domingo, 22 de novembro de 2015

#709 2000 ECLIPSE MORTAL (Pitch Black, EUA)


Direção: David Twohy
Roteiro: Jim Wheat, Ken Wheat, David Twohy
Produção: Tom Engelman; Ted Field, Scott Kroopf, Anthony Winley
Elenco: Vin Diesel, Radha Mitchell, Cole Hauser, Keith David, Lewis Fitz-Gerald, Claudia Black, Rhiana Griffith

Lá em meados do ano 2000, quando trabalhava em um subemprego numa loja de shopping com meus recém-adquiridos 18 anos, época que estreou no Brasil o filme Eclipse Mortal, toda hora rolava um spot na Rádio Mix sobre o filme (a estação de rádio ficava sintonizada na loja o fucking dia inteiro – ou isso, ou o maldito CD acústico do Capital Inicial). Até que fui assisti-lo no cinema do mesmo shopping, certa tarde antes do expediente. Gostei do filme, e sinceramente ainda gosto, porque ele é um típico sci-fi B, porém com um grande estúdio por trás, no caso a Universal, que dá um giro de 360º em sua metade final, deixando de ser apenas um faroeste estelar de mocinho e bandido para virar um clássico filme de horror com criaturas carnívoras que espreitam no escuro um grupo de sobreviventes encrencados até o fio de cabelo. E gente, Vin Diesel, como assim? Pré-Velozes e Furiosos, que tornou o Cafuçu a maior aposta do cinema de ação daquele começo de década, encarnando o assassino-badass-prisioneiro-fugitivo Richard B. Riddick, que acabou protagonizando dois outros filmes (e até animações), inclusive um deles sendo toda uma superprodução hollywoodiana (fracasso de bilheteria, diga-se de passagem), e tudo isso quem diria, spin-off de uma ficção científica obscura. Bem, como falei, a primeira metade de Eclipse Mortal é focado no trágico destino dos passageiros da nave de transporte Hunter/Gratzner, que carregava 40 pessoas a bordo, mas durante uma chuva de meteoros que a avaria, é obrigada a fazer um pouso forçado em um planeta desértico desolado com três sóis (haja Coppertone!). Apenas 11 sobrevivem, incluindo Riddick, a comandante Carolyn Fry (Radha Mitchell) e o mercenário William J. Johns (Cole Hauser), responsável pela prisão do fora da lei intergaláctico. Vemos o infortúnio dos sobreviventes naquele local árido, onde nunca anoitece, filmado no deserto de Queensland, na Austrália (mesma locação de Mad Max – Além da Cúpula do Trovão), destacado hora pela fotografia estourada em laranja dos dias, ora azulada das “noites” (ótimo trabalho de David Eggby (mesmo diretor do fotografia do primeiro Mad Max ainda com o Mel Gibson), sempre à sombra do medo que Riddick representa, sem imaginar que algo muito pior espreita na escuridão. A cada 22 anos um eclipse total atinge aquele planeta, e foi o que resultou no desaparecimento de toda a equipe de mineração que fazia pesquisas no local, dizimada por criaturas aladas que parecem uma mistura de tubarão martelo com o Alien (desenvolvidas por Patrick Tatopoulos, responsável por Independence Day e Godzilla de Rolland Emerich), fotossensíveis à claridade e sedentas por carne humana. E adivinha na véspera de que os tripulantes foram parar ali? Todos passam a ser caçados pelos mortais alienígenas e a única coisa que consegue mantê-los afastado é a pouca quantidade de luz que conseguem carregar consigo, e apenas enquanto essa luz não se extinguir. E de vilão, Riddick se torna o óbvio anti-herói e única esperança do bando, uma vez que Carolyn tenta manter o mínimo de liderança, atormentada pela quase escolha em se salvar durante a queda sacrificando todos a bordo, e Johns é um babaca machista odioso viciado em morfina que está mais preocupado em sua vingancinha pessoal e entregar a cabeça do fugitivo por uma boa grana. Além do mais, o personagem de Diesel é o único que tem a habilidade de enxergar no escuro, uma vez que suas retinas foram geneticamente modificadas quando passou vinte anos em uma prisão completamente escura. Eclipse Mortal vai ser aquela amálgama de filme de ação, uma vez que né, temos Vin Diesel sendo o todo fodão, fazendo o que ele sabe fazer de melhor com seus músculos, já que no ramo das atuações não se pode esperar muita coisa do marombado (sua melhor interpretação foi a voz do Groot, em Guardiões da Galáxia) com sci-fi e terror, e é nessa parte que o filme pega, onde apenas depois de uma hora de exibição que as criaturas vão começar a dar forma, e fica instalado aquele velho clima de claustrofobia e paranoia, aos melhores moldes de Alien – O Oitavo Passageiro (e com um clima que me lembra bastante Alien 3) e O Enigma de Outro Mundo de John Carpenter. Ah, na real essa semelhança em atmosfera com o terceiro filme da franquia da barata espacial xenomorfa não é a toa. O diretor e roteirista David Twohy (que coescreveu Eclipse Mortal junto de Jim e Ken Wheat) foi um dos que se meteram com um dos vários exemplares de roteiros abandonados e reescritos de Alien 3. A peça que ele escreveu em 1988 foi rejeitada pela FOX, apesar de alguns de seus conceitos terem sido aproveitados na versão final do filme de David Fincher, como a prisão de segurança máxima e seus prisioneiros de moralidade ambígua, elementos também presentes aqui na figura do Riddick, que poderia muito bem ter sido um fugitivo de Fiorina Fury 161. Fato é que de uma produção de ficção científica de baixo orçamento, Diesel preparou seu caminho para a milionária franquia dos carros tunados, e ainda conseguiu fazer lá sua graça com Riddick durante a fase de ouro do seu estrelato como herói de ação do novo século (e agora novamente já em sua fase “decadente”). Tanto que na versão final do script, o personagem seria morto, mais o grupo de envolvidos viu potencial no personagem e em seu background. Fora isso, um clima pesado, árido, efeitos especiais bacanas e bons momentos de suspense e sangue (vale a pena assistir a versão do diretor sem cortes), tornam a diversão de Eclipse Mortal garantida para os fãs do gênero.
FONTE: http://101horrormovies.com/2015/08/26/709-eclipse-mortal-2000/

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