domingo, 29 de novembro de 2015
#718 2001 DAGON (Dagon, 2001, Espanha)
Direção: Stuart
Gordon
Roteiro: Dennis
Paoli (baseado no conto de H.P. Lovecraft)
Produção: Brian
Yuzna; Carlos Fernandéz, Julio Fernandéz (Produtores Executivos)
Elenco: Ezra
Godden, Francisco Rabal, Raquel Meroño, Macarena Gómez, Brendan Price, Birgit
Bofarull, Uxia Blanco, Ferran Lahoz
Baita
filmaço que é Dagon! Tenho
que confessar que só havia assistido uma vez, em DVD, quando o aluguei lá na
primeira metade dos anos 2000, e nunca mais havia revisto essa pérola desde
então, baseado na obra de H.P. Lovecraft, e que traz de volta toda a turminha
lovecraftiana preferida do cinema: Stuart Gordon na direção, Brian Yuzna na
produção e Dennis Paoli no roteiro. Só faltou Jeffrey Combs no elenco. Engraçado
também como o filme é subestimado, a até menosprezado, sem o hype por trás de Re-Animator
– A Hora dos Mortos-Vivos e Do Além, mas
que em certos aspectos quanto adaptação da obra do Rei do Indizível e
sobriedade visual, chega a ser superior aos mais famosos filmes da trupe.
Sabemos que nos dois filmes citados foi impresso uma grande carga de humor
negro (afinal, estamos falando dos anos 80). Já O
Castelo Maldito, incursão anterior na obra do escritor de
Providence, já perdia um pouco dessa característica em prol de uma trama mais
suja, grotesca e séria. Dagon é
o terceiro longa da produtora espanhola de Brian Yuzna, a Fantastic Factory, e
foi rodado todo na Galícia, com atores locais. Dennis Paoli tratou de pegar
elementos de “Dagon”, segundo conto de Lovecraft e de “A Sombra Sobre
Insmouth”, e adaptou para um plot ibérico,
tendo de aproveitar produção, locação e atores, e mais uma vez, toda sua
liberdade poética funcionou perfeitamente, mantendo sim a essência do texto de
Lovecraft, apesar de sua livre interpretação. O jovem novo milionário da
Internet, Paul Marsh (Ezra Godden) está de férias com sua namorada, Bárbara
(Raquel Meroño) e seu sócio e esposa, Howard (Brendan Price) e Vicki (Brigit
Bofarull) em um barco na costa espanhola, quando uma súbita tempestade encalha
o barco, e os dois vão procurar ajuda em uma ilha próxima. O que eles não sabem
é que a ilha de Inboca (o equivalente a espanhol para Insmouth) na verdade é um
local maldito, povoada por criaturas híbridas entre humanos e anfíbios,
seguidoras de Dagon, uma daquelas entidades pré-diluvianas que Lovecraft tanto
adorava. O local era próspero outrora, mas quando os peixes começaram a
desaparecer, os locais passaram a cultuar a deidade pagã, o que lhes custou sua
humanidade. Na real a galera precisa oferecer sacrifícios frequentes para
Dagon, e os forasteiros são as pessoas certas para tal. O que se segue, filmado
de forma exímia por Gordon, que mantem sempre o nível de tensão lá em cima com
toda sua capacidade técnica e estilo dinâmico, é a fuga de Paul Marsh por sua
vida. Sem dúvida, um dos grandes momentos literários de Lovecraft foi a
escapada do personagem Robert Olmstead do hotel e perseguido pela população
deformada em “A Sombra Sobre Insmouth”, retratado de forma tão sufocante e
fidedigna pelo diretor. Além disso, há um interessantíssimo subtexto explorando
não só as criaturas mutantes (um lamentável grito racista e xenofóbico de
Lovecraft contra a miscigenação das raças, muito por conta da experiência que
teve durante sua morada na Nova York do início do século passado), mas também a
ordem de Dagon, incluindo aí a presença da sacerdotisa Uxia Cambarro (Macarena
Gómez), filha da entidade marinha com uma humana, que possui tentáculos no
lugar das pernas, e sempre aparecia para Paul Marsh em pesadelos recorrentes,
devido a um laço de sangue desvendado em seu final. Dagon esteve
durante 15 anos em estágio de produção, sem nunca sair do papel. O desejo de
Gordon e Paoli em leva-los as telas remete ao ano de 1985, e provavelmente,
seria feito na sequência de Re-Animator e Do Além (e provavelmente com Combs no elenco). Pelo
bem da adaptação é muito mais interessante que ele não tenha sido realizado
naquela época, com os vícios inerentes das produções oitentistas, podendo
depois de tantos anos receber esse tratamento sério e sombrio, mesmo que
derrape na questão do CGI um tanto quanto tosco, devido ao seu baixo orçamento.
Vários elementos lovecraftianos estão lá, como o Necronomicon, a Ordem
Esotérica de Dagon, as criaturas híbridas, tentáculos e cânticos ritualísticos
proibidos para os Antigos. Vários elementos da tríade Gordon-Yuzna-Paoli também
estão lá, como o gore (notável
a cena quando um pescador é esfolado vivo e tem seu rosto arrancado), o
certeiro timing de ritmo e, claro, a nudez. Ou seja, Dagon é um filmaço para qualquer fã do terror, e
qualquer apreciador da obra de Lovecraft.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/09/10/718-dagon-2001/
#359 1977 QUADRILHAS DE SÁDICOS (The Hills Have Eyes, EUA)
Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Produção: Peter Locke
Elenco: Russ Grieve, Virgina Vincent, Dee Wallace, Robert
Houston, Michael Berryman
Quadrilha de Sádicos,
segunda incursão de Wes Craven na direção, depois do ótimo Aniversário Macabro,
é seu road movie brutal sobre luta de classes. Uma crônica de
sobrevivência da burguesa família de classe média americana contra os selvagens
mutantes canibais, párias dessa sociedade assim estabelecida. É um clássico
cult de Craven, adorado por fãs e crítica, feito em esquema de filme de
guerrilha, utilizando o máximo todo seu talento para produzir uma película de
baixo orçamento, porém extremamente bem feita, contando com boas cenas de
violência apelativa e sangrentas, dando ênfase na construção dos mais variados
arquétipos dos personagens de ambas as famílias. É uma batalha de vida ou
morte, verdadeira sobrevivência do mais apto, entre uma família tradicional
americana que se vê presa no meio do deserto, em um campo de testes da força
aeronáutica americana quando seu carro e trailer quebram devido a um acidente,
contra uma família de congênitos que vivem na montanha, praticantes de todo
tipo de barbárie, inclusive o canibalismo. Os Carter estão em uma viagem rumo a
Los Angeles quando resolvem atravessar o deserto de Yucca para encontrarem uma
antiga mina de prata deixada de herança para Ethel (Virgina Vincent), matriarca
e casada com o casca-grossa Big Bob (Russ Grieve). Deixados a própria sorte,
Big Bob e seu genro, Doug (Martin Speer) vão a procura de ajuda, enquanto o
filho mais velho do casal, Bobby (Robert Houston) fica com a mãe e as duas
irmãs, Brenda (Susan Lanier) e Lynne (Dee Wallace, figurinha carimbada de
vários filmes de terror), esposa de Doug e mãe da bebê Kathy. Os dois tem
destinos bastante diferentes. Enquanto Doug descobre um depósito de quinquilharias
pertences às vítimas anteriores dos saqueadores, Big Bob é atacado pelo grupo
enquanto tenta voltar ao posto de gasolina que pediu informações no começo do
filme e acaba crucificado e cremado vivo, visto arder pela própria família. Enquanto
isso, o grupo, comandando com mão de ferro pelo líder Papa Júpiter (James
Withwortj), ataca o trailer e estupra a irmã mais nova, mata Ethel e Lynn e
rapta a bebê a tiracolo para servir de jantar. Esses guerrilheiros, sinônimo de
um grupo étnico que sobrevive com o que pode e são frutos da sociedade que os
transformou em selvagens, são a metáfora dos oprimidos que tentam preservar seu
território e manter o mínimo de condição, hã, humana, se assim podemos dizer. E
daí para frente, para tentar recuperar sua filha e vingar sua família, Doug,
Bobby e Brenda são obrigados a “baixar seus níveis”, se entregar à hostilidade
e jogar o mesmo jogo brutal que os selvagens, que inclui o mais famoso dele, o
feiosão Pluto, vivido pelo ator Michael Berryman, que ficaria bem conhecido dos
fãs do cinema de horror. Craven após o acidente que isola os Carter mantém o
nível de adrenalina lá em cima, criando uma tensão crescente, com o jovem e
inquieto Bobby sendo nossa referência para sacar que eles estão sendo observados
e há algo realmente mal lá fora, preparando um plano diabólico. A sua direção
inventiva ainda abusa de planos fechados imitando binóculos, trilha sonora
forte e impactante, uso de câmera na mão, fotografia noturna e montagem rápida
e picotada. Além disso, Craven deliciosamente brinca com as idiossincrasias
para criar contrastes bem específicos entre os Carter e a família de Papa
Júpiter. Os suburbanos racistas encontram os bandidos que repudiam todo o modo
de vida americano e suas crenças judaico-cristãs (explícita quando Big Bob é
crucificado, por exemplo). É um contexto político fortíssimo dentro de um
Estados Unidos rachado pela estupidez da Guerra do Vietnã e os anos Nixon. Além
do mais, Quadrilha de Sádicos é uma espécie de western às avessas. O próprio país nasceu de um grupo de
colonizadores dizimando e vivendo em eterna batalha sangrenta com os excluídos,
com a minoria, onde quiseram impor seus costumes e fazer uma verdadeira acepção
de povos. Vejam, por exemplo, os inúmeros confrontos raciais dos EUA, contra
negros e imigrantes, e também a tentativa de expandir suas doutrinas no Vietnã,
no Afeganistão, no Iraque, e por aí vai. Violência e opressão dos mais fortes é
o berço da América. Quadrilha de Sádicos em 2006 ganhou o
excelente remake Viagem Maldita,
produzido por Craven e dirigido pelo sanguinário diretor francês Alexandre Aja,
que conseguiu pegar um filme já pesado, violento e político e elevar um degrau
acima, sendo uma das raríssimas exceções em que a refilmagem ficou (por pouco)
melhor que o original.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/29/359-quadrilha-de-sadicos-1977/
sábado, 28 de novembro de 2015
#353 1977 O IMPÉRIO DAS FORMIGAS (Empire of the Ants, EUA)
Direção: Bert I. Gordon
Roteiro: Bert I. Gordon,
Jack Turley (baseado na história de H.G. Wells)
Produção: Bert I. Gordon,
Samuel Z. Arkoff (Produtor Executivo)
Elenco: Joan
Collins, Robert Lansing, John David Carson, Albert Salmi, Jacqueline Scott,
Pamela Shoop
O Império das Formigas é
divertidíssimo. Se os efeitos especiais já eram do mais baixo nível naquelas
noites dos anos 80, imagina assisti-lo depois de quase 20 anos (e mais de 30 de
seu lançamento nos cinemas)? E o principal, você não poderia esperar nada
diferente de uma produção de Samuel Z. Arkoff para a American International
Pictures e com a direção do picareta Bret I. Gordon. Mesmo diretor e equipe
responsáveis pelo igualmente tosco A Fúria das Feras Atômicas, lançado no ano anterior, que
foi um baita sucesso comercial para a produtora de Arkoff e que também trazia
animais que cresceram exponencialmente e passaram a atacar aos humanos. Que por
sua vez, também é baseado em um conto do mestre H.G. Wells, tal qual O
Império das Formigas, também brevemente inspirado nos textos do escritor.
Coitado de Wells, diferente das histórias de Edgar Allan Poe e até de H.P.
Lovecraft que foram bem cuidados nas mãos da AIP, o escritor de clássicos como
“A Guerra dos Mundos” e “A Máquina do Tempo”, tiverem esses resultados
desastrosos. Logo no início do longa, um narrador começa a contar sobre as
maravilhas de ser formiga, sobre sua organização social, sua capacidade de
inteligência e raciocínio, e principalmente, com o intuito de meter medo nos
incautos, que ela poderia muito bem ser a próxima forma de vida dominante em
nosso planeta, e que elas possuem um sofisticado sistema de comunicação, que
manda mensagens específicas para outras por meio de feromônios que estimulam
uma resposta obrigatória, que força obediência e que não pode ser ignorado.
Então o narrador diz: “vocês ouviram isso? OBRIGATÓRIA”. É sensacional! E finaliza
que não devemos nos preocupar, pois isso apenas concerne às formigas, certo? Errado,
porque na trama, que conta com aquela mensagem da natureza se revoltando contra
a humanidade, trará os insetos transformados em criaturas gigantes por conta do
descarte de lixo nuclear no mar, quando um barril será arrastado até a costa de
uma praia onde os pequenos seres irão se esbaldar e atingir esse tamanho
descomunal. Esta praia fica em uma ilha que é um pedacinho do paraíso (só que
não), onde uma incorporadora está criando um resort com casas em frente ao mar,
e a gananciosa corretora imobiliária Marilyn Fryser (Joan Collins, que diz ter
sido o pior papel de sua carreira) fará de tudo para vender terrenos a um grupo
díspar de pessoas, as quais leva para um passeio de barco na região, com comida
e bebida à vontade. Aqueles pobres coitados começam a ser espreitados pelas
terríveis formigas mutantes gigantes (que literalmente atingem aquele tamanho
todo do dia para a noite), na clássica e inesquecível cena onde a câmera é
dividida em vários círculos em um fundo preto, emulando a visão dos insetos, e
caçados impiedosamente pelos animais (com seu característico sibilar agudo). Na
primeira metade do filme, vemos a luta dos sobreviventes em manter-se vivos e
tentar escapar da fúria das formigas atômicas (hein? hein?). Os poucos que
conseguem sair com vida daquele pesadelo, descobrem que há uma cidadezinha nas
proximidades e parece que eles conseguirão se safar. É quando na sua segunda
metade, o longa muda completamente de figura, e de um típico filme Big Bug dos
anos 50 (tipo, neto de O Mundo em Perigo), se transforma em uma tramas das mais patéticas
com toda a cidade agindo de forma estranha, e capturando nossos heróis, uma vez
que todos estão sob comando mental dos insetos (lembra-se do OBRIGATÓRIO!) e
escravizando-os para que trabalhem na refinaria de açúcar da região,
satisfazendo os doces desejos das formigas escravagistas. Sério, é impagável.
Muita criatividade! Como se não bastasse o roteiro bisonho e um clima de
suspense mequetrefe, os efeitos visuais que são a verdadeira cereja do bolo.
Primeiro, Gordon fez várias filmagens de formigas em separado (provavelmente
muitas delas dentro de um aquário ou tanque transparente, ou coisa do tipo), e
depois essas filmagens foram alargadas e sobrepostas nas cenas com os humanos,
e primeiro, isso faz as formigas parecem cada hora de um tamanho diferente, e
segundo, momentos em que parece que elas estão andando no próprio ar. Na hora
da interação com os atores, foram usados bonecões das cabeças dos insetos,
filmados em um ângulo fechado, assim como aconteceu com o já citado A
Fúria das Feras Atômicas. Obviamente, O Império das Formigas não vale
nada. Traz lá uma mensagem ecológica, de vingança da natureza e da paranoia de
sermos substituídos como espécie dominante, mas é uma bomba. Uma bomba cheia de
sentimentos nostálgicos e espasmos voluntários de riso. O lance mesmo é
assisti-lo por saudosismo, principalmente se você é da minha geração e ouvia
Silvio Santos falando que a filha dele já havia visto e recomendava. E ah, que
era exibido pela primeira vez na televisão.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/22/353-o-imperio-das-formigas-1977/
#352 1977 O IMPÉRIO DAS ARANHAS (Kingdom of the Spiders, EUA)
Direção: John ‘Bud’ Cardos
Roteiro: Richard Robinson e
Alan Cailou, Jeffrey M. Sneller e Stephen Lodge (história original)
Produção: Igor Kantor,
Jeffrey M. Sneller, J. Brad Johnson (Produtro Associado), Henry Fownes
(Produtor Executivo)
Elenco: William
Shatner, Tiffany Bolling, Woody Strode, Lieux Dressler, David McLean, Natasha
Ryan
Durante os anos 70,
principalmente por conta do estrondoso sucesso deTubarão, o subgênero eco-horror,
onde a fauna resolve contra-atacar e mostrar sua fúria aos humanos, foi
proliferando como uma verdadeira praga. Era corriqueiro o público se de deparar
com filmes de terror onde os vilões eram aranhas, formigas, abelhas, ratos,
piranhas, crocodilos, e isso sem contar os tantos e tantos spin
offs do filme de Spielberg. E O Império das Aranhas é mais um exemplar deste
gênero. Uma espécie de avô do Aracnofobia, famoso filme dos anos 90 (que
tem um dedo do próprio Steven Spielberg), O Império das Aranhas traz
William Shatner no papel principal, que resolveu combater ameaças mais
mundanas, como esses terríveis aracnídeos que passam a infestar uma cidade
rancheira dos EUA, ao invés de males intergaláticos como Capitão Kirk da
primeira geração da série e filmes de Jornada nas Estrelas. Dirigido por John
“Bud” Cardos e com um orçamento de 50 mil dólares, o filme, feito em época que
o CGI não existia, utilizou CINCO MIL tarântulas de verdade nas filmagens. Leu
direito aí? CINCO MIL! Ou seja, isso por si só para alguns já é motivo de
pânico, terror e aflição ao ver aquelas aranhas peludonas andando nos membros e
rostos dos corajosos atores e atrizes. Detalhe é que deste orçamento, 5 mil
foram gastos nas bichinhas, porque os produtores ofereceram 10 dólares por
espécime. Infelizmente (ou felizmente se você tem pavor de aranhas), eles não
puderam alegar que “nenhum animal foi morto ou ferido durante as filmagens”,
porque uma cacetada delas morreu, tanto por mudanças climáticas, quanto
atropeladas e esmagadas na cena do pandemônio na cidade, ou por membros da
própria equipe técnica. Fora o trabalhão de manuseio dos animais, já que todas
tinham de ser guardadas separadamente após o fim do dia, pois as tarântulas são
canibais e acabariam comendo umas as outras. A história me lembra bastante a
ambientação de outra dessas bombas animais setentistas que é A Noite dos Coelhos, exatamente pelo homem ter de lidar com uma praga
que assola uma região desértica dos EUA, atrapalhando a pecuária local. Vale
lembrar também da podreira mor quando se fala dessas criaturas de quatro patas
que é A Invasão das Aranhas Gigantes, que igualmente se passa em uma
dessas cidades no meio do deserto. Pelo jeito, deserto e aranhas estão
intrinsecamente ligados no cinema de terror. Pois bem, Shatner é o veterinário
e caubói Robert “Rack” Hansen, que ao ser chamado para examinar a estranha
morte de um gado premiado de uma fazenda da cidade, recebe a ajuda in
loco da loiraça Diane Ashley (Tiffany Bolling, que ganhou o papel
principal exatamente por não ter medo das aranhas), entomologista da
Universidade de Flagstaff, no Arizona, para investigar a causa mortis. O
que acontece é que eles se deparam com gigantescos ninhos de tarântulas
crescendo desordenadamente por conta de um desequilíbrio do ecossistema da
região, graças ao excessivo uso de pesticidas para acabar com as pragas. Sem
ter o que comer, a insurreição aracnídea encontra uma nova fonte de alimento: o
gado, cães e lógico, os humanos. Mas as autoridades não querem tomar nenhuma
medida drástica, pois há uma feira do condado em duas semanas, e ninguém quer
perder o dinheiro que turistas injetarão na cidade. Típico do eco-horror!
Pois bem, passando a chatíssima primeira metade do filme, onde somos obrigados
a aguentar toda a canastrice de Shatner e seu estereótipo galã-caubói-machão
dando em cima da Dra. Ashley, que obviamente irá cair nos seus encantos, e um
drama dele ter perdido seu irmão no Vietnã, que deixou esposa (que agora é
apaixonada pelo cunhado) e filha para o irmão tomar conta, tudo regado a música
country cafoníssima, o filme realmente engrena ao se aproximar de seu terceiro
ato. A infestação de aranhas foge do controle e veremos então a contagem de
cadáveres aumentar, primeiro começando por Walter Coby (Woody Strode) dono da
fazenda onde os ninhos surgiram, que é encontrado envolto em uma sinistro
casulo de teia, seguindo pela ex-cunhada de Shatner, morta por várias picadas
venenosas, ficando com o rosto completamente deformado, e a esposa de Colby,
Birch (Altovise Davis), que atacada pelos animais, tenta se defender com um
revólver e acaba decepando seus próprios dedos ao atirar na aranha que subia em
sua mão. Enquanto os heróis, a garotinha e mais um grupo de locais se refugiam
em uma pousada, lutando por suas vidas, no centro da cidade um verdadeiro
pandemônio se inicia, com as pessoas tentando fugir em pânico, sendo atacadas
por uma vastidão sem fim de aranhas. Crianças, jovens e velhos acabam tendo um
destino trágico. Elas não escolhem sexo, cor, credo, idade nem nada para fazer
uma boquinha e enrolar os moradores em um emaranhado de teia. Fora acidentes
causados pela própria fuga em massa dos moradores, como acontece com o xerife,
que quase tem seu carro virado pelos revoltosos e acaba morrendo esmagado pela
caixa d’água da cidade que cai em cima de seu veículo após um acidente. Mas o
ponto mais positivo do filme é justamente o seu desfecho surpreendente, e a
sinistra forma como ele é mostrado (mesmo que visualmente tosco, por se tratar
de um óbvio desenho), mostrando como os humanos perderam essa batalha contra a
natureza. O Império das Aranhas é um dos mais famosos filmes deste
subgênero dos anos 70, muito popular na época (faturou 170 milhões de dólares)
e campeão de reprises na televisão aberta e fechada. Claro, que muito deste
sucesso é por conta da presença de William Shatner no elenco. Mas fora isso, é
um filme redondo, que impressiona pelo uso de aranhas vivas, conseguindo
driblar a limitação financeira impondo no espectador um medo físico e real.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/21/352-o-imperio-das-aranhas-1977/
#351 1977 A ILHA DO DR MOREAU (The Island of Dr. Moreau, EUA)
Direção: Don
Taylor
Roteiro: Al
Ramrus, John Herman Shaner (baseado na obra de H.G. Wells)
Produção: Skip
Steloff, John Temple-Smith, Samuel Z. Arkoff (produção executiva), Sandy Howard
(produção executiva)
Elenco: Burt
Lancaster, Michael York, Nigel Davenport, Barbara Carrera
No meio entre a clássica versão
de Erie C. Kenton de 1932 e a bomba de John Frankenheimer de 1996, A Ilha do Dr. Moreau de 1977 é a segunda adaptação do
livro de ficção de H.G. Wells (A Máquina do Tempo, Guerra dos Mundos) e possui
visivelmente a marca indelével dos anos 70 e o dedo de seu produtor executivo,
Samuel Z. Arkoff. Essa versão dirigida por Don Taylor é aquela que
provavelmente a minha geração tomou conhecimento da história sobre o cientista
maluco que faz experiências em uma ilha remota tentando transformar animais em
seres humanos. Nessa fita, Burt Lancaster assume o papel de Moreau, que tem em
sua companhia na ilha, além do seu fiel braço direito, Montgomery (Nigel
Davenport), Maria (Barabara Carrera), a sua mais perfeita criação, e as demais
criaturas que regrediram ao seu estado animalesco e vivem entocados em uma
caverna, párias para a sociedade perfeita que o megalomaníaco cientista
gostaria de criar. Andrew Braddock (Michael York) é o náufrago que chega até a
ilha e descobre as horrendas experiências genéticas que Moreau anda realizando,
e claro, se enrabicha com Maria sem suspeitar que ela também é um fruto do
trabalho de laboratório do cientista. Assim como no livro e no filme anterior,
há também um Mestre da Lei, responsável por continuar a doutrinação das bestas,
citando incessantemente a Lei desenvolvida por Moreau para tentar criar um
conjunto de regras que os permitem viver em sociedade e não caiam na tentação
de regredir ao estágio animal. Quais são as principais diferenças entre essa
versão e A Ilha das
Almas Selvagens, de
1932? Pois bem, começamos com três coisas que não há no original, por questões
óbvias de idade de lançamento: violência, sangue e os peitinhos da personagem
feminina aparecendo. Aqui, somos brindados com uma selvageria mais explícita
das feras, com cenas até que bastante sangrentas para um filme de classificação
PG-13, incluindo o linchamento de Moreau nas mãos de suas criações. Além disso,
claro a maquiagem é superior devido aos maiores recursos técnicos da época,
apesar de mesmo assim serem bem fajutas, lembrando uma mistura de O Planeta dos Macacos, aquele seriado de A
Bela e A Fera (com a
Linda Hamilton, lembra?), e do herói japonês Lion Man (lembra desse também?).
Outra coisa para ser citada é o uso em profusão de animais selvagens no filme.
Tem onça, pantera, hiena, tigre, leão, búfalo. Um verdadeiro zoológico. E na
cena final onde a revolta das criaturas estoura e eles começam a destruir a
propriedade de Moreau, é um verdadeiro pastelão, com os animais sendo
libertados e uma sequência frenética de ataques, tombos e urros, dando um
significado visual bem específico para a palavra balbúrdia ou furdúncio. Mas
certamente a maior diferença do filme anterior é que aqui, Moreau não
satisfeito em transformar animais em gente, resolve fazer o processo inverso e
aprisiona o pobre Andrew, injetando DNA animal nele para que ele transforme-se
em uma fera também. Assim, aos poucos, o náufrago azarado vai adquirindo pelos
nas mãos e seu rosto vai sendo transformado, além de começar a se deixar levar
pelo seu instinto, quebrado somente quando sua capacidade de raciocínio
prevalece, frustrando os planos do velho doutor. E a alardeada Mulher Pantera
do filme de Kenton mal dá as caras em sua forma animalesca nesta versão de A Ilha do
Dr. Moreau. Se não prestarmos atenção direito em uma cena final dentro do barco
ao escapar da ilha, quando é dado um close nos dentes pontiagudos nascendo na
boca de Maria e seus olhos de felina, nem ficamos sabendo que ela é também um
produto by Moreau. Bom, não pode se esperar
muito de uma adaptação de Wells produzida por Samuel Z. Arkoff. Vale mais pelo
saudosismo.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/20/351-a-ilha-do-dr-moreau-1977/
#350 1977 HAUSU (Hausu / House, Japão)
Direção: Nobuhiko Ôbayashi
Roteiro: Chiho Katsura, Chigumi Ôbayashi (história original)
Produção: Yorihiko Yamada, Nobuhiko Ôbayashi
Elenco: Kimiko Ikegami, Miki Jinbo, Kumiko Ohba, Al Matsubara, Mieko Satô, Eriko Tanaka, Masayo Miyako
Hausu é uma viagem surreal onírica sem precedentes, um clássico nipônico irreal extremista. Flerta com os filmes família, com comédia, com animação, com filme de gênero, mas ainda assim é um horror sobre uma casa mal-assombrada nada convencional com elementos estranhíssimos repletos de absurdo e um charme avant-garde para sua época. Poderíamos até dizer que é um terror para crianças, mas não é também na verdade, pois mesmo que ele não seja assustador, possui tais elementos, até bizarros, incluindo aí muito sangue. Uma piscina de sangue. Sangue jorrando por todas as paredes da casa! E fora todo o lado fetichista da história de seis garotinhas colegiais japonesas. Quer dizer, talvez só eu tenha tido essa ideia (o que é aquela personagem Kung Fu, desfilando grande parte do filme de regata e shortinho?), mas tratando-se de japoneses, pode-se esperar de tudo ali naquela salada metafórica e metafísica que é Hausu. E há também lesbianismo velado e as peripécias (contidas) do descobrimento sexual, afinal, estamos falando de garotas adolescentes florescendo. O roteiro é simplista (sete púberes vão para uma casa mal-assombrada. Ponto), mas toda a preocupação cenográfica remete a um conto de fadas, a uma espécie de fábula Disney às avessas, já que eles que adoram colocar objetos falantes e com personalidade em suas animações e bruxas malignas, porém saído do subconsciente criativo extremo de olhos puxados ((acredite ou não a ideia partiu da mente da filha de 11 anos do diretor!!!!). Mistura a saturação de cores, com matte paitings, cenários falsos, músicas enfadonhas, comédia pastelão de trejeitos e tudo propositalmente para soar falso e até mesmo, passar a ideia de um sonho (dos mais lisérgicos, diga-se de passagem). Além disso, grande parte do filme é animado como se você visse Mario Bava dirigindo um episódio de Scooby-Doo (como a própria sinopse do DVD da pela Criterion Collection narra). Parece aqueles cartoons pode tudo, saca? Todas as leis da física e da realidade são desconstruídas para vermos esqueletos dançantes, móveis se mexendo sozinhos, uma cabeça voadora decepada que gosta de morder traseiros, bocas gigantes e até um piano devorando uma garota aos poucos! É muita chapação para um filme só, sério mesmo. Ou excesso de imaginação não filtrada vinda da cabeça do diretor Nobuhiko Ôbayashi. Chuck Stephens definiu Hausu muito bem em minha opinião: “uma moderna obra prima do cinema WTF!”. A trama alucinadíssima parte da premissa de férias arquitetada pela espevitada Oshare (ou Gorgeous na tradução americana), em plena crise adolescente, onde ela convida seis de suas amigas, Kunfû (Kung Fu), Fanta (Fantasy), Gari (Prof), Makku (Mac), Merodî (Melody) e Suîto (Sweet) para visitar uma antiga tia, irmã de sua falecida mãe, depois do seu pai ter se engraçado com uma nova namorada e proposto uma viagem entre os três. Oshare manda uma carta à essa tal tia, viúva que ainda vive à espera do marido que foi para a guerra, pega seu gato persa branco Bola de Neve e de trem parte para a casa afastada junto com todo o seu clube da Luluzinha. Então por lá, depois de sermos obrigados a conviver com os maneirismos irritantes das personagens (garotas adolescentes, sabe como é…) e o desenvolvimento das aptidões e estereótipos que as nomeiam (Merodî é pianista, Gari é inteligente, Makku come sem parar como uma Magali nipônica – e até adora melancia também – Kung Fu manja de artes marciais, etc), enquanto Oshare vive sozinha seu dilema “adulto” já que as amiguinhas continuam na inocência infantil, coisas sinistras e inverossímeis começam a acontecer (como algumas das partes alucinógenas já citadas a cima) e então descobriremos que na verdade a casa é mal assombrada e a velha tia é uma espécie de bruxa canibal imortal que se apossa do corpo de Oshare e que se alimenta de jovens garotas virginais. E o gato é seu cúmplice com alguns poderes sobrenaturais também. Todos os elementos são jogados em cena propositalmente para a espetacular destruição das heroínas de formas hediondas, porém atenuadas, com o nível de loucura elevado à enésima potência, beirando muitas vezes o ridículo proposital (e saiba muito bem disso ao assistir a esse filme. Não estamos falando de um autêntico e atmosférico j-horror aqui não). A narrativa é à la Looney Tunes, completamente desequilibrada e com o ritmo frenético de ação de um mangá quando chega em seu terceiro ato, deixando seu cérebro em estado quase epilético quando a fita finalmente corta para a breguíssima e insuportável cena final. Mas até lá você já foi nocauteado por aquele turbilhão de imagens, sons e sensações e está na lona. Hausu não é um filme fácil. Pelo contrário. Também não é um bom filme. O clima de felicidade e pastiche gritantes quase estraga a experiência final, mas se você aguentar firme e estiver psicologicamente preparado para encará-lo com um sonho, que é o que ele é (e que fatidicamente se transformará em um maligno e amalucado pesadelo), prometo que será realmente uma experiência visual única do extremo surrealismo bizarro asiático.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/18/350-hausu-1977/
#349 1977 O EXORCISTA II – O HEREGE (Exorcist II – The Heretic, EUA)
Direção: John Boorman
Roteiro: William Goodhart,
John Boorman e Rospo Pallenber (não creditados)
Produção: John Boorman,
Richard Lederer, Charles Orme (Produtor Associado)
Elenco: Linda
Blair, Richard Burton, Louise Fletcher, Max Von Sydow, Kitty Winn
Para que existe O Exorcista II – O Herege? Qual a finalidade de fazer uma
sequência (e não só uma sequência, um dos piores filmes de terror já feitos em
todos os tempos) do maior clássico do gênero? Nem o diabo explica. Ou melhor, a
Warner Bros. explica: faturar mais trocados em cima do sucesso estrondoso de
William Friedkin lançado cinco anos antes. Por mais que tenha faturado 30
milhões de dólares (seu orçamento estimado foi de 14 milhões), o filme é uma
vergonha ao estúdio e todos os envolvidos. Escrito a seis mãos por William
Goodhart e de forma não creditada por John Boorman (que também o dirigiu) e
Rospo Pallenberg, que tiveram de dar retoques no roteiro, o que explica um dos
motivos de tamanha salada mista, O Exorcista II – O Herege é motivo
de xacota, nada mais que isso. Na noite de abertura, o filme foi tão mal
recebido, mas foi tão mal recebido, que a audiência do cinema da Hollywood
Boulevard literalmente atirou coisas contra a tela, para expressar sua revolta
e descontentamento. Fora que tudo começou bem, afinal o filme começa normal,
vai, você o detesta por osmose e pré-conceitos estabelecidos, afinal é uma
continuação de O Exorcista, sem
Ellen Burstyn, sem William Friedkin na direção, sem William Peter Blatty
escrevendo o roteiro e por aí vai. Até que apareceu o fatídico sincronizador de
mentes utilizado durante sessões de hipnose. A risadaria do público foi
generalizada, e daí foi ladeira abaixo até seu final. O próprio Blatter,
presente na premiere, teve de segurar o próprio riso. Friedkin por sua
vez, sem papas na língua disse: “é tão ruim quanto ver um acidente de trânsito”.
Uma das honrarias dessa bomba demoníaca é que está entre os 10 piores filmes já
feitos no livro “The Official Razzie Movie Guide” de John Wilson, criador do
Framboesa de Ouro. Ou seja, opinião de quem entende do assunto. Mais que os
gafanhotos, a subtrama africana, as baboseiras do sincronizador de mentes, a
agora ninfeta Linda Blair explicando porque foi jogada para escanteio durante
toda sua carreira de atriz, a atuação nem um pouco carismática de Richard
Burton como o padre Phillip Lamont (e a famosíssima cena em que o ator fica
fazendo a mesma expressão durante mais de oito minutos), o roteiro esdrúxulo e
as forçadas de barra. John Boorman também pode levar o título de “Besta Humana”
com todo louvor. Afinal, após o excelente Amargo Pesadelo, ele recusou a
direção do primeiro filme, que caiu nas mãos de Friedkin, ganhador do
Oscar por Operação França, e o resto é história. Sabendo a cagada que fez
(e ainda depois de ter dirigido o patético Zardoz com Sean Connery
vestido seu macacão e cuecas vermelhas sob um peito de fora cabeludo, bigodão e
costeleta no rosto), resolveu topar filmar a continuação e aproveitar a
oportunidade que jogou fora anteriormente. Tsc, tsc. O bem da verdade é que o
produtor Richard Lederer queria que a continuação fosse uma espécie
de remake do primeiro, com os mesmos conceitos, uma figura central
possuída, um padre fazendo suas investigações do Coisa-Ruim, com um orçamento
de 3 milhões de dólares, e uma premissa até interessante, vai. Mas o público, e
a Warner, queriam a volta dos seus personagens, o que já seria um problemão,
pois Burstin caiu fora, Max Von Sydow, o Padre Merrin, relutou em participar e
Linda Blair só topou se não tivesse de usar nenhuma vez a maquiagem de menina
possuída por Pazuzu e nem vomitar abacate (as cenas de flashback foram feitas
por uma dublê – que atua poucos minutos, mas melhor que Blair o filme inteiro).
Além disso, o roteiro original contava com a volta também do padre Joseph Dyer
(vivido por William O’Malley no original), mais um para entrar na lista dos que
recusaram a bomba; o personagem de Gene Tuskin foi escrito originalmente para
um homem, mas mais descartes e recusas fizeram-nos mudar para uma mulher, que
ficou com a atriz Louise Fletcher. Resumo da ópera: roteiro reescrito CINCO
vezes, orçamento gigante de 14 milhões de dólares, e este filme aí que
assistimos com desgosto. A história? O tal Padre Lamont, após falhar em um
exorcismo e ver a garota literalmente pegar fogo, a pedido da Igreja deve
investigar a misteriosa morte do Padre Merrin. Para isso, recorre a Dra.
Tuskin, psiquiatra que mantém Reagan McNeill em sua clínica em Nova York, sem
nenhuma lembrança do que acontecera naquele fatídico quarto da casa de Georgetown.
Utilizando o tal aparelho psicoanalítico capaz de sincronizar mentes em sessões
de hipnose, o mesmo descobre que o Cramunhão ainda vive na menina (fazendo o
quê exatamente durante este tempo todo de inépcia?), que é um receptáculo da
eterna batalha entre o Bem e o Mal. Querendo libertar Regan, o Padre Lamont
viaja até a África em busca de um curandeiro, que já havia sido possuído por
Pazuzu, quando a mesma entidade maligna comandava uma horda de gafanhotos e
atacava a sua tribo (!!!!????) em busca de umas dicas de como proceder com o
exorcismo. Como se não bastasse essa sinopse, no meio desse balaio de gato dos
infernos (com o perdão do trocadilho), a trama insiste nos gafanhotos e
comparar o poder demoníaco ao chamado do farfalhar das asas dos insetos, como
explica Kokumo, o personagem de James Earl Jones, que de garoto tribal africano
nêmese de Pazuzu tornou-se um entemólogo (????!!!!!), e na divisão do coração
de Reagan entre um lado bom e um lado mal, rola até uma viagem nas asas do
demônio e eu já mencionei o aparelho de sincronizar mentes? E sabe aquela
mítica de O Exorcista ser o filme mais assustador já feito? Esse aqui
não mete medo nem na mais medrosa das pessoas. Não tem sequer UMA cena de
horror, de repulsa, de terror físico ou psicológico. O único momento que é
interessante e atmosférico é quando o personagem de Burton está na mente de
Reagan assistindo ao que aconteceu com o Padre Merrin (que é única cena que
realmente remete ao clima do original). É… O Exorcista II – O Herege, é
ruim que o diabo!
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/17/349-o-exorcista-ii-o-herege-1977/
#348 1977 ERASERHEAD (EUA)
Direção: David
Lynch
Roteiro: David
Lynch
Produção: David
Lynch, Fred Baker (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: Jack Nance, Charlotte Stewart, Allen Joseph, Jeanne Bates,
Judith Roberts
David Lynch é um cara
xarope. Ponto. Seus filmes possuem uma dose cavalar de surrealismo, mensagens
subliminares, metáforas e várias loucuras bizarras que se passam na cabeça do
diretor. Eraserhead não foge a regra.
Parafraseando um colega de trabalho, quando conversávamos sobre essa fita:
“Eraserhead é um filme ruim!”. Mas não ruim no sentido que o filme não
preste. Ruim, no sentido que ele é perverso, do mal, assim podemos dizer. Eraserhed é
um pesadelo surrealista sombrio. Quase um filme expressionista, rodado em preto
e branco, filmado de forma intermitente, que demorou cinco anos para ser
finalizado devido à falta de grana. Pessimista, sem esperança, que abusa de um
visual tétrico para contar uma história macabra e perturbadora. Heny Spencer
(Jack Nance) é um cidadão “comum”, com um penteado parecido com o do cientista
do Mundo de Bieckman, que vive de um emprego medíocre como gráfico em uma
poluída e barulhenta cidade fabril, que parece não ficar localizada em lugar
nenhum, mora em um apartamento minúsculo, engravida uma garota transtornada com
quem acaba casando após descobrirem uma gravidez indesejada e que dá luz a um
bebê mutante deformado, que parece o cruzamento de E.T. – O Extraterrestre com
um dinossauro (!). A trama é basicamente isso, e só tende a piorar quando sua
esposa o abandona por não conseguir lidar com o fardo da maternidade e não
aguentar mais as noites mal dormidas devido ao choro incessante da criatura.
Ainda podemos colocar como elemento narrativo a descoberta da doença do bebê, quando
pústulas asquerosas surgem por toda a pele do monstrengo e seu choro vai
tornando-se cada vez mais alto, incessante e angustiante, uma aventura sexual
com a prostituta que mora no apartamento em frente e um sonho desconexo onde
ele perde a cabeça e é transformada na borracha da ponta de um lápis (daí o
título original do filme “Cabeça de Borracha”). É um filme estranho, difícil de
digerir, quase sem diálogos, com efeitos sonoros sinistros (muitas vezes só se
ouve o forte e alto barulho do vento a soprar lá fora) que dá base a muitas
especulações, sendo que o próprio Lynch nunca explica seus próprios filmes.
Quando você termina de ver, além de sentir como se tivesse levado um soco no
estômago, você fica se indagando: “O que diabos é isso que eu acabei de
assistir?” ou então “o que quer dizer essa p... toda?”. Isso sem contar a
quantidade de imagens incômodas que Lynch cria, beirando o grotesco, criando
repulsa e aquele sorriso nervoso e forçado. Como, por exemplo, a sequência
amplamente constrangedora do jantar de Henry com Mary e seus pais, quando lhe é
servido um frango minúsculo que começa a se mexer no prato e derramar um
líquido nojento ao ser espetado. Ou mesmo a velha que fica ao lado do fogão
catatônica, os ataques histéricos de Mary e da Sra. X, ou os diálogos
estranhos, como quando um estupefato Henry é confrontado pela sogra sobre a
gravidez da filha: “aquela coisa que está no hospital”, e Mary retruca: “ainda
não sabemos se é mesmo um bebê”. WTF!!!! Outra cena bastante perturbadora é a
aparição de uma personagem chamada Lady in the Radiator, mais uma das
alucinações de Henry, de um mulher que vive dentro de seu aquecedor, em um
palco, com as bochechas gigantes e deformadas, sapateando e esmagando vermes,
enquanto canta a cançãoIn Heaven, com uma feição doentia e medonha (aquela
mesma regravada pelos Pixies anos mais tarde). Impressionante o tanto de
imagens usadas para chocar e o quanto falta ar ao se assistir Eraserhead.
É a metáfora absoluta da opressão da vida cotidiana de trabalho, casamento,
filhos, em um pesadelo cíclico e sem fim. E isso dá muito mais medo do que
qualquer monstro ou zumbi por aí. Henry representa a passividade e a falta de
controle sobre nossa própria vida, ou não-vida, se assim preferir. Tudo isso
com Lynch nunca fazendo a menor questão de parecer sensato ou explicar o que
quer dizer cada imagem, mesmo sabendo que há um tremendo conteúdo analítico e
explícito incluso em cada uma delas. Segundo o próprio diretor, o longa
trata-se de “um sono de coisas escuras e perturbadoras”. Fato! Uma das
curiosidades do filme, é que até hoje nunca se sabe como foi feito o bebê
mutante. Lynch guarda esse segredo a sete chaves e nunca confidenciou a
ninguém, nem mesmo para Stanley Kubrick ao ser questionado. Há uma lenda que
diz que a criaturinha foi feita a partir de um feto de vaca ou um cordeiro
embalsamado. Vai vendo… Se você não está acostumado ou digamos, iniciado no
cinema de David Lynch, vai ser de difícil aceitação, já vou avisando. E olha
que esse foi o primeiro filme dele, então imagina a cinematografia amalucada
que virá por aí, que conta com clássicos como O Homem-Elefante, Veludo Azul,
A Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos.
Mas Eraserhead precisa ser assistido por todo mundo que diz gostar o
mínimo de cinema. E para os fãs dos filmes de terror, mais uma prova cabal da
abrangência do gênero, fugindo completamente do convencional, mas assustando à
beça.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/16/348-eraserhead-1977/
terça-feira, 24 de novembro de 2015
#717 2000 UZUMAKI (Uzumaki / Spiral, Japão)
Direção: Higuchinsky
Roteiro: Takao
Nitta, Chika Yasuo (baseado no mangá de Junji Ito)
Produção: Sumiji
Myake, Dai Miyazaki; Mitsuro Kurosawa, Toyoyuki Yokohama
Elenco: Eriko Hatsune, Fhi Fan, Eun-Kyung Shin,
Keiko Takahashi, Ren Ôsugi, Denden
Que o
cinema japonês de terror é bizarro pacas, isso ninguém tem dúvida, Só
que Uzumaki é um dos motivos cabais de porque falamos isso com tanto
gosto! Afinal a película exala bizarrice durante seus 90 minutos de projeção. Beirando
a tosqueira, porém com verdadeiros momentos climáticos e uma fotografia
lindíssima, Uzumaki traz os infortúnios de uma pequena cidade que
está a mercê da… Maldição da Espiral! Isso mesmo, galera fica obcecada e com
fobia de tudo que possuem espirais, de caramujos até máquinas de lavar roupa
(vou chegar lá…) Esse processo em cadeia começa com Toshio Saito (Ren Ôsugi)
que passa a ficar obcecado pelos “uzumakis” ao filmar um caracol em seu jardim.
Seu filho, Suichi (Fhi San) pressente que alguma coisa vai dar errado e chama
sua amiguinha de infância e pretê, Kirie Goshima (Eriko Hatsune) para fugir com
ele. A moça não vai, mas deveria ter ido viu, porque dali em diante, um
festival do nonsense e do grotesco irá tomar a cidade de assalto,
sempre tendo os espirais em voga, que pode estar no sushi, nos cachos de
cabelo, e por aí vai. Diferente do J-horror costumeiro que tem um
apreço maior por situações atmosféricas de terror, trazidas por espíritos
vingativos geralmente na forma de garotas de cabelão preto jogado no
rosto, Uzumaki tem mais uma pegada Takashi Miike, abusando de cenas
dantescas, numa linha tênue entre momentos violentos e mortes pesadas,
com trasheira da boa, como a cena do sujeito virando os olhos como
espiral, gente que vira caramujo humano, ou a colegial de cabelos gigantes em
formato de espiral, que parece uma versão japa da Medusa dos Inumanos. Falando
em HQ, Uzumaki é baseado em um mangá, publicado no Brasil
comoUzumaki: O Espiral do Horror, escrito por Junji Ito. Talvez seja o fato da
transposição para as telas ser cheia de situações cartunescas e inverossímeis,
que podem desagradar, e muito, aquele que procura o cinema de horror japonês de
praxe. Mas não pense que no meio das bizarrices não vamos ser brindados com
cenas violentas, como, por exemplo: o sujeito atropelado por um carro que fica
preso no pneu em forma de espiral, como se fosse uma massinha de modelar; a mãe
de Shuichi que enfia um caco de vídeo no ouvido, afinal o labirinto é um
espiral (isso após uma lacraia entrar pela sua orelha, detalhe); ou o momento
auge, quando Toshio cede de vez à loucura e se SUICIDA EM UMA MÁQUINA DE LAVAR
ROUPA! Outro ponto interessante é que Uzumaki é cheio de mensagens
subliminares e abusa do CGI, distorcendo digitalmente a tela em forma de,
adivinha, espirais, em vários momentos do longa. Mas muitas das vezes os
efeitos especiais são ruim de dar dó, em contraponto com a excelente maquiagem.
Não espere cinemão tradicional, explicações óbvias e situações razoáveis
em Uzumaki, e tampouco o velho modelo do cinema de terror oriental. É um
exercício da experimentação bizarra asiática, com visual funcional e que
assusta e choca exatamente pelo seu pé no grotesco.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/09/09/717-uzumaki-2000/
#716 2000 A SOMBRA DO VAMPIRO (Shadow of the Vampire, EUA, Reino Unido, Luxemburgo)
Direção: E. Elias Merhige
Roteiro: Steven Katz
Produção:Nicolas Cage, Jeff Levine; Jimmy de Brabant, Richard Johns (Coprodutores); Norman Golightly, Orian Williams (Produtores Associados); Paul Brooks, Alan Howden (Produtores Executivos)
Elenco: John Malcovich, Willem Dafoe, Udo Kier, Cary Elwes, Catherine McCormack, Eddie Izzard
Em 1922 o diretor alemão Friedrich Wilhelm Murnau criaria o filme sobre vampiros definitivo, Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror, a pedra angular do gênero, assustadora e inimitável até hoje, curiosamente sendo a mais perfeita representação nas telas da criatura idealizada por Bram Stoker. Mesmo tendo os direitos da adaptação do livro negada pela esposa do autor irlandês. Muito do poder de Nosferatu deve-se a visceral interpretação de Max Schreck como o Conde Orlok (uma vez que o nome Drácula não poderia ser usado). Naqueles idos da década de 20, um rumor espalhou-se durante a produção do longa, a ponto de se tornar uma lenda, de que Schreck de fato era uma vampiro de verdade, por isso o grau fidedigno de atuação. Lógico que isso não faz o menor sentido, uma vez que o ator havia surgido nos teatros alemães, fez parte do grupo de atores inovadores de Max Reinhardt e fez outros filmes até sua morte em 1936. Mas o poder dessa lenda, assim como o próprio poder de sua interpretação e a importância histórica deNosferatu, não só para o cinema de terror, mas também para a sétima arte, inspirou a criatividade do diretor E. Elias Merhige e o roteirista Steven Katz em realizar A Sombra do Vampiro, que se passa durante as filmagens do longa seminal, e dar um excêntrico toque de veracidade fictícia, colocando Schreck como um vampiro de fato assim como o “pacto com o diabo” feito por Murnau para a criação de sua obra-prima. De um lado da balança temos o eloquente John Malcovich vivendo um excêntrico, perfeccionista, destemperado, arrogante, viciado em morfina Murnau, que abusa dos membros de sua equipe e dos atores em busca das tomadas perfeitas, colocando-os em situações insalubres e mantendo-os no escuro quanto aos seus métodos peculiares. Do outro, temos Willem Dafoe, absolutamente fantástico como Schreck (indicado ao Oscar® e Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante) perfeito em todos os trejeitos, postura corporal, entonação de voz, sotaque e na excelente maquiagem (também indicada ao Oscar®) que o deixou irreconhecível, porém uma fotocópia do vilão vampiresco. A sombra de Schreck recai como uma mau agouro por todos os atores e membros da produção. Alguns começam a desconfiar nos motivos escusos do ator só filmar durante a noite e não sair do personagem sequer durante um minuto, e principalmente por sua obsessão pela atriz Greta Schröeder (Catherine McCormack), gerando um contínuo clima de humor forçado (como o brilhante diálogo de Schreck apontando o erro sobre o ridículo erro de Drácula não ter criados no livro de Stoker, ter vivido séculos em reclusão e ainda assim ter a habilidade de preparar uma mesa farta para Jonathan Harker em seu castelo na Transilvânia), desconfiança e pavor, sustentado pelos surtos de Murnau e o perigoso jogo que é obrigado a jogar com o suposto vampiro e suas barganhas, colocando em risco sua integridade, dos demais, e principalmente, de sua atriz principal, tudo em nome da arte. Outro ponto interessantíssimo é exatamente a homenagem a um dos períodos mais férteis e imaginativos do cinema de terror (e do cinema em geral), o expressionismo alemão, que driblava a falta de recursos da época abusando de técnica e criatividade, e dando ao público uma chance de acompanhar os meandros de uma produção cinematográfica da década de 20. Além disso, a incrível fotografia misturado com a encenação de trechos do filme como cópias em carbono, até mesmo abusando dos tons de sépia e misturando com cenas reais de Nosferatu, dá uma sensação quase documental ao filme de Mehrige. A Sombra do Vampiro também consegue a proeza, de utilidade pública tremenda nos dias de hoje, de chamar a atenção para o clássico e despertar o interesse daqueles que ainda não tiveram a oportunidade de serem impressionados (e assustados, por que não?) por Nosferatu – Uma Sinfonia de Terror. Obviamente ele funciona muito melhor para quem já viu a fita de Murnau, e assim poder captar de verdade a magnânima atuação de Dafoe (para quem o papel foi escrito sob medida), mas ao mesmo tempo funciona como um farol para que as novas gerações, que podem ter certos problemas em acompanhar o ritmo de um filme alemão da primeira metade do século passado e acostumado com arroubos de mediocridade do Crepúsculo da vida, descubram o mais sensacional filme sobre as criaturas da noite já feito.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/09/08/716-a-sombra-do-vampiro-2000/
#715 2000 REVELAÇÃO (What Lies Beneath, EUA)
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Clark Gregg
Produção: Jack Rapke, Steve Starkey,
Robert Zemeckis; Steven J. Boyd, Cherylanne Martin (Produtores Associados);
Joan Bradshaw, Mark Johnson (Produtores Executivos)
Elenco: Michelle
Pfeifer, Harrison Ford, Katharine Towne, Miranda Otto, James Remar, Victoria
Bidewell
Baita
filme meia-boca esse Revelação, viu.
E que ainda tem nome de grupo de pagode… Lembro que lá nos anos 2000 fui ao
cinema assisti-lo, e tinha até achado interessante e tal, já que tanto no final
dos anos 90 quanto no começo da década em questão, estavam rolando vários
filmes nessa pegada sobrenatural, como O Sexto Sentido, Ecos do Além e
por aí vai. Mas revendo, ele é fraquinhoooooo…. Mas né, o que esperar de um
terror genérico de Robert Zemeckis, com os estreladíssimos Harrison Ford e
Michelle Pfeifer no elenco? Aliás, o que foi um baita choque mesmo ao revê-lo é
descobrir que o roteirista é um tal de Clark Gregg? Ligou o nome a pessoa? Não?
É o Agente Coulson (ou filho de Coul, segundo o Thor). Quem diria que antes do
cara virar um Agente da Superintendência Humana de Intervenção Espionagem
Logística e Dissuasão ele tinha escrito um thriller de vingancinha sobrenatural? Fora, que Zemeckis
mega quer ser uma wanna be Hitchcock
nesse filme. Ele não consegue, claro. Ele é um bom diretor, mas não para esse
tipo de produção. Somente a cena da banheira que a personagem de Michelle
Pfeifer está dopada por uma droga anestésica que ele consegue se aproximar do
mestre. Na real essa cena é bem angustiante e o único bom momento do filme
todo, porque de resto ele não assusta, não tem nenhuma cena sobrenatural de
impacto e as reviravoltas da trama são risíveis e óbvias. Aliás Pfeifer, toda
linda e loura (e sensual pacas em uma cena de possessão) tem uma excelente
interpretação no papel de Claire Spencer, esposa do Dr. Norman Spencer, papel
de Ford, uma mulher que parece estar às raias da loucura quando suspeita que
tem um fantasma em sua casa. Na primeira metade do filme, entre ela acreditar
estar ficando biruta e o espírito começar a se manifestar para valer, a donzela
pensa que a morta que está tentando se comunicar com ela é a esposa do vizinho,
que acabara de se mudar para dar aula na mesma universidade onde Norman realiza
sua pesquisa. Mas no final das contas a vizinha estava viva, e ambos só
passaram por uma pequena crise conjugal. E falando nisso, o casal Spencer já
não anda lá tão bem assim, e depois vamos descobrir que o doutor garanhão andou
pulando a cerca com uma aluna obsessiva. Daí vem o segundo plot twist do filme, quando então,
fazendo suas investigações, Claire lembra que seu marido teve um caso (sua
memória foi afetada após sofrer um acidente de carro que lhe rendeu uma amnésia
seletiva) e a moça, chamada Madison Elizabeth Frank (Amber Valletta), estava
desparecida. Bom, Claire descobre que ela está morta e Norman lhe conta uma
história furada, que depois mais uma vez, investigando (e que bom que ela nunca
tinha absolutamente nada para fazer)...
ALERTA DE SPOILER
... descobre que o maridão matara a moça quando ela
tentou revelar tudo, o que colocaria a carreira, casamento e tudo mais em
risco. Já temos três reviravoltas, o que é tipo um recorde. De um longa com
elementos sobrenaturais onde o fantasma vai dando dicas para que sua morte seja
revelada, transforma-se em um suspense ao melhor estilo Supercine com o maridão
psicopata tentando matar a mulher e a mesma fugindo e lutando por sua
sobrevivência. Fora né, que é um filme machista pra caralho, relegando a
personagem de Pfeifer a uma “dona de casa” de luxo, que vive a sombra do
marido bonitão, garanhão, gênio, bem sucedido, piloto da Millenium Falcon,
arqueólogo aventureiro e caçador de andróides, que fica com as estudantes
novinhas, e ela lá, sendo taxada de louca, submissa, trouxa, que abandonou a
carreira de musicista, é a típica “esposa perfeita” só para no final, mostrar
um pouco de personalidade forte e virar a situação. Revelação, por ser um filme de terror fácil, com grandes astros de Hollywood, um
diretor conhecido, produção de um grande estúdio e pesada campanha de marketing,
acabou se tornando um sucesso comercial, e faturou quase 300 milhões de dólares
contando bilheteria e home vídeo. Mas é bem fraquinho, clichê, prosaico, só tem
uma cena incrível e vale só como passatempo despretensioso, e nada mais que
isso.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/09/04/715-revelacao-2000/
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