quarta-feira, 4 de novembro de 2015

#304 1974 O JOVEM FRANKENSTEIN (Young Frankenstein, EUA)


Direção: Mel Brooks
Roteiro: Mel Brooks, Gene Wilder
Produção: Michael Gruskoff
Elenco: Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman, Cloris Leachman, Teri Garr, Kenneth Mars, Madeline Kahn

Homenagem rasgada, escrachada, hilária do diretor Mel Brooks (talvez seu melhor filme, empatado ali lado a lado com Spaceballs – S.O.S. Tem um Louco a Solta no Espaço, que se trata de outra sátira, desta vez de Star Wars) aos filmes de Frankenstein da Universal, lançados durante a Era de Ouro do cinema de terror. Para mim, O Jovem Frankenstein está para os filmes de Frankenstein como a A Dança dos Vampiros está para os filmes de vampiros e Todo Mundo Quase Morto está para os filmes de zumbi. Apesar de ser uma comédia e não um filme de terror, todos os elementos que nos remetem aos filmes da franquia das décadas de 30 e 40 estão ali, desde seus créditos de abertura, até de encerramento, passando pela fotografia preta e branca e a mistura de todos aqueles arquétipos típicos dessas produções. Mel Brooks (para os mais novos que talvez não o conheça, ele é pai de Max Brooks, o escritor de “Guia de Sobrevivência a Zumbis” e “Guerra Mundial Z”, adaptado recentemente ao cinema) acerta em cheio na sua parceria com o gênio da comédia Gene Wilder (que além de O Jovem Frankenstein, sempre me fará lembrar de seu papel em Cegos, Surdos e Loucos, ao lado do também gênio Richard Prior) revivendo o livro de Mary Sheley e misturando elementos de pelo menos três filmes da série da Universal: Frankenstein e A Noiva de Frankenstein de James Whale e O Filho de Frankenstein. A trama simplista traz o neto do Dr. Frankenstein, Frederick que quer ser chamado de Fronkenstín, ignorando qualquer laço ou parentesco com o malfadado cientista louco, viajando até a Transilvânia ao receber uma herança do avô e lá resolve retomar as experiências malucas em trazer vida a um cadáver, com a ajuda do corcunda Igor (interpretado pelo ator de olhos esbugalhados Marty Feldman – sim os olhos dele são daquele jeito mesmo, não é maquiagem) e da deliciosinha Inga (Teri Garr). O ajudante corcunda dá a famosa mancada de trocar o cérebro de um brilhante cientista por de um tal de Abby Normal (em um dos muitos trocadilhos e jogos de palavras do áudio original, onde estava rotulado no frasco que continha o cérebro ABNORMAL, ou anormal em português) e então a gigantesca criatura (interpretada por Peter Boyle) vêm a vida estúpida, violenta, com medo do fogo, mas com um enorme schwanzstück. Como isso é um blog de cinema de terror, não irei me apegar às piadinhas pueris, aos momentos jocosos, a magnífica interpretação de todos do elenco e por aí vai, e sim irei me ater durante o resto da minha resenha às inteligentes, brilhantes e emocionantes homenagens aos filmes de Frankenstein que sou fã incondicional. A primeira dela e mais impactante é sem dúvida o fato que a maioria do equipamento usado no laboratório de O Jovem Frankestein fizeram parte do cenário utilizado no Frankenstein de 1931. Do original a maioria da concepção do filme foi retirada, incluindo o assistente esquisito, o roubo de cadáveres (em uma das mais famosas e engraçadas cenas, quando Frankenstein reclama daquele trabalho miserável e Igor diz: “Poderia ser pior. Poderia estar chovendo” e começa a chover), a cena com a garotinha na primeira escapada da criatura e a turba enfurecida com seus forcados e tochas (apesar que isso tinha em todo santo filme dos monstros da Universal naquela época). De A Noiva de Frankenstein, dois momentos ímpares: um deles quando Elizabeth (Madeline Kahn) se casa com o monstro e aparece na noite de núpcias vestida como a personagem de Elsa Lanchester no filme de 1935, com aquele mesmo penteado característico em pé e as mechas brancas (e fazendo os mesmos trejeitos corporais), e o outro, a ponta não creditada de Gene Hackman como o cego que encontra a criatura interpretada por Karloff vagando pela floresta e faz amizade com ele. Aqui, apenas comete trapalhadas como jogar chá fervendo no colo do monstrengão e queimar seu dedo quando vai acender um charuto, afugentando-o antes dele poder lhe preparar um expresso (fala que foi um improviso de Hackman). Isso sem contar a empregada despirocada do castelo, levemente baseada na personagem Minnie de Una O’Connor. Já de O Filho de Frankenstein de 1939, Brooks surrupiou a figura do Inspetor Krogh com seu braço de madeira, vivido por Lionel Atwill, que aqui é o caricato Inspetor Kemp de Kenneth Mars. O cinema sempre sacaneou o próprio cinema com paródias. O Jovem Frankenstein, essa linda homenagem de Brooks a Era de Ouro da Universal, encontra-se no topo dessa lista, junto de Apertem os Cintos… que o Piloto Sumiu e Top Gang. E uma coisa trágica é que nós fãs de filmes de terror adoramos reclamar que não se faz mais filmes bons do gênero, muito menos como antigamente. Imagine então os fãs de comédia, já que todas as paródias hoje em dia são derivadas daqueles lixos de baixíssima qualidade e gosto duvidoso que os irmãos Wayans começaram em Todo Mundo em Pânico? Daí você me pergunta (ou se pergunta, sei lá): O Jovem Frankenstein é uma comédia, uma paródia de um filme de terror. Por que está nessa lista e Todo Mundo em Pânico que também é uma comédia, paródia de filmes de terror não está. Bom, não preciso nem responder, caro leitor…
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/12/304-o-jovem-frankenstein-1974/

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583 1974 JOVEM FRANKENSTEIN (Young Frankenstein)

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