Direção:
Luchino Visconti
Produção:
Libero Solaroli
Roteiro:
Luchino Visconti, Mario Alicata
Fotografia:
Domenico Scala, Aldo Tonti
Música:
Guiseppe Rosati
Elenco:
Massimo
Girotti ……… Gino Costa
Clara
Calamai …………Giovanna Bregana
Dhia
Cristiani ………… Anita
Elio
Marcuzzo …………O espanhol
Vittorio
Duse …………. O agente de polícia
Michele
Riccardini ……Don Remigio
Ainda: Juan
de Landa
Uma das
grandes especulações que se pode fazer sobre a história do cinema gira em torno
de Obsessão, de Luchino Visconti: e se este tivesse sido o filme a anunciar a chegada
de um novo e empolgante movimento cinematográfico vindo da Itália, em vez de Roma,
cidade aberta, de Rossellini, em 1945? Sem dúvida teria sido interessante, mas,
infelizmente, jamais saberemos o que teria acontecido, pois, uma vez que o
roteiro de Visconti foi claramente inspirado no livro O destino bate à porta,
de James M. Cain, o escritor e seus editores impediram que ele fosse exibido cm
telas americanas até 1976 - data de sua estreia, com imenso atraso, no Festival
de Cinema de Nova York. Cain acabara de morrer e provavelmente nunca viu o
filme; uma pena, pois teria descoberto a melhor adaptação de sua obra para o cinema.
Massimo Girotti é Gino Costa, um andarilho suarento de camiseta que arranja um emprego
em um restaurante de beira de estrada cujo dono é Bragana (Juan de Landa), um
corpulento fã de ópera. Bragana tem uma esposa, Giovanna (a radiante Clara Calamai,
a primeira escolha de Rossellini para o papel de Anna Magnani em Roma, cidade aberta),
e logo ela e Gino estão um nos braços do outro, fazendo planos para fugir. Atendo-se
à história de Cain, Visconti é imensamente ajudado pela pura química entre Calamai
e Girotti; todas as descrições de Cain de corpos ardentes e desejo animal são representadas
em Obsessão com uma intensidade quase assustadora. Consequentemente, todo o imperativo
econômico para o subsequente assassinato fica, de certa forma, em segundo
plano. Visconti também não evita as conotações obviamente homossexuais da relação
de Gino com "lo Spagnolo" (Elio Marcuzzo), um artista de rua espanhol
com o qual ele pega a estrada por um tempo, o que é um tanto extraordinário,
considerando-se que o filme foi realizado sob o regime fascista. Uma cena que
certamente teria encantado Cain - ele mesmo filho de um cantor de ópera - é a
competição local de cantores de ópera da qual Bragana participa. Uma figura grosseira
e de certa forma inigualável - multo distante do tolo convencido de Cecil Kellaway
na versão hollywoodiana de 1946 do romance, dirigida por Tay Garrett - , ele ganha
vida subitamente ao soltar a voz em uma ária, com um floreio final que leva a audiência
reunida a aplaudi-lo de pé. Obsessão poderia ter sido o grande exemplo da junção
do filme noir americano com o realismo italiano; em vez disso, continua sendo uma espécie de elo perdido entre os dois
movimentos. RP
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 165)
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