domingo, 8 de novembro de 2015

#312 1974 RITOS SATÂNICOS DE DRÁCULA (The Satanic Rites of Dracula, Reino Unido)


Direção: Alan Gibson
Roteiro: Don Houghton
Produção: Roy Skeggs, Don Houghton (Produtor Executivo)
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Michael Coles, William Franklyn, Freddie Jones, Joanna Lumley

Os Ritos Satânicos de Drácula é o último filme da Hammer que traz Christopher Lee como o Conde, papel que o marcaria para toda a vida, e o colocaria no panteão de um dos maiores astros de terror de todos os tempos. Mas infelizmente, como vem acontecendo com as produções do estúdio inglês neste período, não é de se esperar muito não. Ainda mais porque a história é uma bobagem sem tamanho. Drácula tem um mirabolante e megalomaníaco plano para dizimar a humanidade através de um poderoso vírus (mais mortal que a peste negra, segundo o próprio). Mas hein? É isso mesmo que você leu. O vampirão-mor parece mais um inimigo saindo dos filmes de James Bond ou de uma história em quadrinhos, do que o outrora Rei dos Cárpatos, aterrorizando e sugando o sangue de jovens virginais das aldeias próximas. Reflexo este do desespero gritante da Hammer em conseguir alguns trocados e atrair a atenção do público, atirando para tudo quanto é lado, assim como, por exemplo, o infame A Lenda dos Sete Vampiros, misturando terror com kung-fu (esse Lee sabiamente pulou fora do barco ao ler o roteiro). Já havíamos visto o vilão em plena Londres do século XX no longa anterior, Drácula no Mundo da Minissaia. Então OK, se serve de pretexto, pelo menos não é a primeira incursão do morto-vivo nos efervescentes anos 70. Mas daí para amarrar a história do filme em uma intriga de espionagem, onde o Conde é dono de uma multinacional que quer acabar com a civilização de uma vez por todas porque está de saco cheio da imortalidade e quer descansar, é demais! Para combatê-lo, claro, o Van Helsing vivo da vez, mais uma vez interpretado de forma afiada e impecável pelo galante Peter Cushing. Além de ajudar uma agência do serviço secreto britânico, tal qual a MI6, com suas dicas infalíveis sobre rituais satânicos e vampirismo e desbaratar o esquema de Drácula (ou D.D. Denham, alcunha a qual usa) mancomunado com um seleto grupo de importantes homens da coroa, como um militar, um empresário latifundiário, um ministro de serviço de segurança e um cientista prêmio Nobel, Van Helsing ainda irá encarar seu arqui-inimigo na tentativa de impedir que transforme sua neta, Jessica (a ruiva Joanna Lumley) em sua concubina do inferno. Outro detalhe importante, a começar pelo título escolhido pela Casa do Horror (nos EUA foi chamado de “Count Dracula and his Brides” e ainda cogitou-se no Reino Unido se chamar “Dracula Is Alive and Well and Living in London”…), é utilizar-se de satanismo e seitas ocultas como mote para tentar (mais uma vez) atrair o público, que estava mais interessado em O Bebê de Rosemary e O Exorcista da vida do que em filmes góticos com vampiros sanguessugas. Por isso, além de toda a trama sem o menor sentido, ainda veremos várias missas negras sendo praticadas. O que fica mais evidente é que Don Houghton, o roteirista do filme, poderia muito bem ter substituído a figura do Conde por qualquer outro vilão, que talvez funcionasse muito melhor. Mas fato é que alguns momentos são bastante interessantes, e que diabos, o filme é divertido e tem lá sua dose de entretenimento. Muito bacana a hora em que o covil das garotas transformadas em vampiras é descoberto no porão de uma mansão, e Jessica xeretando por ali é atacada por essas escravas de Drácula. Outro momento interessantíssimo é quando um dos cupinchas enganados por Drácula é infectado com o vírus e sua pele começa a derreter e ficar horrivelmente deformada. Outros, entretanto, são de dar dó, como o diálogo canastríssimo entre Denham e Van Helsing (como se suas intenções já não fossem toscas o suficiente) e todos do grupo de assassinos treinados a mando da organização que se parecem com o Patropi (pô meu, você parece que não sei…). Mas claro que o auge da fita é a última, definitiva e aguardada batalha entre Drácula e Van Helsing. Obviamente o maniqueísmo irritante dos filmes da Hammer farão com que o Conde se dê mal mais uma vez e o bem triunfe sobre o mal. Mas agora de uma forma completamente inusitada (leia-se esdrúxula).
Alerta de SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Tiraram de não sei onde que arbustos espinhentos são mortíferos para vampiros. Então o tonto do Drácula tenta atravessar uma espinheira para pegar Van Helsing de pau e cai todo destrambelhado agonizando de dor no chão. Ah qual é? Vampiros derrotados por plantas espinhentas??? Desde quando??? Aí só cabe ao professor intrépido arrancar uma cerca e usá-la como estaca, fincando no coração do monstro. Detalhe muito legal é que Drácula morre quase como um Jesus Cristo às avessas, deitado no chão com os braços abertos em forma de cruz e uma coroa de espinhos na testa. Lançado no Brasil pelo selo Dark Side da Works Editora, Os Ritos Satânicos de Drácula merece sim uma chance de ser visto, por completar, depois de outros sete títulos, que se iniciaram em O Vampiro da Noite de 1958, uma das mais famosas franquias do cinema de terror com o monstro mais popular de todos os tempos. Longa vida à Christopher Lee como Drácula.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/23/312-os-ritos-satanicos-de-dracula-1974/

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