Direção: Ernst Lubitsch
Produção: Alexander Korda. Ernst
Lubitsch
Roteiro:
Melchior Lengyel, Edwin Justus Mayer
Fotografia: Rudolph Mate
Musica:
Werner R. Heymann, Miklós Rózsa
Elenco:
Carole
Lombard …Maria Tura
Jack
Benny ………Joseph Tura
Robert
Stack …….Lieut. Stanislav Sobinski
Felix
Bressart ……Greenberg
Lionel
Atwill ………Rawitch
Stanley
Ridges ……Professor Siletsky
Ainda: Sig
Ruman, Tom Dugan, Charles Halton, George Lynn , Henry Victor, Maude Eburne, Halliwell
Hobbes, Miles Mander.
Indicação ao Oscar: Werner R. Heymann, Miklós Rózsa
(música)
"O que ele fez com Shakespeare nós estamos
fazendo com a Polônia", brinca um coronel alemão referindo-se a um ator de
teatro exagerado na ultrajante comédia de humor negro de guerra de Ernst
Lubitsch. Em uma era em que nada é sagrado ou sério demais para ser satirizado,
é difícil imaginar a controvérsia que cercou originalmente a escrachada farsa
antinazista brilhantemente espirituosa e hilária de Lubitsch. Lubitsch era um
judeu alemão que se estabeleceu nos Estados Unidos na década de 20 e realizou
uma série de comédias arrasadoras e de estilo inimitável. Mesmo assim, o diretor
hesitou quando Melchior Lengyel - que concebeu Ninotchka (1939), também dirigido
por ele - surgiu com esta ideia sobre uma trupe de atores que se fingem de membros
da Gestapo para salvar membros da Resistência polonesa. No entanto, o diretor
acabou por acreditar - e esperar - que os americanos se preocupariam mais com a
Polônia se ele pudesse estimular a compaixão deles através do riso, aplicando o
famoso Toque de Lubitsch (com um roteiro sofisticado de Edwin Justus Mayer) aos
nazistas e seus adversários. O comediante Jack Benny, em seu momento mais
brilhante, interpreta Josef Tura, o vaidoso ator-diretor de uma companhia de
teatro eternamente em conflito com sua volúvel esposa Maria, a atriz principal
do grupo, interpretada pela deliciosa Carole Lombard (que aceitou o papel
contra a vontade de seu marido Clark Gable e foi tragicamente assassinada antes
do lançamento do filme). Depois dessa batalha na guerra dos sexos, os Turas têm
coisas mais importantes para se preocupar - como a invasão da Polônia - e se envolvem
em espionagem. O tom muda a partir de uma traição e volta a mudar quando a
trupe briguenta de Tura põe suas divergências de lado e bola uma audaciosa
farsa para resgatar Maria e seu admirador - o herói da Resistência interpretado
por Robert Stack - do quartel-general da Gestapo. Este já foi considerado por
muitos o filme mais engraçado de Lubitsch, justamente por ser o mais sério
deles - prova disso é Sou ou não sou, a refilmagem de Mel Brooks de 1983, que,
apesar de engraçado, não compartilha da mesma urgência de se realizarem proezas
desesperadas em uma época perigosa. Os momentos sarcásticos (como a imitação perversa
que Tom Dugan faz de Hitler) não ofuscam a essência da sátira, que é o olhar do
filme sobre o mal de que homens comuns são capazes quando sentem o gosto do
poder, ou sua mensagem de que mesmo atores egoístas podem fazer algo de bom
quando agem como seres humanos. AE
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 153)
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