Direção: Graham Baker
Roteiro:Andrew Brikin
Produção: Harvey Bernhard,
Andrew Birkin (Produtor Associado), Richard Donner (Produtor Executivo)
Elenco: Sam Neill, Rossano
Brazzi, Don Gordon, Lisa Harrow, Barnaby Holm, Mason Adams
A saga do Anticristo, o
capeta em forma de guri Damien Thorn, termina de uma forma deprimente aqui
em A Profecia III – O Conflito Final. Puta babaquice maniqueísta
carola judaico-cristã que mesmo com toda blasfêmia e heresia do decorrer da
fita, consegue entregar um final clichê ridículo, um pastiche religioso com
citações bíblicas, músicas de louvor e imagens santificadas, que jogam no lixo
um enredo com um tremendo potencial. Tá, convenhamos que nunca que Hollywood
deixaria que a trilogia se encerrasse de forma pessimista, com o cramunhão
ganhando. Já foi um avanço ele ter se safado nos dois primeiros filmes, e o
“mal” ter vencido no final todas as tentativas de Damien ser destruído.
Enquanto A Profecia é
um dos grandes clássicos do cinema de terror e deu origem a mitologia do filho
das trevas que irá trazer o Apocalipse para a Terra, a sequência
caça-níquel Damien: A
Profecia II fez o nível cair por apostar no mais do mesmo e a
sua conclusão aqui, dirigida por Graham Baker, tinha tudo para ser
arrebatadora, mas como disse lá em cima, e com perdão do trocadilho, peca, e
muito, em seu final. Mas vamos lá, não colocaremos a carroça na frente dos
bois. O roteirista Andrew Birkin pega o personagem criado originalmente por
David Seltzer e o coloca agora como um adulto, no auge do poder e influência
com seus 32 anos. Uma aposta extremamente acertada, pois um dos pontos
perturbadores era justamente o fato de uma criança e depois um pré-adolescente
ser o vilão da série nos dois filmes anteriores. E o escalado para viver Damien
foi o ótimo Sam Neill, um dos meus atores preferidos (muito por conta de um
moleque de 11 anos ter assistido Jurassic Park no cinema, e em seus disparates
de querer ser paleontólogo, adorava o Dr. Alan Grant). Esse megalomaníaco
Damien agora tem um séquito de seguidores, controla a opinião pública por conta
do seu trabalho filantrópico nas Indústrias Thorn, maquina guerras entre
países, é pré-candidato ao senado americano, tem o presidente comendo na sua
mão e ainda consegue o importante cargo de embaixador na Inglaterra (mesmo
cargo de seu pai adotivo, papel de Gregory Peck de A
Profecia original) e presidente do Conselho Juvenil da ONU. Tudo para
moldar o planeta para que o juízo final comece a tomar forma e aquela coisa
toda. Só que uma ameaça poderá colocar os planos do filho do Belzebu em risco:
a segunda vinda de Cristo à Terra. Segundo uma antiga profecia bíblica, o local
do nascimento do rebento será no Reino Unido (por isso ele insiste em tornar-se
embaixador na Inglaterra, e com seu poder maligno, faz seu antecessor estourar
os miolos em uma das violentas cenas de morte do filme). Para não dar sopa para
o azar, Damien assim como Heródoto em tempos passados, manda matar todas os
bebês que nasceram entre meia-noite e seis da manhã do dia 24 de março (oba,
dois natais no ano!). Seus seguidores então em uma conspiração diabólica
arquitetada de forma engenhosa, colocaram o plano em prática, fazendo com que
todas as mortes sejam atribuídas à coincidências, como afogamentos,
atropelamentos, e por aí vai. Só que isso colocará Damien em confronto com seu braço
direito, Harvey Dean (Don Gordon), pois seu filho também nasceu no mesmo
período. Claro que é impossível resistir ao chamado do mal e em outra cena
incrível do filme, a esposa de Harvey, Barbara (Leueen Willoughby) possuída irá
tirar a vida do filho com um ferro de passar roupa!!!! Neste meio tempo, Damien
se envolve com a jornalista Kate Reynolds (Lisa Harrow), graças a sua pose de
homem enigmático, charmoso e altruísta (ao mesmo tempo em que consegue ser
terrivelmente cruel e maquiavélico na cena seguinte), e desenvolver uma relação
bizarra com seu filho Peter (Barnaby Holm), mostrando sua poderosa influência
sobre os jovens. Só que além da segunda vinda do JC, Damien ainda tem de lidar
com uma seita secreta de monges liderada pelo padre DeCarlo (Rosssano Brazzi)
que conseguiu tomar posse das adagas de Meggido, aquelas mesmas que o
arqueólogo Carl Bugenhagen descobriu no primeiro filme (e acabou morrendo
soterrado no segundo), único instrumento capaz de matar o Antricristo. Só que
todos eles vão falhando miseravelmente na tentativa, sendo assassinados de
forma cruel (destaque para o sujeito devorado por uma matilha de cachorros
durante uma caça à raposa), até que DeCarlo resolve pedir ajuda a Kate, para
destruir Damien e proteger o recém-nascido filho de Deus. Certamente o mais
interessante de A Profecia III – O Conflito Final são os monólogos de
Sam Neill, conversando com uma estátua de Cristo, zombando do Nazareno (não
aquele personagem de Chico Anysio) maldizendo o barbudão e seus feitos. É uma
metralhadora giratória de blasfêmia que dá até gosto. Mas um final safado, e
completamente apressado, com o homem mais poderoso do mundo sendo morto de
forma tão esdrúxula, misturado com a mensagem carola de vitória católica,
consegue encobrir todos os bons momentos do filme. O que é uma pena,
pois A Profecia III – O Conflito Final tinha a faca e o queijo na mão
para finalizar a trilogia em grande estilo, mas preferiu o fazer da forma mais
preguiçosa possível. Mesmo com Damien destruído, depois de dez anos, uma outra
continuação feita direto para a TV foi lançada, agora com o Anticristo
renascendo na forma de uma garota, em A Profecia IV – O Despertar. Recomendo
passar longe deste.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/05/23/442-a-profecia-iii-o-conflito-final-1981/
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