Direção: Stuart
Gordon
Roteiro: Dennis
Paoli (baseado no conto de H.P. Lovecraft)
Produção: Brian
Yuzna; Carlos Fernandéz, Julio Fernandéz (Produtores Executivos)
Elenco: Ezra
Godden, Francisco Rabal, Raquel Meroño, Macarena Gómez, Brendan Price, Birgit
Bofarull, Uxia Blanco, Ferran Lahoz
Baita
filmaço que é Dagon! Tenho
que confessar que só havia assistido uma vez, em DVD, quando o aluguei lá na
primeira metade dos anos 2000, e nunca mais havia revisto essa pérola desde
então, baseado na obra de H.P. Lovecraft, e que traz de volta toda a turminha
lovecraftiana preferida do cinema: Stuart Gordon na direção, Brian Yuzna na
produção e Dennis Paoli no roteiro. Só faltou Jeffrey Combs no elenco. Engraçado
também como o filme é subestimado, a até menosprezado, sem o hype por trás de Re-Animator
– A Hora dos Mortos-Vivos e Do Além, mas
que em certos aspectos quanto adaptação da obra do Rei do Indizível e
sobriedade visual, chega a ser superior aos mais famosos filmes da trupe.
Sabemos que nos dois filmes citados foi impresso uma grande carga de humor
negro (afinal, estamos falando dos anos 80). Já O
Castelo Maldito, incursão anterior na obra do escritor de
Providence, já perdia um pouco dessa característica em prol de uma trama mais
suja, grotesca e séria. Dagon é
o terceiro longa da produtora espanhola de Brian Yuzna, a Fantastic Factory, e
foi rodado todo na Galícia, com atores locais. Dennis Paoli tratou de pegar
elementos de “Dagon”, segundo conto de Lovecraft e de “A Sombra Sobre
Insmouth”, e adaptou para um plot ibérico,
tendo de aproveitar produção, locação e atores, e mais uma vez, toda sua
liberdade poética funcionou perfeitamente, mantendo sim a essência do texto de
Lovecraft, apesar de sua livre interpretação. O jovem novo milionário da
Internet, Paul Marsh (Ezra Godden) está de férias com sua namorada, Bárbara
(Raquel Meroño) e seu sócio e esposa, Howard (Brendan Price) e Vicki (Brigit
Bofarull) em um barco na costa espanhola, quando uma súbita tempestade encalha
o barco, e os dois vão procurar ajuda em uma ilha próxima. O que eles não sabem
é que a ilha de Inboca (o equivalente a espanhol para Insmouth) na verdade é um
local maldito, povoada por criaturas híbridas entre humanos e anfíbios,
seguidoras de Dagon, uma daquelas entidades pré-diluvianas que Lovecraft tanto
adorava. O local era próspero outrora, mas quando os peixes começaram a
desaparecer, os locais passaram a cultuar a deidade pagã, o que lhes custou sua
humanidade. Na real a galera precisa oferecer sacrifícios frequentes para
Dagon, e os forasteiros são as pessoas certas para tal. O que se segue, filmado
de forma exímia por Gordon, que mantem sempre o nível de tensão lá em cima com
toda sua capacidade técnica e estilo dinâmico, é a fuga de Paul Marsh por sua
vida. Sem dúvida, um dos grandes momentos literários de Lovecraft foi a
escapada do personagem Robert Olmstead do hotel e perseguido pela população
deformada em “A Sombra Sobre Insmouth”, retratado de forma tão sufocante e
fidedigna pelo diretor. Além disso, há um interessantíssimo subtexto explorando
não só as criaturas mutantes (um lamentável grito racista e xenofóbico de
Lovecraft contra a miscigenação das raças, muito por conta da experiência que
teve durante sua morada na Nova York do início do século passado), mas também a
ordem de Dagon, incluindo aí a presença da sacerdotisa Uxia Cambarro (Macarena
Gómez), filha da entidade marinha com uma humana, que possui tentáculos no
lugar das pernas, e sempre aparecia para Paul Marsh em pesadelos recorrentes,
devido a um laço de sangue desvendado em seu final. Dagon esteve
durante 15 anos em estágio de produção, sem nunca sair do papel. O desejo de
Gordon e Paoli em leva-los as telas remete ao ano de 1985, e provavelmente,
seria feito na sequência de Re-Animator e Do Além (e provavelmente com Combs no elenco). Pelo
bem da adaptação é muito mais interessante que ele não tenha sido realizado
naquela época, com os vícios inerentes das produções oitentistas, podendo
depois de tantos anos receber esse tratamento sério e sombrio, mesmo que
derrape na questão do CGI um tanto quanto tosco, devido ao seu baixo orçamento.
Vários elementos lovecraftianos estão lá, como o Necronomicon, a Ordem
Esotérica de Dagon, as criaturas híbridas, tentáculos e cânticos ritualísticos
proibidos para os Antigos. Vários elementos da tríade Gordon-Yuzna-Paoli também
estão lá, como o gore (notável
a cena quando um pescador é esfolado vivo e tem seu rosto arrancado), o
certeiro timing de ritmo e, claro, a nudez. Ou seja, Dagon é um filmaço para qualquer fã do terror, e
qualquer apreciador da obra de Lovecraft.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/09/10/718-dagon-2001/
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