terça-feira, 9 de dezembro de 2014

156 1942 A CANÇÃO DA VITORIA (YANKEE DOODLE DANDY, EUA)


Direção: Michael Curtiz
Produção: William Cagney, Hal B. Willis, Jack L Warner
Roteiro: Robert Buckner, Edmund Joseph
Fotografia: James Wong Howe
Musica: George M. Cohan, Ray Hilndorf, Heinz Roemheld
Elenco:
James Cagney ………… George M. Cohan
Joan Leslie …………….. Mary Cohan
Walter Huston ………… Jerry Cohan
Richard Whorf ………… Sam Harris
Irene Manning ………… Fay Templeton
George Tobias ………… Dietz
Ainda: Rosemary Decamp. Jeanne Cagney, Frances Langord, George Barbier, S. Z. Sakall, Walter Catlett, Douglas Croft, Eddie Fey Jr. Minor Watson.

Oscar: James Cagney (ator), Ray Heindorf, Heinz Roemheld (música), Natan Levinson (som)

Indicação ao Oscar: Jack L. Warner, Hal B. Wallis, William Cagney (melhor ator). Michael Curtiz (diretor),
Robert Buckner (roteiro), Walter Houston (ator coadjuvante), George Anny (edição)

Seria extremamente fácil formular uma perspectiva pós-moderna, politicamente correta e sofisticada para classificar A canção da vitória como propaganda ultranacionalista. De fato, esta cinebiografia na forma de extravagância musical, que detalha a vida do patriota showman George M. Cohan - um americano de origem irlandesa e o primeiro artista a receber a Medalha de Honra do Congresso -, é repleta de números musicais sentimentais e simplistas, caracterizados invariavelmente pelo estilo de dança sem ginga, exaltado e Impetuoso que era a marca registrada de Cohan, e que defendem através de suas letras as mais rígidas instituições americanas, como, por exemplo, "Grand Old Flag", "Give My Regards to Broadway", "Over There" e a canção do título original. O filme é um flashback - contado por um modesto Cohan a Franklin Delano Roosevelt - que termina com uma propaganda descarada da intervenção dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial: "Eu não me preocuparia com este país se fosse o senhor. Vai ser moleza. Em que outro lugar do mundo um cara normal como eu pode chegar e bater um papo com o presidente?" Contudo, uma leitura tão cínica assim cometeria a terrível falha de Ignorar algo surpreendente, tocante e grandioso que atravessa A canção da vitória como um rio límpido: a magnífica sinceridade de James Cagney no papel principal. Isso fica claro no seu jeito de sorrir sem acanhamento para frisar suas ideias; no seu tom de voz tranquilo e civilizado; no extraordinário virtuosismo da sua dança - com seu estilo persuasivo e original -, que é de um atletismo incansável e ao mesmo tempo infantil, brincalhona e lindamente absurda; e em algo que é raro vermos hoje em dia, uma vez que um distanciamento alienado tomou conta das atuações de Hollywood: a total e apaixonada crença de Cagney em tudo o que faz. A direção de Michael Curtiz jamais o ofusca, a fotografia em preto-e-branco exuberante de James Wong Howe jamais deixa de mostrar cada nuance da sua postura e expressão com uma iluminação bem articulada. E, quando seu pai sapateador (Walter Houston) está morrendo, com Georgie ao lado do seu leito de morte, Cagney se rende a um sincero arroubo emocional que o leva às lágrimas. Na verdade, nos importamos tanto com aquele homem que esquecemos que estamos diante de uma interpretação. Cagney se torna Cohan. Mais do que nunca, ele se torna o espírito otimista na tela. MP
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 156)

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