Direção: Maya
Deren, Alexander Hammid
Roteiro: Maya
Deren
Fotografia:
Alexander Hammid
Música: Teiji
Ito (acrescentada em 1952)
Elenco:
Maya
Deren ………… A mulher
Alexander
Hammid … O homem
Uma imagem
famosa do clássico de vanguarda Meshes of the Aftemoon (Malhas da tarde) mostra
Maya Deren, diretora e estrela do filme, em uma janela, com folhas de refletidas
liricamente no vidro: ela olha para fora, pensativa, as mãos na vidraça. Essa imagem
foi metamorfoseada diversas vezes - em Anna Karina em uma janela de motel futurista
(Alphavlle [1965]); em Annette Bening em uma cela acolchoada (A premonição
[1998]); em Caroline Ducey em seu apartamento branco e reluzente (Romance [1999]).
Seja qual for sua mutação, a imagem continua sendo uma representação vívida,
onírica e aterrorizante do confinamento feminino. Meshes faz parte daquela
vertente da vanguarda americana que compreende um tipo especial de história, a
jornada surrealista de uma figura através de uma paisagem em constante mutação.
Deren, trabalhando a partir de suas próprias fantasias e filmando na sua
própria casa, deu um salto intuitivo que conferiu ao filme sua repercussão duradoura.
Sua visão de Los Angeles liga esse Impulso mitopoético a uma atmosfera que é
protonoir em seu uso da arquitetura e design de interiores, isso sem mencionar
o clima de medo e ameaça. Este foi um dos primeiros filmes a fazer a relação Indelével
entre a experiência gótica de uma mulher que se despedaça - estilhaçando-se em
múltiplas personalidades, atormentada por visões, resvalando por entre
realidades alternativas - e os espaços ensolarados do seu lar, no qual cada
pequena faceta, desde a escadaria da sala de estar até a faca de pão na mesa da
cozinha, é realçada. Para Deren, é o cotidiano doméstico que tece as malhas que
aprisionam e traumatizam as mulheres. Dentre as muitas artes com as quais Deren
se envolveu, a dança tem um lugar de destaque. Em Meshes, sua extraordinária
linguagem corporal se une à coreografia dos rituais comuns, outra combinação
que influenciou por décadas o cinema "feminino".Deren usava seus
movimentos como meio de impulsionar a montagem, sugerindo formas rítmicas e
criando objetos pictóricos: neste fluxo de projeções oníricas, ela é a única
âncora existente. Ainda assim, apesar de todo o seu movimento, o último plano
de Meshes revela que essa heroína moderna provavelmente nem saiu da sua cadeira
na sala de estar. No entanto, o que ela Imaginou consegue destruí-la. Esta é
uma história sobre um desejo de morte, sobre um sonho que mata. A M
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 157)
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