sábado, 7 de novembro de 2015

#309 1974 NOITE DE TERROR (Black Christmas, Canadá)


Direção: Bob Clark
Roteiro: Roy Moore
Produção: Bob Clark, Gerry Arbeid (Co-Produtor), Richard Schouten (Produtor Associado), Findlay Quinn (Produtor Executivo)
Elenco: Olivia Hussey, Keir Dullea, Margot Kidder, John Saxon, Marian Waldman, Andrea Martin

Quem diria que Bob Clark, mesmo diretor de Porky’s – A Casa do Amor e do Riso, foi o responsável pela gênese do slasher, com o filme Noite de Terror? Isso depois de já ter dirigido dois excelentes filmes de zumbi:Children Shouldn’t Play With Dead Things e Deathdream. Pois é, todo o conceito por trás dos filmes slasher, com adolescentes sendo perseguidas por um maníaco psicopata, que teve um boom nos anos 80, se deve a este obscuro e pouco conhecido filme de Clark. Se Michael Myers e Jason Voohrees fizeram muitas vítimas por aí, a culpa é de Billy, o assassino psicótico e sombrio de Noite de Terror. E mais, se é moda até hoje, quarenta anos depois, vermos filmes de terror se passando em fraternidades estudantis em universidades, o mérito também é desta película que vos lhes falo. Escrito por Roy Moore, inspirado em grande parte em uma série de crimes que assolou a cidade de Québec, no Canadá, durante as vésperas do Natal,Noite de Terror segue os assassinatos que acontecem dentre da casa da fraternidade de uma universidade, antes do tradicional feriado festivo, aqui, transformado em um inferno graças a um psicopata que passa trotes obscenos para as garotas (foram três vozes usadas para esses trotes, do próprio Bob Clark, do ator Nick Mancuso e de uma atriz não creditada) e começa a matá-las uma por uma. A primeira vítima é Clare (Lynne Griffin), morta asfixiada em seu próprio quarto e depois levada para o porão. Só que acontece que o pai de Clare, o Sr. Harrison (James Edmond) foi visitá-la e ela não foi ao seu encontro. Preocupadas com o desaparecimento da garota, suas amigas, Barb (Margot Kidder, a eterna Lois Lane) e Phyl (Andrea Martin), junto do pai de Clare e seu namorado, Chris (Art Hindle), resolvem procurar a polícia. Enquanto a cidade toda se envolve em uma busca frenética, a Sra. Mac (Maria Waldman, papel oferecido primeiramente para Bette Davis), dona da casa onde as garotas moram e alcoólatra inveterada, que esconde garrafinhas de uísque por todo o local, é morta pendurada por um gancho antes de viajar para a casa de suas irmãs para passar o Natal. Enquanto isso, Jess (Olivia Hussey), outra moradora da fraternidade, está em um dilema amoroso com seu namorado, Peter (Keir Dullea – papel recusado por Malcom McDowell), pois a moça está grávida e quer abortar a criança, algo que o rapaz é terminantemente contra, e começa a mostrar certo destempero psicológico e agressividade com esse assunto, que vai dando a entender que talvez ele seja o assassino. A polícia não consegue nenhuma pista, com a investigação sendo conduzida pelo tenente Fuller (vivido por John Saxon, famoso conhecido dos fãs de horror por ter feito o papel do pai da Nancy no primeiro A Hora do Pesadelo – onde também era policial), e a contagem de cadáveres só aumenta, assim como os esquisitos telefonemas. Ponto chave de Noite de Terror é sabermos que o assassino em todo momento está no sótão da casa, colecionando seus corpos, e respirando pesadamente entre seus surtos de loucura, telefonando para as garotas do próprio andar de cima. Há outros dois pontos importantíssimos a se considerar, que são simplesmente incríveis neste filme: o primeiro é que nunca vemos realmente que é o assassino. Não é um maluco mascarado que sai matando a torto e a direito. Só vemos geralmente um vulto, ouvimos uma respiração ofegante, algum esgar de insanidade e muitas das vezes, estamos olhando sob seu ponto de vista. O segundo é o fodástico final, quando somos enganados por Bob Clark, tanto com relação à identidade do assassino quanto a própria segurança da única sobrevivente, sendo que os últimos frames mostram o final retumbante e atmosférico reservado para Noite de Terror, principalmente por terem optado não utilizar uma música de encerramento enquanto sobem os créditos, apenas o tocar do telefone. Isso sem contar o sutil (e até doentio) humor negro que Bob Clark adorava imprimir em seus filmes, para servir com um nervoso desvio cômico de uma situação perversa, principalmente na figura do pateta policial sargento Nash (Doug McGrath). Outra bola dentro é a música sinistra e bizarra de Carl Zitter, além de todos os acertos do departamento de som. O clima e ritmo são carregados de suspense e Clark também merece total mérito por isso. O próprio nome original, “Black Christmas”, é ideia de Clark, que queria que o filme se chamasse inicialmente “Too Drunk” (oi???), mas preferiu o título por misturar essa sensação incômoda de uma onda de crimes horrendos na suposta data mais festeira do ano. A Warner Bros. ao lançar o filme nos EUA, como medo que “Black Christmas” fosse confundido com um filme blaxploitation (plausível naquela época, vai), alterou-o para “Silent Night, Evil Night”. A recepção não foi nem um pouco boa nas bilheterias e os chefões do estúdio voltaram atrás, relançando-o com o título original. Outro detalhe curiosíssimo é que quando exibido na TV americana pela NBC (agora com o título “Strangers in the House”) no horário nobre, foi sumariamente tirado do ar por ser “muito assustador”. Boa, Bob Clark! Fora que em 2006, ganhou um remake dirigido por Glen Morgan, que no Brasil levou o literal nome de Natal Negro. Noite de Terror é um baita filme, isso não tem como negar. E mesmo que a bilheteria e crítica não tivessem sido as mais favoráveis, ganhou um tremendo reconhecimento tardio e tornou-se um cult, considerado hoje como um clássico. Ficou ofuscado pelo lançamento de uma caralhada de filmes slasher na década seguinte, mas claramente é muito superior que todos eles. E inegável sua influência, principalmente para que John Carpenter nos brindasse com Halloween – A Noite do Terror quatro anos mais tarde, e servisse de inspiração rasgada para Mensageiro da Morte em 1979, que originalmente seria uma continuação de Noite de Terror, mas lançado de forma independente.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/20/309-noite-de-terror-1974/

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