sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

161 1943 A MORTA-VIVA (I WALKED WITH A ZOMBIE, EUA)


Direção: Jacques Tourneur
Produção: Vai Lewton
Roteiro: Inez Wallace, Curt Siodmak
Fotografia: J. Roy Hunt
Música: Roy Webb
Elenco:
James Ellison ………..Wesley Rand
Frances Dee …………Betsy Connell
Tom Conway …………Paul Holland
Edith Barrett ………….Mrs. Rand
James Bell ……………Dr. Maxwell
Christine Gordon …… Jessica Holland
Ainda: Theresa Harris, Sir Lancelot, Darby Jones, Jeni Le Gon

A morta-viva, segundo filme de terror da dupla Val Lewton / Jacques Tourneur, transfere a história do livro Jane Eyre para as índias Ocidentais, onde uma jovem enfermeira (Frances Dee) descobre que a esposa aparentemente catatônica (Christine Cordon) de seu patrão foi transformada através do vodu em um zumbi. Envolvido por uma canção que permeia a trama de fundo ("Shame and Sorrow in the Family"), este é um filme extraordinariamente sinistro. A heroína Betsy Connell (Dee) sucumbe a uma atmosfera sobrenatural evocada primorosamente, embora se esforce para compreender a cultura dos nativos, que outros filmes desdenhariam como supersticiosa. Aqui, no entanto, eles acabam se mostrando mais em sintonia com o que está acontecendo do que os supostamente civilizados personagens brancos. Como em muitos dos filmes de Lewton, a sequência mais memorável é uma caminhada noturna, em que Dee conduz a morta-viva loira através das plantações de cana, topando com uma inesquecível criatura esbugalhada da Ilha (Darby Jones). A morta-viva faz uso do folclore caribenho e de estranhas imagens religiosas (um busto de São Sebastião) para apimentar um imbróglio romântico, que termina com todas as partes infelizes e com o vilão sendo atraído para as ondas no encalço de sua amada zumbi. Mais distante de Bela Lugosi em O cadáver desaparecido, impossível. KN
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 161)

#054 1943 A MORTA VIVA (I Walked With a Zombie, EUA)
Direção: Jacques Tourner
Roteiro: Curt Siodmak, Ardel Wray
Produção: Val Lewton
Elenco: Frances Dee, Tom Conway, James Ellison, Darby Jones

Estava lendo o sensacional “Zumbi – O Livro dos Mortos” que rasgava elogios a produção, o que me obrigou a assisti-lo novamente, para ter uma segunda opinião. Fato é que A Morta-Viva é mais um filme de terror poético da safra produzida por Val Lewton para a RKO Radio Pictures (assim como Sangue de Pantera e O Homem Leopardo, ambos também dirigidos por Jacques Tourneur). O produtor já com carta branca após ter emplacado dois sucessos, mais uma vez chamou Tourner e os roteiristas Curtis Siodmak (o mesmo de O Lobisomem e outros filmes de monstro da Universal) e Ardel Wray (que assina o roteiro de O Homem Leopardo, lançado na sequência) para a realização de um filme de zumbis. Tourner volta às raízes haitianas do zumbi e em um filme lírico e perturbador, eleva o “monstro” a um status de seriedade nunca antes visto, explorando todo o potencial simbólico e religioso do morto-vivo nas telas. O enredo originalmente foi inspirado por um artigo escrito por Inez Wallace no jornal American Weekly com o título “I Walked With a Zombie” (nome original do filme), que na verdade era um pastiche que copiava descaradamente as experiências relatadas por William B. Seabrook em A Ilha da Magia. Após inúmeras mexidas no roteiro, todo o conceito foi praticamente descartado, mantendo apenas o mercadológico título, e acabou se transformando numa versão vodu de Jane Eyre de Charlotte Brontë, mesmo que não creditado. A Morta-Viva começa com um plano aberto e Betsy Connell, enfermeira contratada por Paul Holland (fazendeiro dono de uma mina de açúcar nas Índias Ocidentais), para cuidar de sua catatônica esposa, em uma praia andando ao lado de uma figura não identificada, e narrando em off: “Eu caminhei com um zumbi…”. Na ilha, Betsy começa a entender a rotina disfuncional que envolve a família Holland, desde o amargo e desiludido Paul, passando por seu meio-irmão alcoólatra Wesley Rand e a dominadora matriarca  Sra. Rand, e a ter pistas do motivo da catatonia de Jessica, esposa de Paul. Enquanto o médico da família aposta na teoria de uma rara febre tropical, os nativos insistem na ideia de vodu e que ela foi transformada em um zumbi. Não demora muito para que as peças comecem a se ligar, e Betsy descobre que Jessica e Wesley estavam tendo um caso, sendo que a mesma adoeceu pouco antes de um plano secreto de ambos fugirem juntos. Nesse ínterim, Betsy se apaixona por Paul e mesmo com todo amor aflorado, resolve fazer de tudo para tentar reanimar Jessica, até mesmo através de medidas extremas, como levá-la a uma igreja vodu no meio do canavial, onde se depara com a assustadora figura de Carrefour, o zumbi local de olhos arregalados e expressão sinistra, além de outras revelações envolvendo os próprios Holland/Rand. O filme todo é permeado em um questionamento interminável, de que se realmente o que acontece possui alguma causa ou explicação científica ou mesmo se os acontecimentos cruciais do final do filme são frutos de feitiçaria. Ninguém consegue estabelecer um padrão patológico, mental ou espiritual para a condição de Jessica, e o filme termina mesmo sem deixar essa reposta. Assim como a cena inicial que não tem uma continuidade, e tampouco fica claro quando, como e porquê, Betsy caminhou com o zumbi, já que fica apenas subentendido e a cena não se repete até o fim da película. Um filme artístico de zumbi é apenas um resumo dessa obra complexa e misteriosa, que nunca mais seria repetido, principalmente após o morto-vivo virar sinônimo de gore no cinema de terror atual.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/01/09/5-a-morta-viva-1943/



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