domingo, 22 de novembro de 2015

#442 1981 A PROFECIA III (The Final Conflict, EUA, Reino Unido)


Direção: Graham Baker
Roteiro:Andrew Brikin
Produção: Harvey Bernhard, Andrew Birkin (Produtor Associado), Richard Donner (Produtor Executivo)
Elenco: Sam Neill, Rossano Brazzi, Don Gordon, Lisa Harrow, Barnaby Holm, Mason Adams
 A saga do Anticristo, o capeta em forma de guri Damien Thorn, termina de uma forma deprimente aqui em A Profecia III – O Conflito Final. Puta babaquice maniqueísta carola judaico-cristã que mesmo com toda blasfêmia e heresia do decorrer da fita, consegue entregar um final clichê ridículo, um pastiche religioso com citações bíblicas, músicas de louvor e imagens santificadas, que jogam no lixo um enredo com um tremendo potencial. Tá, convenhamos que nunca que Hollywood deixaria que a trilogia se encerrasse de forma pessimista, com o cramunhão ganhando. Já foi um avanço ele ter se safado nos dois primeiros filmes, e o “mal” ter vencido no final todas as tentativas de Damien ser destruído. Enquanto A Profecia é um dos grandes clássicos do cinema de terror e deu origem a mitologia do filho das trevas que irá trazer o Apocalipse para a Terra, a sequência caça-níquel Damien: A Profecia II fez o nível cair por apostar no mais do mesmo e a sua conclusão aqui, dirigida por Graham Baker, tinha tudo para ser arrebatadora, mas como disse lá em cima, e com perdão do trocadilho, peca, e muito, em seu final. Mas vamos lá, não colocaremos a carroça na frente dos bois. O roteirista Andrew Birkin pega o personagem criado originalmente por David Seltzer e o coloca agora como um adulto, no auge do poder e influência com seus 32 anos. Uma aposta extremamente acertada, pois um dos pontos perturbadores era justamente o fato de uma criança e depois um pré-adolescente ser o vilão da série nos dois filmes anteriores. E o escalado para viver Damien foi o ótimo Sam Neill, um dos meus atores preferidos (muito por conta de um moleque de 11 anos ter assistido Jurassic Park no cinema, e em seus disparates de querer ser paleontólogo, adorava o Dr. Alan Grant). Esse megalomaníaco Damien agora tem um séquito de seguidores, controla a opinião pública por conta do seu trabalho filantrópico nas Indústrias Thorn, maquina guerras entre países, é pré-candidato ao senado americano, tem o presidente comendo na sua mão e ainda consegue o importante cargo de embaixador na Inglaterra (mesmo cargo de seu pai adotivo, papel de Gregory Peck de A Profecia original) e presidente do Conselho Juvenil da ONU. Tudo para moldar o planeta para que o juízo final comece a tomar forma e aquela coisa toda. Só que uma ameaça poderá colocar os planos do filho do Belzebu em risco: a segunda vinda de Cristo à Terra. Segundo uma antiga profecia bíblica, o local do nascimento do rebento será no Reino Unido (por isso ele insiste em tornar-se embaixador na Inglaterra, e com seu poder maligno, faz seu antecessor estourar os miolos em uma das violentas cenas de morte do filme). Para não dar sopa para o azar, Damien assim como Heródoto em tempos passados, manda matar todas os bebês que nasceram entre meia-noite e seis da manhã do dia 24 de março (oba, dois natais no ano!). Seus seguidores então em uma conspiração diabólica arquitetada de forma engenhosa, colocaram o plano em prática, fazendo com que todas as mortes sejam atribuídas à coincidências, como afogamentos, atropelamentos, e por aí vai. Só que isso colocará Damien em confronto com seu braço direito, Harvey Dean (Don Gordon), pois seu filho também nasceu no mesmo período. Claro que é impossível resistir ao chamado do mal e em outra cena incrível do filme, a esposa de Harvey, Barbara (Leueen Willoughby) possuída irá tirar a vida do filho com um ferro de passar roupa!!!! Neste meio tempo, Damien se envolve com a jornalista Kate Reynolds (Lisa Harrow), graças a sua pose de homem enigmático, charmoso e altruísta (ao mesmo tempo em que consegue ser terrivelmente cruel e maquiavélico na cena seguinte), e desenvolver uma relação bizarra com seu filho Peter (Barnaby Holm), mostrando sua poderosa influência sobre os jovens. Só que além da segunda vinda do JC, Damien ainda tem de lidar com uma seita secreta de monges liderada pelo padre DeCarlo (Rosssano Brazzi) que conseguiu tomar posse das adagas de Meggido, aquelas mesmas que o arqueólogo Carl Bugenhagen descobriu no primeiro filme (e acabou morrendo soterrado no segundo), único instrumento capaz de matar o Antricristo. Só que todos eles vão falhando miseravelmente na tentativa, sendo assassinados de forma cruel (destaque para o sujeito devorado por uma matilha de cachorros durante uma caça à raposa), até que DeCarlo resolve pedir ajuda a Kate, para destruir Damien e proteger o recém-nascido filho de Deus. Certamente o mais interessante de A Profecia III – O Conflito Final são os monólogos de Sam Neill, conversando com uma estátua de Cristo, zombando do Nazareno (não aquele personagem de Chico Anysio) maldizendo o barbudão e seus feitos. É uma metralhadora giratória de blasfêmia que dá até gosto. Mas um final safado, e completamente apressado, com o homem mais poderoso do mundo sendo morto de forma tão esdrúxula, misturado com a mensagem carola de vitória católica, consegue encobrir todos os bons momentos do filme. O que é uma pena, pois A Profecia III – O Conflito Final tinha a faca e o queijo na mão para finalizar a trilogia em grande estilo, mas preferiu o fazer da forma mais preguiçosa possível. Mesmo com Damien destruído, depois de dez anos, uma outra continuação feita direto para a TV foi lançada, agora com o Anticristo renascendo na forma de uma garota, em A Profecia IV – O Despertar. Recomendo passar longe deste.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/23/442-a-profecia-iii-o-conflito-final-1981/

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