Direção: John ‘Bud’ Cardos
Roteiro: Richard Robinson e
Alan Cailou, Jeffrey M. Sneller e Stephen Lodge (história original)
Produção: Igor Kantor,
Jeffrey M. Sneller, J. Brad Johnson (Produtro Associado), Henry Fownes
(Produtor Executivo)
Elenco: William
Shatner, Tiffany Bolling, Woody Strode, Lieux Dressler, David McLean, Natasha
Ryan
Durante os anos 70,
principalmente por conta do estrondoso sucesso deTubarão, o subgênero eco-horror,
onde a fauna resolve contra-atacar e mostrar sua fúria aos humanos, foi
proliferando como uma verdadeira praga. Era corriqueiro o público se de deparar
com filmes de terror onde os vilões eram aranhas, formigas, abelhas, ratos,
piranhas, crocodilos, e isso sem contar os tantos e tantos spin
offs do filme de Spielberg. E O Império das Aranhas é mais um exemplar deste
gênero. Uma espécie de avô do Aracnofobia, famoso filme dos anos 90 (que
tem um dedo do próprio Steven Spielberg), O Império das Aranhas traz
William Shatner no papel principal, que resolveu combater ameaças mais
mundanas, como esses terríveis aracnídeos que passam a infestar uma cidade
rancheira dos EUA, ao invés de males intergaláticos como Capitão Kirk da
primeira geração da série e filmes de Jornada nas Estrelas. Dirigido por John
“Bud” Cardos e com um orçamento de 50 mil dólares, o filme, feito em época que
o CGI não existia, utilizou CINCO MIL tarântulas de verdade nas filmagens. Leu
direito aí? CINCO MIL! Ou seja, isso por si só para alguns já é motivo de
pânico, terror e aflição ao ver aquelas aranhas peludonas andando nos membros e
rostos dos corajosos atores e atrizes. Detalhe é que deste orçamento, 5 mil
foram gastos nas bichinhas, porque os produtores ofereceram 10 dólares por
espécime. Infelizmente (ou felizmente se você tem pavor de aranhas), eles não
puderam alegar que “nenhum animal foi morto ou ferido durante as filmagens”,
porque uma cacetada delas morreu, tanto por mudanças climáticas, quanto
atropeladas e esmagadas na cena do pandemônio na cidade, ou por membros da
própria equipe técnica. Fora o trabalhão de manuseio dos animais, já que todas
tinham de ser guardadas separadamente após o fim do dia, pois as tarântulas são
canibais e acabariam comendo umas as outras. A história me lembra bastante a
ambientação de outra dessas bombas animais setentistas que é A Noite dos Coelhos, exatamente pelo homem ter de lidar com uma praga
que assola uma região desértica dos EUA, atrapalhando a pecuária local. Vale
lembrar também da podreira mor quando se fala dessas criaturas de quatro patas
que é A Invasão das Aranhas Gigantes, que igualmente se passa em uma
dessas cidades no meio do deserto. Pelo jeito, deserto e aranhas estão
intrinsecamente ligados no cinema de terror. Pois bem, Shatner é o veterinário
e caubói Robert “Rack” Hansen, que ao ser chamado para examinar a estranha
morte de um gado premiado de uma fazenda da cidade, recebe a ajuda in
loco da loiraça Diane Ashley (Tiffany Bolling, que ganhou o papel
principal exatamente por não ter medo das aranhas), entomologista da
Universidade de Flagstaff, no Arizona, para investigar a causa mortis. O
que acontece é que eles se deparam com gigantescos ninhos de tarântulas
crescendo desordenadamente por conta de um desequilíbrio do ecossistema da
região, graças ao excessivo uso de pesticidas para acabar com as pragas. Sem
ter o que comer, a insurreição aracnídea encontra uma nova fonte de alimento: o
gado, cães e lógico, os humanos. Mas as autoridades não querem tomar nenhuma
medida drástica, pois há uma feira do condado em duas semanas, e ninguém quer
perder o dinheiro que turistas injetarão na cidade. Típico do eco-horror!
Pois bem, passando a chatíssima primeira metade do filme, onde somos obrigados
a aguentar toda a canastrice de Shatner e seu estereótipo galã-caubói-machão
dando em cima da Dra. Ashley, que obviamente irá cair nos seus encantos, e um
drama dele ter perdido seu irmão no Vietnã, que deixou esposa (que agora é
apaixonada pelo cunhado) e filha para o irmão tomar conta, tudo regado a música
country cafoníssima, o filme realmente engrena ao se aproximar de seu terceiro
ato. A infestação de aranhas foge do controle e veremos então a contagem de
cadáveres aumentar, primeiro começando por Walter Coby (Woody Strode) dono da
fazenda onde os ninhos surgiram, que é encontrado envolto em uma sinistro
casulo de teia, seguindo pela ex-cunhada de Shatner, morta por várias picadas
venenosas, ficando com o rosto completamente deformado, e a esposa de Colby,
Birch (Altovise Davis), que atacada pelos animais, tenta se defender com um
revólver e acaba decepando seus próprios dedos ao atirar na aranha que subia em
sua mão. Enquanto os heróis, a garotinha e mais um grupo de locais se refugiam
em uma pousada, lutando por suas vidas, no centro da cidade um verdadeiro
pandemônio se inicia, com as pessoas tentando fugir em pânico, sendo atacadas
por uma vastidão sem fim de aranhas. Crianças, jovens e velhos acabam tendo um
destino trágico. Elas não escolhem sexo, cor, credo, idade nem nada para fazer
uma boquinha e enrolar os moradores em um emaranhado de teia. Fora acidentes
causados pela própria fuga em massa dos moradores, como acontece com o xerife,
que quase tem seu carro virado pelos revoltosos e acaba morrendo esmagado pela
caixa d’água da cidade que cai em cima de seu veículo após um acidente. Mas o
ponto mais positivo do filme é justamente o seu desfecho surpreendente, e a
sinistra forma como ele é mostrado (mesmo que visualmente tosco, por se tratar
de um óbvio desenho), mostrando como os humanos perderam essa batalha contra a
natureza. O Império das Aranhas é um dos mais famosos filmes deste
subgênero dos anos 70, muito popular na época (faturou 170 milhões de dólares)
e campeão de reprises na televisão aberta e fechada. Claro, que muito deste
sucesso é por conta da presença de William Shatner no elenco. Mas fora isso, é
um filme redondo, que impressiona pelo uso de aranhas vivas, conseguindo
driblar a limitação financeira impondo no espectador um medo físico e real.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/21/352-o-imperio-das-aranhas-1977/
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