Direção: Mel Brooks
Roteiro: Mel Brooks, Gene Wilder
Produção: Michael Gruskoff
Elenco: Gene
Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman, Cloris Leachman, Teri Garr, Kenneth Mars,
Madeline Kahn
Homenagem rasgada, escrachada, hilária
do diretor Mel Brooks (talvez seu melhor filme, empatado ali lado a lado com Spaceballs
– S.O.S. Tem um Louco a Solta no Espaço, que se trata de outra sátira, desta
vez de Star Wars) aos filmes de Frankenstein da Universal, lançados
durante a Era de Ouro do cinema de terror. Para mim, O Jovem Frankenstein está para os filmes de Frankenstein como a A Dança dos Vampiros está para os filmes de vampiros e Todo Mundo
Quase Morto está para os filmes de zumbi. Apesar de ser uma comédia e não
um filme de terror, todos os elementos que nos remetem aos filmes da franquia
das décadas de 30 e 40 estão ali, desde seus créditos de abertura, até de
encerramento, passando pela fotografia preta e branca e a mistura de todos
aqueles arquétipos típicos dessas produções. Mel Brooks (para os mais novos que
talvez não o conheça, ele é pai de Max Brooks, o escritor de “Guia de
Sobrevivência a Zumbis” e “Guerra Mundial Z”, adaptado recentemente ao cinema)
acerta em cheio na sua parceria com o gênio da comédia Gene Wilder (que além de O
Jovem Frankenstein, sempre me fará lembrar de seu papel em Cegos, Surdos e
Loucos, ao lado do também gênio Richard Prior) revivendo o livro de Mary Sheley
e misturando elementos de pelo menos três filmes da série da Universal: Frankenstein e A Noiva de Frankenstein de James Whale e O Filho de Frankenstein. A trama simplista traz o neto do Dr. Frankenstein,
Frederick que quer ser chamado de Fronkenstín, ignorando qualquer laço ou
parentesco com o malfadado cientista louco, viajando até a Transilvânia ao
receber uma herança do avô e lá resolve retomar as experiências malucas em
trazer vida a um cadáver, com a ajuda do corcunda Igor (interpretado pelo ator
de olhos esbugalhados Marty Feldman – sim os olhos dele são daquele jeito
mesmo, não é maquiagem) e da deliciosinha Inga (Teri Garr). O ajudante corcunda
dá a famosa mancada de trocar o cérebro de um brilhante cientista por de um tal
de Abby Normal (em um dos muitos trocadilhos e jogos de palavras do áudio
original, onde estava rotulado no frasco que continha o cérebro ABNORMAL, ou
anormal em português) e então a gigantesca criatura (interpretada por Peter
Boyle) vêm a vida estúpida, violenta, com medo do fogo, mas com um enorme schwanzstück.
Como isso é um blog de cinema de terror, não irei me apegar às piadinhas
pueris, aos momentos jocosos, a magnífica interpretação de todos do elenco e
por aí vai, e sim irei me ater durante o resto da minha resenha às
inteligentes, brilhantes e emocionantes homenagens aos filmes de Frankenstein
que sou fã incondicional. A primeira dela e mais impactante é sem dúvida o fato
que a maioria do equipamento usado no laboratório de O Jovem Frankestein fizeram
parte do cenário utilizado no Frankenstein de 1931. Do original a maioria
da concepção do filme foi retirada, incluindo o assistente esquisito, o roubo
de cadáveres (em uma das mais famosas e engraçadas cenas, quando Frankenstein
reclama daquele trabalho miserável e Igor diz: “Poderia ser pior. Poderia estar
chovendo” e começa a chover), a cena com a garotinha na primeira escapada da
criatura e a turba enfurecida com seus forcados e tochas (apesar que isso tinha
em todo santo filme dos monstros da Universal naquela época). De A Noiva
de Frankenstein, dois momentos ímpares: um deles quando Elizabeth (Madeline
Kahn) se casa com o monstro e aparece na noite de núpcias vestida como a personagem
de Elsa Lanchester no filme de 1935, com aquele mesmo penteado característico
em pé e as mechas brancas (e fazendo os mesmos trejeitos corporais), e o outro,
a ponta não creditada de Gene Hackman como o cego que encontra a criatura
interpretada por Karloff vagando pela floresta e faz amizade com ele. Aqui,
apenas comete trapalhadas como jogar chá fervendo no colo do monstrengão e
queimar seu dedo quando vai acender um charuto, afugentando-o antes dele poder
lhe preparar um expresso (fala que foi um improviso de Hackman). Isso sem
contar a empregada despirocada do castelo, levemente baseada na personagem
Minnie de Una O’Connor. Já de O Filho de Frankenstein de 1939, Brooks
surrupiou a figura do Inspetor Krogh com seu braço de madeira, vivido por Lionel
Atwill, que aqui é o caricato Inspetor Kemp de Kenneth Mars. O cinema sempre
sacaneou o próprio cinema com paródias. O Jovem Frankenstein, essa linda
homenagem de Brooks a Era de Ouro da Universal, encontra-se no topo dessa
lista, junto de Apertem os Cintos… que o Piloto Sumiu e Top Gang.
E uma coisa trágica é que nós fãs de filmes de terror adoramos reclamar que não
se faz mais filmes bons do gênero, muito menos como antigamente. Imagine então
os fãs de comédia, já que todas as paródias hoje em dia são derivadas daqueles
lixos de baixíssima qualidade e gosto duvidoso que os irmãos Wayans começaram
em Todo Mundo em Pânico? Daí você me pergunta (ou se pergunta, sei lá): O
Jovem Frankenstein é uma comédia, uma paródia de um filme de terror. Por
que está nessa lista e Todo Mundo em Pânico que também é uma comédia,
paródia de filmes de terror não está. Bom, não preciso nem responder, caro
leitor…
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/11/12/304-o-jovem-frankenstein-1974/
583 1974 JOVEM FRANKENSTEIN (Young Frankenstein)
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