Direção: Alan
Gibson
Roteiro: Don
Houghton
Produção: Roy
Skeggs, Don Houghton (Produtor Executivo)
Elenco:
Christopher Lee, Peter Cushing, Michael Coles, William Franklyn, Freddie Jones,
Joanna Lumley
Os Ritos Satânicos de Drácula é o último filme da Hammer que
traz Christopher Lee como o Conde, papel que o marcaria para toda a vida, e o
colocaria no panteão de um dos maiores astros de terror de todos os tempos. Mas
infelizmente, como vem acontecendo com as produções do estúdio inglês neste
período, não é de se esperar muito não. Ainda mais porque a história é uma
bobagem sem tamanho. Drácula tem um mirabolante e megalomaníaco plano para
dizimar a humanidade através de um poderoso vírus (mais mortal que a peste
negra, segundo o próprio). Mas hein? É isso mesmo que você leu. O vampirão-mor
parece mais um inimigo saindo dos filmes de James Bond ou de uma história em
quadrinhos, do que o outrora Rei dos Cárpatos, aterrorizando e sugando o sangue
de jovens virginais das aldeias próximas. Reflexo este do desespero gritante da
Hammer em conseguir alguns trocados e atrair a atenção do público, atirando
para tudo quanto é lado, assim como, por exemplo, o infame A Lenda dos Sete Vampiros, misturando terror com kung-fu (esse
Lee sabiamente pulou fora do barco ao ler o roteiro). Já havíamos visto o vilão
em plena Londres do século XX no longa anterior, Drácula no Mundo da Minissaia. Então OK, se serve de pretexto, pelo
menos não é a primeira incursão do morto-vivo nos efervescentes anos 70. Mas
daí para amarrar a história do filme em uma intriga de espionagem, onde o Conde
é dono de uma multinacional que quer acabar com a civilização de uma vez por
todas porque está de saco cheio da imortalidade e quer descansar, é demais! Para
combatê-lo, claro, o Van Helsing vivo da vez, mais uma vez interpretado de
forma afiada e impecável pelo galante Peter Cushing. Além de ajudar uma agência
do serviço secreto britânico, tal qual a MI6, com suas dicas infalíveis sobre
rituais satânicos e vampirismo e desbaratar o esquema de Drácula (ou D.D.
Denham, alcunha a qual usa) mancomunado com um seleto grupo de importantes
homens da coroa, como um militar, um empresário latifundiário, um ministro de
serviço de segurança e um cientista prêmio Nobel, Van Helsing ainda irá encarar
seu arqui-inimigo na tentativa de impedir que transforme sua neta, Jessica (a
ruiva Joanna Lumley) em sua concubina do inferno. Outro detalhe importante, a
começar pelo título escolhido pela Casa do Horror (nos EUA foi chamado de
“Count Dracula and his Brides” e ainda cogitou-se no Reino Unido se chamar
“Dracula Is Alive and Well and Living in London”…), é utilizar-se de satanismo
e seitas ocultas como mote para tentar (mais uma vez) atrair o público, que
estava mais interessado em O Bebê de Rosemary e O
Exorcista da
vida do que em filmes góticos com vampiros sanguessugas. Por isso, além de toda
a trama sem o menor sentido, ainda veremos várias missas negras sendo
praticadas. O que fica mais evidente é que Don Houghton, o roteirista do filme,
poderia muito bem ter substituído a figura do Conde por qualquer outro vilão,
que talvez funcionasse muito melhor. Mas fato é que alguns momentos são
bastante interessantes, e que diabos, o filme é divertido e tem lá sua dose de
entretenimento. Muito bacana a hora em que o covil das garotas transformadas em
vampiras é descoberto no porão de uma mansão, e Jessica xeretando por ali é
atacada por essas escravas de Drácula. Outro momento interessantíssimo é quando
um dos cupinchas enganados por Drácula é infectado com o vírus e sua pele
começa a derreter e ficar horrivelmente deformada. Outros, entretanto, são de
dar dó, como o diálogo canastríssimo entre Denham e Van Helsing (como se suas
intenções já não fossem toscas o suficiente) e todos do grupo de assassinos
treinados a mando da organização que se parecem com o Patropi (pô meu, você
parece que não sei…). Mas claro que o auge da fita é a última, definitiva e
aguardada batalha entre Drácula e Van Helsing. Obviamente o maniqueísmo
irritante dos filmes da Hammer farão com que o Conde se dê mal mais uma vez e o
bem triunfe sobre o mal. Mas agora de uma forma completamente inusitada
(leia-se esdrúxula).
Alerta
de SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Tiraram de não sei onde que arbustos
espinhentos são mortíferos para vampiros. Então o tonto do Drácula tenta
atravessar uma espinheira para pegar Van Helsing de pau e cai todo
destrambelhado agonizando de dor no chão. Ah qual é? Vampiros derrotados por
plantas espinhentas??? Desde quando??? Aí só cabe ao professor intrépido
arrancar uma cerca e usá-la como estaca, fincando no coração do monstro.
Detalhe muito legal é que Drácula morre quase como um Jesus Cristo às avessas,
deitado no chão com os braços abertos em forma de cruz e uma coroa de espinhos
na testa. Lançado no Brasil pelo selo Dark Side da Works Editora, Os Ritos
Satânicos de Drácula merece sim uma chance de ser visto, por completar,
depois de outros sete títulos, que se iniciaram em O Vampiro da Noite de 1958, uma das mais famosas franquias do cinema
de terror com o monstro mais popular de todos os tempos. Longa vida à
Christopher Lee como Drácula.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/23/312-os-ritos-satanicos-de-dracula-1974/
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