Direção: Roy
Ward Baker
Roteiro:
Don Houghton
Produção: Don
Houghton, Vee King Shaw, Run Run Shaw e Rumme Shaw (Produtores Executivos – não
creditados)
Elenco: Peter
Cushing, David Chiang, Julie Ege, Robin Stewart, Szu Shih, John
Forbes-Robertson, Shen Chan
Mas era só o que me faltava! Vampiros
que lutam kung-fu? Mas sim, a Hammer conseguiu levar essa premissa adiante
em A Lenda dos Sete Vampiros. Uma caricatura do que o grande
estúdio já foi um dia, agora tentando desesperadamente recuperar o interesse do
público jovem e levá-los aos cinemas, misturando uma história com o Drácula
(porém sem Christopher Lee vestindo a capa e presas) na China, às voltas com um
grupo de irmãos lutadores que gostam de distribuir sopapos por aí. Em primeiro
lugar, é melhor encará-lo como uma comédia trash do que um filme de
terror propriamente dito. Segundo, desde o começo dos anos 70, quando a Casa do
Horror começara a entrar em declínio e sua estética gótica, tão popular e
famosa na década anterior, passou a não gerar o mínimo interesse em novos
espectadores, o estúdio começou a perder muita grana e a Hammer tentou de toda
maneira possível conseguir recuperar seu status quo. Começou aumentando a dose de sangue e colocar belas
garotas nuas nos seus filmes. E quando nada parecia dar certo, eles tiveram a
brilhante ideia de abrir os olhos para o crescente do mercado dos filmes de
kung-fu, por conta do estrondoso sucesso mundial de Bruce Lee. E também
colocando esses mesmos olhos no mercado asiático, eis que a Hammer se uniu a
produtora Shaw Brothers, de Hong Kong, em uma turbulenta parceria, e deu origem
a esse híbrido bizarro de lutas marciais com vampirismo em A Lenda dos
Sete Vampiros. Na boa? É o pior filme da Hammer, sem sombra de dúvida. Talvez o
emergente mercado de filmes de artes marciais fosse uma solução, porém o tiro
saiu pela culatra de forma bisonha. Dirigido pelo já lendário Roy Ward Baker
(com as cenas e suas coreografias de luta sendo dirigidas por Cheh Chang, de
forma não creditada), a trama escrita por Don Houghton parece até piada de mal
gosto: O monge chinês Kah (Shen Chan) resolve ir até a Transilvânia (a pé, pelo
que dá a se entender no começo do filme) barganhar com o Conde Drácula em
pessoa (aqui vivido pelo péssimo John Forbes-Robertson) uma ajuda para trazer
de volta à vida os terríveis sete vampiros dourados que viveram em um ermo
vilarejo chinês, e assim voltar a tomar o controle do seu povoado. Drácula, que
não é lá o sujeito ideal para se pedir ajuda, desdenha de Kah e resolve se
apoderar do corpo do monge, disposto a vagar até a China e trazer os terríveis
vampiros de volta à vida, e assim orquestrar sua vingança contra a humanidade,
escravizando a aldeia, sugar o sangue das virgenzinhas chinesas e tocando o
terror. Passados 100 anos, o destemido Prof. Van Helsing (interpretado pela
última vez por Peter Cushing), promove uma palestra sobre vampiros em uma
universidade da China no comecinho do Século XX, quando é motivo de xacota dos
alunos orientais, exceto Hsi Ching (David Chiang), que precisa da ajuda do
velho caçador para libertar sua aldeia da terrível presença de Drácula e de
seus Sete Vampiros Dourados ressuscitados. Enquanto Ching e seus outros cinco
irmãos e irmãs partem junto de Van Helsig, seu filho Leyland (Robin Stewart) e
a Sra. Vanessa Buren (Julie Ege) que financia a expedição, eles serão atacados
dezenas de vezes pelos vampiros e seus comparsas, apenas para poderem mostrar
todas as suas habilidades nas artes marciais nas cenas de pancadaria, com
vários socos, chutes, voadoras, espadas, lanças, maças, e corações sendo
arrancados com as próprias mãos. Isso até eles conseguirem chegar ao vilarejo,
onde vampiros e carniçais desmortos cavalgam em cavalos e usam máscaras e
armaduras, e o clã Ching tentar liberar seu povo, com Van Helsing travando a
última e definitiva batalha contra sua nêmesis vampiro na história do estúdio
inglês. O eterno Drácula, Christopher Lee, foi convidado para participar do
filme, mas adivinhe só qual foi sua resposta ao ler o roteiro? O papel caiu no
colo de John-Forbes Robertson, que faz um dos piores vampiros mor da história e
ainda ficou puto da vida quando descobriu que foi dublado por outro ator. Isso
quando não vemos a maior parte do tempo, o china Chan Shen na pele do Príncipe
das Trevas. E não tem como passar incólume a fatídica cena em que Peter Cushing
tropeça, cai sobre a brasa e quase parte dessa para uma melhor (se você nunca
viu, está lá devidamente esculhambada no Horrorcast do filme
lá no final do post). A Lenda dos Sete Vampiros foi uma tortuosa jornada
até chegar ao seu produto final, principalmente por conta dos inúmeros
desentendimentos e brigas entre os executivos da Hammer e da Shaw Bros. Pior
ainda que grande parte do elenco e equipe técnica não falavam uma palavra em
inglês (nem “the book is on the table”) e o filme foi totalmente dublado mais
tarde. Nem a trilha sonora contundente do veterano James Bernard consegue se
salvar (e olhe que a Hammer chegou até a lançar um vinil com a narração da
história feita por Cushing e a trilha de Bernard, chamado “The First Kung-Fu
Horror Soundtrack Album”). Mas nada adiantou. Apesar da boa recepção no
oriente, essa mistura nada usual não convenceu os chefões da Warner Bros. que
só lançou o longa nos cinemas americanos SEIS ANOS depois, e ainda com 20
minutos a menos de duração. O que deveria ser um alívio par ao publico. “O
primeiro filme de caratê e vampiro”, como alardeado pela publicidade brasileira
durante seu lançamento nas terras tupiqinquins, A Lenda dos Sete
Vampiros é na verdade uma tristeza. Era para ser divertido, inusitado,
emocionante, mas é apenas um melancólico espectro do que fora a genialidade da
Hammer de outrora, e trágico por em seus últimos suspiros, fazerem qualquer
negócio para ganhar mais algumas libras.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/13/305-a-lenda-dos-sete-vampiros-1974/
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