sábado, 7 de novembro de 2015

#308 1974 NASCE UM MONSTRO (It’s Alive, EUA)


Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Produção: Larry Cohen, Janelle Cohen (Co-produtora), Peter Sabiston (Produtor Executivo)
Elenco: Joh P. Ryan, Sharon Farrell, James Dixon, William Wellman Jr.  , Shamus Locke, Andrew Duggan, Guy Stockwell

Nasce um Monstro: filme não recomendado para mulheres grávidas. Dirigido por um dos mais prolíficos diretores do cinema trash, Larry Cohen, esta fita, dada suas devidas proporções é mais ou menos como se transpusessem para as telas a fatídica história do bebê diabo paulista, alardeada pelo extinto Notícias Populares. “Médico afirma: o Bebê-Diabo nasceu no ABC (sic)” era a manchete escabrosa. Para quem não conhece a história, uma das mais famosas do NP, o jornal que saia sangue quando você o torcia, o tabloide criou uma série de reportagens sobre o tal “Bebê Diabo” nascido em São Bernardo do Campo, ficcionalizando a notícia do nascimento de um bebê que tinha uma deformidade física (nascera com um prolongamento no cóccix e duas pequenas saliências na testa). A saga do “Bebê-Diabo” arrastou-se por diversas edições do NP (exatamente 37 dias, sendo sempre matéria de capa) e até o Zé do Caixão se envolveu na trama, caçando o tal rebento do capeta por aí para exorcisá-lo. Enfim, elocubrações a parte, essa é a premissa de Nasce um Monstro, mas não um diabo, e tampouco O Bebê de Rosemary, uma das óbvias inspirações deste filme aqui. Um bebê que nasce como uma criatura, vítima de mutações genéticas e deformidades que lhe conferem uma aparência aterradora (nunca revelada por completo, acertadamente, por conta do baixíssimo orçamento) e um terrível instinto assassino (além de super-força, agilidade fora do comum para um recém-nascido e outros tantos absurdos). Os pais do “monstro”, como intitula o título nacional, são o executivo de Relações Públicas Frank (John P. Ryan) e a dona de casa exemplar e amorosa (e meio tapada), Lenore (Sharon Farrell), que já tem um filho saudável, inteligente e normal, Chris (Daniel Holzman), de 11 anos. Acontece que em determinados momentos distintos do filme, um na maternidade logo depois que a criatura nasceu a fórceps e matou toda a equipe médica que fazia o parto e escapar pela claraboia (como ele chegou lá, nunca se saberá…) e outro quando já em casa, o casal é abordado pelo médico da família, levantando que um dos motivos que pode ter resultado nessa mutação foi uma tentativa de aborto e o abuso de pílulas anticoncepcionais, colocando o filme sob um prisma de crítica ao capitalismo e as indústrias farmacêuticas. E Cohen é especialista nisso e em deixar esse tipo de mensagem pairando no ar. É só lembrar outro clássico do diretor, A Coisa, aquele filme do iogurte branco que vicia as pessoas que o come. Com a catástrofe e o monstrinho à solta cometendo mais e mais assassinatos, a vida do casal vira de cabeça para baixo. Frank é obrigado a “tirar férias atrasadas” de seu emprego, bem no momento em que cuidava de uma grande conta, afinal, que tipo de agência de RP quereria um profissional envolvido no escândalo do nascimento do bebê-dia… ops, quer dizer, do bebê-monstro? Lenore entra em depressão pós-parto e uma certa psicose, e o casal, agora em frangalhos, passa a sofrer com discussões constantes, e uma disparidade de sentimentos: o pai, querendo se desassociar daquela criatura, gritando aos quatro ventos que não é seu filho e torcendo para que a polícia capture-o e mate-o; e a mãe, com o instinto maternal gritando alto, querendo proteger o filhote, mantendo-o escondido no porão de casa, tratando a leite e carne crua. Larry Cohen realmente tira leite de pedra e consegue manter um clima constante de suspense em um filme que covenhamos, tem um dos argumentos mais ridículos. Mérito em focar mais no drama familiar, no sensacionalismo da imprensa, na ineficácia policial e na falta de experise em lidar com algo tão inusitado, como um bebê-monstro assassino, e nos interesses corporativos escusos do que nos momentos de terror e gore em si. Rick Baker, famoso maquiador, ganhador do Oscar por Um Lobisomem Americano em Londres quem criou o visual da criaturinha mutante, mas que é visto apenas em vislumbres, ao melhor estilo Hitchcock, para não cair no escracho. Outro recurso técnico interessantíssimo é a visão desfocada quando somos transportados para o ponto de vista do monstro. E falando em Hitchcock, há de se destacar a presença de Bernard Hermann conduzindo a trilha sonora, veterano e monstro sagrado (no bom sentido), que tem entre um dos seus principais tema, a música de Psicose. Outra coisa bem bacana é para os mais velhos e saudosistas, lembrar da capa do VHS de Nasce um Monstro, que víamos na prateleira da locadora, lançado por aqui pela Warner Home Video, que já mostra na lata como é o visual do monstro gordinho rastejando no jardim, cheio de dobrinas como um bom bebê, suas garras e presas, estragando toda e qualquer surpresa. SPOILER da própria distribuidora.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/19/308-nasce-um-monstro-1974/

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