Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Kim Henkel, Tobe Hooper
Produção: Tobe Hooper, Jay Parsley (Produtor Executivo), Kim Henkel, Richard
Saenz (Produtores Associados)
Elenco: Marilyn Burns, Gunnar Hansen, Edwin Neal,
Allen Danziger
O Massacre da Serra Elétrica de Tobe Hooper é o filme
independente de terror definitivo. Outro daqueles que entra em qualquer lista
que se preze dos melhores do gênero em toda a história do cinema. Além disso,
talvez seja a mais notável e brutal produção da excelente safra surgida nos anos
70. Baseado na história real do famoso serial-killer Ed Gein
(que também inspirou Psicose e O Silêncio dos Inocentes), o filme já começa fazendo questão
de deixar bem claro para o espectador que foi um dos crimes mais macabros
cometidos na história dos EUA. Isso narrado por um desconhecido John Larroquete
até então. Com uma mixaria de orçamento nas mãos, o talento de Hooper realmente
toma conta da situação, entregando uma fita crua, filmada em tom de
documentário, o que consegue nos passar uma assustadora noção de realidade. Não
há quase trilha sonora (apenas barulhos pontuais, grunhidos e o roncar da
motosserra), os ângulos foram extremamente bem planejados para ostakes (para
exatamente suprir a falta de recursos), a saturação da cor, o jogo de luz e
sombra, e a cenografia, tudo muito bem executado por um proeminente novo
diretor que injetou sangue novo no cinema de terror e entregou uma verdadeira
obra prima. E esse choque de realidade é um dos principais motivos pelo
qual O Massacre da Serra Elétrica é tão assustador. Não há uma
garotinha possuída por demônios. Não há vampiros, zumbis ou monstros criados em
laboratório. Há uma família completamente desequilibrada de canibais, que exuma
cadáveres do cemitério, vivendo em uma cidade decadente do sul americano, à
míngua após a falência do matadouro local. O mais notável membro dessa família
é um homem com problemas mentais que costura a pele de suas vítimas e faz
máscaras com seus rostos escalpelados. Por mais que seja exagerado, não é tão
ficcional assim. Ed Gein que nos diga. É um soco no estômago de uma sociedade
que é capaz de criar monstros como aquele. É jogar na latrina e dar descarga
todos os valores morais e a instituição da família e ver como o modo de vida
fora dos subúrbios pode ser deturpado e caótico. Cinco jovens de classe média,
sendo que um deles é aleijado (vai colocar isso em um filme hoje em dia para
ver se o politicamente correto não cai matando de pau em você) vão para uma
cidadezinha no Texas preocupados que a recente onda de roubo de cadáveres do
cemitério local tenha violado o sono eterno de seu avô. Após constarem que está
tudo OK, resolvem visitar a antiga casa onde cresceram Sally e seu irmão
Franklin (o paraplégico). Durante o caminho eles dão carona para o sujeito mais
afetado das redondezas (atuação verossímil até demais de Edwin Neal), que os ataca
dentro do furgão, e mal eles sabem que a partir dali estavam desencadeando uma
série de eventos que os levariam até o covil de Leatherface (Gunnar Hansen),
pai dos assassinos de filmes slasher, e o resto de sua família, digamos,
disfuncional (incluindo o mesmo carona). É cruelmente perturbador e
extremamente angustiante. Sabe, falar qualquer coisa de O Massacre da
Serra Elétrica é meio que chover no molhado. Foi censurado e proibido em
vários países como Inglaterra, Alemanha, Finlândia, Suécia e até aqui no Brasil
da Ditadura Militar. A primeira vez que Leatherface aparece em cena é uma das
cenas mais chocantes do cinema. Enquanto um dos jovens investiga a casa, o
vilão surge de trás de uma porta dando uma marretada violenta e certeira no
rapaz que cai com o corpo estrebuchando no chão. Garanto que quem vê essa cena
da primeira vez nunca mais irá esquecer. Ou então quando a garota é pendurada
em um gancho suspenso na parede para sangrar sobre um balde de metal, como se
fosse um animal no abate, sem a menor piedade para com outro ser humano. Apesar
de até então o cinema ter nos proporcionado grandes vilões, como Norman Bates e
o Dr. Phibes, nenhum foi tão carniceiro quanto Leatherface. Fora que o quarteto
de atores da família canibal, incluindo o pai e o avô mumificado que mais
parece um vampiro, estão muito bem em seus papeis e até certo ponto dá para
duvidar se estão atuando mesmo ou se eles realmente são daquele jeito. A atriz
Marilyn Burns que interpreta Sally, tornou-se a mais histérica Scream
Queen do cinema. E como essa menina grita! Sua atuação é brilhante. E
tudo isso isso graças a maneira de filmagem de Hooper, que vai elevando o nível
de tensão até beirar o insuportável na cena final do “jantar”, onde em
super close-ups de rostos, bocas e olhos arregalados a ponto de
mostrar as veias, entre gritos e risadas de histeria, vai levando o espectador
à loucura conforme a garota prisioneira vai sendo hostilizada pela família. O
Massacre custo 150 mil dólares e faturou 100 milhões ao redor do
mundo, fora o status de cult e exibição até no Festival de
Cannes. Uma pena que Hooper nunca mais acertaria a mão de novo em toda sua
carreira. Começando com a própria sequência do filme, que foi um desastre,
passando por Poltergeist – O Fenômeno onde apenas seguiu o cabresto de
Steven Spielberg e depois as inúmeras bombas que vem fazendo até hoje. Em
2003, O Massacre da Serra Elétrica ganhou uma refilmagem
decente pela Platinum Dunes, produtora de Michael Bay (é de desacreditar né?),
Andrew Form e Brad Fuller, que mais tarde se tornaria a produtora responsável
pelos remakes de filmes clássicos de terror, de A
Morte Pede Carona até A Hora do Pesadelo. Com a direção de
Marcus Nispel, tem Jessica Biel e R. Lee Ermey no elenco. Vale conferir para
ver a modernização do clássico em uma nova linguagem para o público do século
XXI. Não decepciona, mas o original é insuperável. Dez anos depois, em 2013,
mais uma refilmagem, ou continuação direta deste original aqui, filmado e 3D.
Passe longe que é uma bomba sem tamanho (eu mesmo não aguentei ver até o
final).
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/15/307-o-massacre-da-serra-eletrica-1974/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
580 1974 O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA The Texas Chain Saw Massacre
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