington (ele também escreveu Alice Adam; Monsieur
Beaucaire e os contos de Penrod- todos adaptados para o cinema), para as tela era
obviamente um projeto mais pessoal do que Kane. Ele já havia realizado uma adaptação
do livro com o Mercury Theatre, que foi apresentada pelo rádio. Baseado no
mundo da alta burguesia da virada do século que Welles recordava da própria
infância. Soberba conta a história de George Amberson Minafer (Tim Holt), o
talentoso, porém detestável, rebento de uma família aristocrata que recebe o
castigo que todos desejam para ele. Além dos demais paralelos, o prenome
omitido de Welles era George. Como isso deve ter parecido não só autobiográfico
como, à medida que o filme era feito, terrivelmente profético, deve-se dar o
crédito a Welles por seu ego ter permitido que Holt, um caubói juvenil em um
raro papel sério (que só repetiria em O tesouro de Sierra Madre, de 1948),
fosse escalado como protagonista. Os primeiros 70 minutos revelam o gênio
criativo, chegando a superat Kane. O filme começa com uma charmosa, porém
mordaz, palestra sobre costumes masculinos narrada por Welles e demonstrada por
Joseph Cotten, e então recria o mundo confuso tacanho, vívido e estranho dos
Ambersons, que é destruído aos poucos pelo século XX - simbolizado, com
perspicácia, pelo automóvel - e por suas próprias fraquezas ocultas. Trabalhando
com o fotógrafo Stanley Cortez em vez de Gregg Toland, Welles engendra um filme
que é tão visualmente impactante quanto Kane, mas que também transmite uma
nostalgia mais terna e melancólica de passeios de trenó e cartões de visita mesmo
mostrando como as injustiças de uma sociedade de classes condenam pessoa decentes
a uma vida de miséria. O empresário Eugene (Cotten) perde seu amor, a bem-nascida
Isabel (Costello), para um palerma de uma família de renome, porém é incapaz de
se dissociar da magnificência dos Ambersons, mesmo à medida que o tempo os
reduz a frangalhos. Enquanto Cidadão Kane é composto por uma série de cenas
memoráveis. Soberba é um todo impecável: exemplo disso é a sequência de baile
em que a câmera rodopia por entre os dançarinos, coletando pedaços da trama e
de diálogos, seguindo um elenco numeroso e submetendo-se à música e à história. É uma tragédia que a versão original de
Welles tenha sido tirada de suas mãos - confessadamente, enquanto ele estava no
Brasil se divertindo e não retornando ligações - e editada. Nos últimos 10
minutos, o elenco se torna inexpressivo enquanto se afasta por um final feliz
enxertado por alguma outra pessoa (provavelmente pelo montador Robert Wise). É
como um bigode pintado no rosto da Mona Lisa, embora a refilmagem de 2002 de Alfonso
Arau, que se atém ao fim original de Welles, não tenha sido multo bem recebida: a mágica era obviamente impossível de ser repetida. KN
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 155)
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