terça-feira, 9 de dezembro de 2014

157 1943 MESHES OF THE AFTERNOON (EUA)


Direção: Maya Deren, Alexander Hammid
Roteiro: Maya Deren
Fotografia: Alexander Hammid
Música: Teiji Ito (acrescentada em 1952)
Elenco:
Maya Deren ………… A mulher
Alexander Hammid … O homem

Uma imagem famosa do clássico de vanguarda Meshes of the Aftemoon (Malhas da tarde) mostra Maya Deren, diretora e estrela do filme, em uma janela, com folhas de refletidas liricamente no vidro: ela olha para fora, pensativa, as mãos na vidraça. Essa imagem foi metamorfoseada diversas vezes - em Anna Karina em uma janela de motel futurista (Alphavlle [1965]); em Annette Bening em uma cela acolchoada (A premonição [1998]); em Caroline Ducey em seu apartamento branco e reluzente (Romance [1999]). Seja qual for sua mutação, a imagem continua sendo uma representação vívida, onírica e aterrorizante do confinamento feminino. Meshes faz parte daquela vertente da vanguarda americana que compreende um tipo especial de história, a jornada surrealista de uma figura através de uma paisagem em constante mutação. Deren, trabalhando a partir de suas próprias fantasias e filmando na sua própria casa, deu um salto intuitivo que conferiu ao filme sua repercussão duradoura. Sua visão de Los Angeles liga esse Impulso mitopoético a uma atmosfera que é protonoir em seu uso da arquitetura e design de interiores, isso sem mencionar o clima de medo e ameaça. Este foi um dos primeiros filmes a fazer a relação Indelével entre a experiência gótica de uma mulher que se despedaça - estilhaçando-se em múltiplas personalidades, atormentada por visões, resvalando por entre realidades alternativas - e os espaços ensolarados do seu lar, no qual cada pequena faceta, desde a escadaria da sala de estar até a faca de pão na mesa da cozinha, é realçada. Para Deren, é o cotidiano doméstico que tece as malhas que aprisionam e traumatizam as mulheres. Dentre as muitas artes com as quais Deren se envolveu, a dança tem um lugar de destaque. Em Meshes, sua extraordinária linguagem corporal se une à coreografia dos rituais comuns, outra combinação que influenciou por décadas o cinema "feminino".Deren usava seus movimentos como meio de impulsionar a montagem, sugerindo formas rítmicas e criando objetos pictóricos: neste fluxo de projeções oníricas, ela é a única âncora existente. Ainda assim, apesar de todo o seu movimento, o último plano de Meshes revela que essa heroína moderna provavelmente nem saiu da sua cadeira na sala de estar. No entanto, o que ela Imaginou consegue destruí-la. Esta é uma história sobre um desejo de morte, sobre um sonho que mata. A M
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 157)

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