Direção: Bob Clark
Roteiro: Roy
Moore
Produção: Bob
Clark, Gerry Arbeid (Co-Produtor), Richard Schouten (Produtor Associado),
Findlay Quinn (Produtor Executivo)
Elenco: Olivia
Hussey, Keir Dullea, Margot Kidder, John Saxon, Marian Waldman, Andrea Martin
Quem diria que Bob Clark, mesmo
diretor de Porky’s – A Casa do Amor e do Riso, foi o responsável pela
gênese do slasher, com o filme Noite de
Terror? Isso depois de já ter dirigido dois excelentes filmes de
zumbi:Children
Shouldn’t Play With Dead Things e Deathdream.
Pois é, todo o conceito por trás dos filmes slasher, com adolescentes
sendo perseguidas por um maníaco psicopata, que teve um boom nos anos
80, se deve a este obscuro e pouco conhecido filme de Clark. Se Michael Myers e
Jason Voohrees fizeram muitas vítimas por aí, a culpa é de Billy, o assassino
psicótico e sombrio de Noite de Terror. E mais, se é moda até hoje,
quarenta anos depois, vermos filmes de terror se passando em fraternidades
estudantis em universidades, o mérito também é desta película que vos lhes
falo. Escrito por Roy Moore, inspirado em grande parte em uma série de crimes
que assolou a cidade de Québec, no Canadá, durante as vésperas do Natal,Noite
de Terror segue os assassinatos que acontecem dentre da casa da
fraternidade de uma universidade, antes do tradicional feriado festivo, aqui,
transformado em um inferno graças a um psicopata que passa trotes obscenos para
as garotas (foram três vozes usadas para esses trotes, do próprio Bob Clark, do
ator Nick Mancuso e de uma atriz não creditada) e começa a matá-las uma por
uma. A primeira vítima é Clare (Lynne Griffin), morta asfixiada em seu próprio
quarto e depois levada para o porão. Só que acontece que o pai de Clare, o Sr.
Harrison (James Edmond) foi visitá-la e ela não foi ao seu encontro.
Preocupadas com o desaparecimento da garota, suas amigas, Barb (Margot Kidder,
a eterna Lois Lane) e Phyl (Andrea Martin), junto do pai de Clare e seu
namorado, Chris (Art Hindle), resolvem procurar a polícia. Enquanto a cidade
toda se envolve em uma busca frenética, a Sra. Mac (Maria Waldman, papel
oferecido primeiramente para Bette Davis), dona da casa onde as garotas moram e
alcoólatra inveterada, que esconde garrafinhas de uísque por todo o local, é
morta pendurada por um gancho antes de viajar para a casa de suas irmãs para
passar o Natal. Enquanto isso, Jess (Olivia Hussey), outra moradora da
fraternidade, está em um dilema amoroso com seu namorado, Peter (Keir Dullea –
papel recusado por Malcom McDowell), pois a moça está grávida e quer abortar a
criança, algo que o rapaz é terminantemente contra, e começa a mostrar certo
destempero psicológico e agressividade com esse assunto, que vai dando a
entender que talvez ele seja o assassino. A polícia não consegue nenhuma pista,
com a investigação sendo conduzida pelo tenente Fuller (vivido por John Saxon,
famoso conhecido dos fãs de horror por ter feito o papel do pai da Nancy no
primeiro A Hora do Pesadelo – onde também era policial), e a contagem
de cadáveres só aumenta, assim como os esquisitos telefonemas. Ponto chave
de Noite de Terror é sabermos que o assassino em todo momento está no
sótão da casa, colecionando seus corpos, e respirando pesadamente entre seus
surtos de loucura, telefonando para as garotas do próprio andar de cima. Há
outros dois pontos importantíssimos a se considerar, que são simplesmente
incríveis neste filme: o primeiro é que nunca vemos realmente que é o
assassino. Não é um maluco mascarado que sai matando a torto e a direito. Só
vemos geralmente um vulto, ouvimos uma respiração ofegante, algum esgar de
insanidade e muitas das vezes, estamos olhando sob seu ponto de vista. O
segundo é o fodástico final, quando somos enganados por Bob Clark, tanto com
relação à identidade do assassino quanto a própria segurança da única
sobrevivente, sendo que os últimos frames mostram o final retumbante e
atmosférico reservado para Noite de Terror, principalmente por terem
optado não utilizar uma música de encerramento enquanto sobem os créditos,
apenas o tocar do telefone. Isso sem contar o sutil (e até doentio) humor negro
que Bob Clark adorava imprimir em seus filmes, para servir com um nervoso
desvio cômico de uma situação perversa, principalmente na figura do pateta
policial sargento Nash (Doug McGrath). Outra bola dentro é a música sinistra e
bizarra de Carl Zitter, além de todos os acertos do departamento de som. O
clima e ritmo são carregados de suspense e Clark também merece total mérito por
isso. O próprio nome original, “Black Christmas”, é ideia de Clark, que queria
que o filme se chamasse inicialmente “Too Drunk” (oi???), mas preferiu o título
por misturar essa sensação incômoda de uma onda de crimes horrendos na suposta
data mais festeira do ano. A Warner Bros. ao lançar o filme nos EUA, como medo
que “Black Christmas” fosse confundido com um filme blaxploitation (plausível
naquela época, vai), alterou-o para “Silent Night, Evil Night”. A recepção não
foi nem um pouco boa nas bilheterias e os chefões do estúdio voltaram atrás,
relançando-o com o título original. Outro detalhe curiosíssimo é que quando
exibido na TV americana pela NBC (agora com o título “Strangers in the House”)
no horário nobre, foi sumariamente tirado do ar por ser “muito assustador”.
Boa, Bob Clark! Fora que em 2006, ganhou um remake dirigido por Glen Morgan,
que no Brasil levou o literal nome de Natal Negro. Noite de Terror é
um baita filme, isso não tem como negar. E mesmo que a bilheteria e crítica não
tivessem sido as mais favoráveis, ganhou um tremendo reconhecimento tardio e
tornou-se um cult, considerado hoje como um clássico. Ficou ofuscado pelo
lançamento de uma caralhada de filmes slasher na década seguinte, mas
claramente é muito superior que todos eles. E inegável sua influência,
principalmente para que John Carpenter nos brindasse com Halloween – A
Noite do Terror quatro anos mais tarde, e servisse de inspiração
rasgada para Mensageiro da Morte em 1979, que originalmente seria uma
continuação de Noite de Terror, mas lançado de forma independente.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/11/20/309-noite-de-terror-1974/
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