Direção:
Marcel Pagnol
Produção:
Leon Bourrely, Charles Pons
Roteiro:
Marcel Pagnol, baseado no livro A mulher do padeiro, de Jean Giono
Fotografia: Georges Benoît
Musica: Vincent Scotto
Elenco:
Raimu, Ginette Leclerc, Robert Vattier, Robert Bassac,
Fernand Charpin, Edouard Delmont, Charles Blavette, Marcel Maupi, Maximilienne,
Alida Rouffe, Odette Roger, Charles Moulin, Yvette Fournier, Charblay, Julien
Maffre
Orson
Wells considerava Raimu um dos maiores atores de sua época e A mulher do padeiro
mostra que ele tinha razão. Dirigido por Marcel Pagnol e baseado em um romance de
Jean Giono, o filme conta a história de Almable Castanier, um padeiro de meia-idade
(Raimu) em um pequeno vilarejo na Provença. Quando sua jovem mulher Aurèlie
(Ginette Leclere) o abandona por um belo pastor, o atormentado padeiro desiste
de fazer pães e, sem eles, o vilarejo para. Um padre católico, um professor esquerdista,
um senhor de terras e todos os habitantes do vilarejo deixam de lado suas antigas
rixas e se juntam para trazer de volta a esposa desgarrada. A vida volta ao normal
e todos ficam felizes. A partir de um material tão simples, Pagnol criou uma
pérola cômica e uma obra prima humanista. Com seu habitual grupo de atores -
Raimu, Fernand Charpin, Robert Vattier e outros - , Pagnol dá vida a uma
galáxia de personagens que é ao mesmo tempo engraçada e comovente. Seu toque
leve e o talento dos atores transcendem os estéreotipos grosseiros (o
aristocrata mulherengo, o professor pedante, a velha rabugenta, o marido
chifrudo), criando um mundo em que o papel de cada personagem é definido com clareza.
A Provença de Giono e Pagnol é conservadora e patriarcal (a esposa não tem
multa voz), mas é um mundo no qual valores fundamentais compartilhados por todos
- aqui representados pelo pão, um símbolo tanto para o cristianismo quanto para
o paganismo - cimentam a coesão social. A atuação majestosa de Raimu alterna,
sem esforço aparente, teatralidade cômica e realismo minimalista, transformando
seu cômico marido traído em um herói trágico. Raimu, ele mesmo do Sul da
França, era um ator de teatro sublime, muito à vontade com os floreios de
linguagem e a impostação inflamada do vernáculo marselhês. Sua modernidade
cinematográfica, no entanto, está na habilidade de mudar, numa questão de segundos,
para um tom mais brando em determinados momentos, causando um impacto emocional
extraordinário, conforme ilustrado pela cena mais famosa do filme. Quando a
esposa arrependida retorna, Raimu a recebe de volta como se nada tivesse
acontecido, porém desabafa com a gata vira-lata, "Pomponnette",
usando as palavras mais intensas e comoventes. Nesse momento de alta comédia,
desafio qualquer pessoa a não chorar. O título pode ser A mulher do padeiro,
mas o filme é, sem dúvida, de Raimu. GV
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 117)
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