Direção:
Erich von Stroheim
Produção:
Louis B. Mayer
Roteiro:
Joseph Farnham, June Mathis, baseado no livro McTeague, de Frank Norris
Fotografia: William H. Daniels, Ben F. Reynolds
Elenco:
Zasu
Pitts ………….. Trina
Gibson
Gowland …. McTeague
Jean
Hersholt …….. Marcus
Dale Fuller ………... Maria
Tempe Pigott ……… Mother McTeague
Sylvia Ashton ………Mommer’ Siepp
Ainda: Chester Conklin, Frank Hayes, Joan Standing
Primeiro
filme a se passar inteiramente em locação, Ouro e maldição é célebre tanto pela
história por trás da sua produção quanto por seu considerável vigor artístico.
O diretor Erich von Stroheim quis tornar o mais realista possível sua adaptação
do romance McTeague, de Frank Norris, sobre a ascensão e violentamente homicida
queda do dentista proletário de São Francisco John "Mac" McTeague.
Porém sua obra, originalmente encomendada pela complacente Goldwyn Company, foi
destruída quando o estúdio se tornou a Metro-Goldwyn-Meyer (MGM), tendo Irving
Thalberg, adversário de Von Stroheim, como novo diretor-geral. A MGM queria um
filme comercial e von Stroheim queria criar um experimento em realismo
cinematográfico digno do movimento Dogma da década de 90. Durante os dois anos
de filmagem, ele alugou um flat na Laguna Street, em São Francisco, que se tornou
o cenário do consultório dentário de Mac (Gibson Gowland). Muitas das cenas foram
filmadas apenas com luz natural. Von Stroheim também insistiu que seus atores morassem
no flat para ajudá-los a incorporar os personagens. Um dos fascínios de se assistir
a Ouro e maldição é ver todas as localidades históricas de São Francisco como elas
eram no começo da década de 1920. Quando chegou a hora de filmar o clímax do filme
no Vale da Morte, Von Stroheim mandou toda a equipe para a locação no deserto,
a uma temperatura de 48°C, onde as câmeras ficaram tão superaquecidas que tiveram
que ser enroladas em toalhas geladas. A versão final do diretor tinha quase
nove horas de duração. Era uma exaustiva recriação do romance de Norris que,
por sua vez, retomava um crime que ocorreu no começo da década de 1880. Depois
que um médico charlatão ajuda Mac a sair da cidade mineradora de sua infância
no norte da Califórnia, ele se torna dentista em São Francisco. Lá conhece
Trina (Zasu Pitts), por quem se apaixona durante uma assustadora e memorável
cena de tratamento dentário. Seu melhor amigo e rival do amor de Trina é Marcus
(Jean Hersholt), que permite a Mac se casar com ela, porém muda de ideia depois
que a moça ganha na loteria. Acionando seus contatos no governo local, Marcus
consegue fechar o negócio de Mac, fazendo o antigo amigo cair numa espiral que
o leva a trabalhos massacrantes, à bebida e à violência contra a mulher. Trina
transforma o dinheiro que ganhou na loteria em uma fonte de satisfação,
guardando seus milhares de dólares em moedas de ouro enquanto ela e Mac passam
fome. Uma das cenas mais famosas de Ouro e maldição é a de Trina deitando-se na
cama com seu dinheiro, acariciando-o e rolando de um lado para o outro numa
sensual entrega. Logo em seguida, Mac a assassina, rouba o dinheiro e segue
para o Vale da Morte, local do seu amargo fim quando Marcus consegue
alcançá-lo. Poucas pessoas assistiram à versão original de nove horas de Ouro e
maldição. Depois que um amigo de Stroheim o ajudou a reduzir o filme para 18
rolos, ou aproximadamente quatro horas, ele foi tirado de suas mãos pelo
estúdio e entregue a um montador medíocre que o reduziu a 140 minutos. Esta
versão, que von Stroheim chamava de "uma mutilação do meu trabalho sincero
pelas mãos dos executivos da MGM". É, apesar disso, violenta, cativante e
genuinamente perturbadora. Em 1999, o restaurador Rick Schmidlin lançou uma
versão de quatro horas de Ouro e maldição, reconstruída a partir dos stills de
produção originais e do roteiro de filmagem de Von Stroheim. AN
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 022)
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