sábado, 28 de novembro de 2015

#353 1977 O IMPÉRIO DAS FORMIGAS (Empire of the Ants, EUA)


Direção: Bert I. Gordon
Roteiro: Bert I. Gordon, Jack Turley (baseado na história de H.G. Wells)
Produção: Bert I. Gordon, Samuel Z. Arkoff (Produtor Executivo)
Elenco: Joan Collins, Robert Lansing, John David Carson, Albert Salmi, Jacqueline Scott, Pamela Shoop

O Império das Formigas é divertidíssimo. Se os efeitos especiais já eram do mais baixo nível naquelas noites dos anos 80, imagina assisti-lo depois de quase 20 anos (e mais de 30 de seu lançamento nos cinemas)? E o principal, você não poderia esperar nada diferente de uma produção de Samuel Z. Arkoff para a American International Pictures e com a direção do picareta Bret I. Gordon. Mesmo diretor e equipe responsáveis pelo igualmente tosco A Fúria das Feras Atômicas, lançado no ano anterior, que foi um baita sucesso comercial para a produtora de Arkoff e que também trazia animais que cresceram exponencialmente e passaram a atacar aos humanos. Que por sua vez, também é baseado em um conto do mestre H.G. Wells, tal qual O Império das Formigas, também brevemente inspirado nos textos do escritor. Coitado de Wells, diferente das histórias de Edgar Allan Poe e até de H.P. Lovecraft que foram bem cuidados nas mãos da AIP, o escritor de clássicos como “A Guerra dos Mundos” e “A Máquina do Tempo”, tiverem esses resultados desastrosos. Logo no início do longa, um narrador começa a contar sobre as maravilhas de ser formiga, sobre sua organização social, sua capacidade de inteligência e raciocínio, e principalmente, com o intuito de meter medo nos incautos, que ela poderia muito bem ser a próxima forma de vida dominante em nosso planeta, e que elas possuem um sofisticado sistema de comunicação, que manda mensagens específicas para outras por meio de feromônios que estimulam uma resposta obrigatória, que força obediência e que não pode ser ignorado. Então o narrador diz: “vocês ouviram isso? OBRIGATÓRIA”. É sensacional! E finaliza que não devemos nos preocupar, pois isso apenas concerne às formigas, certo? Errado, porque na trama, que conta com aquela mensagem da natureza se revoltando contra a humanidade, trará os insetos transformados em criaturas gigantes por conta do descarte de lixo nuclear no mar, quando um barril será arrastado até a costa de uma praia onde os pequenos seres irão se esbaldar e atingir esse tamanho descomunal. Esta praia fica em uma ilha que é um pedacinho do paraíso (só que não), onde uma incorporadora está criando um resort com casas em frente ao mar, e a gananciosa corretora imobiliária Marilyn Fryser (Joan Collins, que diz ter sido o pior papel de sua carreira) fará de tudo para vender terrenos a um grupo díspar de pessoas, as quais leva para um passeio de barco na região, com comida e bebida à vontade. Aqueles pobres coitados começam a ser espreitados pelas terríveis formigas mutantes gigantes (que literalmente atingem aquele tamanho todo do dia para a noite), na clássica e inesquecível cena onde a câmera é dividida em vários círculos em um fundo preto, emulando a visão dos insetos, e caçados impiedosamente pelos animais (com seu característico sibilar agudo). Na primeira metade do filme, vemos a luta dos sobreviventes em manter-se vivos e tentar escapar da fúria das formigas atômicas (hein? hein?). Os poucos que conseguem sair com vida daquele pesadelo, descobrem que há uma cidadezinha nas proximidades e parece que eles conseguirão se safar. É quando na sua segunda metade, o longa muda completamente de figura, e de um típico filme Big Bug dos anos 50 (tipo, neto de O Mundo em Perigo), se transforma em uma tramas das mais patéticas com toda a cidade agindo de forma estranha, e capturando nossos heróis, uma vez que todos estão sob comando mental dos insetos (lembra-se do OBRIGATÓRIO!) e escravizando-os para que trabalhem na refinaria de açúcar da região, satisfazendo os doces desejos das formigas escravagistas. Sério, é impagável. Muita criatividade! Como se não bastasse o roteiro bisonho e um clima de suspense mequetrefe, os efeitos visuais que são a verdadeira cereja do bolo. Primeiro, Gordon fez várias filmagens de formigas em separado (provavelmente muitas delas dentro de um aquário ou tanque transparente, ou coisa do tipo), e depois essas filmagens foram alargadas e sobrepostas nas cenas com os humanos, e primeiro, isso faz as formigas parecem cada hora de um tamanho diferente, e segundo, momentos em que parece que elas estão andando no próprio ar. Na hora da interação com os atores, foram usados bonecões das cabeças dos insetos, filmados em um ângulo fechado, assim como aconteceu com o já citado A Fúria das Feras Atômicas. Obviamente, O Império das Formigas não vale nada. Traz lá uma mensagem ecológica, de vingança da natureza e da paranoia de sermos substituídos como espécie dominante, mas é uma bomba. Uma bomba cheia de sentimentos nostálgicos e espasmos voluntários de riso. O lance mesmo é assisti-lo por saudosismo, principalmente se você é da minha geração e ouvia Silvio Santos falando que a filha dele já havia visto e recomendava. E ah, que era exibido pela primeira vez na televisão.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/22/353-o-imperio-das-formigas-1977/

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