Direção: Edward Dmytryk
Produção: Sid Rogell, Adrian Scott
Roteiro:
John Paxton, baseado no romance Adeus, minha adorada, de Raymond Chandler
Fotografia: Harry J. Wild
Música: Roy Webb
Elenco: Dick Powell, Claire Trevor, Anne Shirley, Otto Krueger, Mike
Mazurki. Miles Mander, Douglas Walton. Donald Douglas, Ralf Harolde, Esther
Howard
A
primeira adaptação para o cinema de Adeus, minha adorada, de Raymond Chandler, foi
The Falcon Takes Over, de 1942, no qual Philip Marlowe, o detetive particular
de Chandler, foi substituído pelo Investigador gentleman de George Sanders.
Quando a reputação de Chandler aumentou, a RKO descobriu que já detinha os
direitos cinematográficos para esta adaptação mais fiel, na qual o ex-crooner Dick
Powell surpreendeu com seu jeito durão e irônico e romantismo ferido como a
primeira encarnação adequada em celuloide de Marlowe. O filme ganhou outro nome
porque se imaginou que as plateias o tomariam por um romance de guerra
sentimentaloide, embora o título do romance fosse mantido na Inglaterra, onde
Chandler era o mais respeitado. O livro é um dos vários romances protagonizados
por Marlowe que Chandler elaborou a partir de diversas novelas anteriores, mais
cruas, o que explica por que a trama possui tantos fios que acabam se
interligando através de coincidências estranhas e improváveis. Até a vista,
querida começa com Marlowe vendado e sendo interrogado pelos policiais - o que
restringe boa parte dos comentários em primeira pessoa de Chandler - à medida
que flashbacks conduzem o protagonista através de um mistério que começa com o
ex-detento "Moose" Malloy (Mike Mazurki) contratando o detetive para
localizar sua ex-namorada que o delatou, mas pela qual ele ainda é apaixonado.
A história dá uma reviravolta quando ele é também contratado por Helen Grayle
(Claire Trevor), uma furtiva vampe da alta sociedade, para resgatar uma certa
pedra de jade roubada e se livrar de um "consultor psíquico"
chantagista (Otto Krueger). Nenhum outro filme sintetiza com tanta perfeição as
delícias do gênero noir, com o diretor Edward Dmytryk desfilando sombras,
chuva, alucinações induzidas por drogas ("Um lago negro surgiu") e
explosões repentinas de violência dentro de um emaranhado de armadilhas na
trama, bandidos que são mestres na vigarice, femmes fatales que não valem nada, capangas com cérebro de gorila,
policiais exaustos e médicos charlatões. O Marlowe de Powell - acendendo um
fósforo no traseiro de mármore de um Cupido e jogando amarelinha no piso da mansão
de um milionário - chega mais perto do tom de insolência juvenil de Chandler do
que as leituras mais bem conhecidas do papel de Humphrey Bogart ou Robert
Mltchum. Como sempre no caso de Chandler, a vilã acaba se mostrando a mulher
mais forte da trama - quando a leviana Velma de Moose e a Insinuante assassina
Helen se revelam a mesma pessoa. KN
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