Direção: Dan Curtis
Roteiro: William
F. Nolan e Richard Matheson
Produção: Dan Curtis, Robert
Singer (Produtor Associado
Elenco: Karen
Black, Robert Burton, John Karlen, George Gaynes, Jim Storm, Gregory Harrison
Os anos 70 foram frutíferos em
interessantíssimos filmes feitos para a TV, principalmente tratando-se do
cinema de horror. Temos como bons exemplos Encurralado, de Steven
Spielberg e Balada para
Satã de Paul Wendkos, além de diversos outros, é claro. Trilogia de
Terror é mais um para entrar nesta lista. Produzido e dirigido
por Dan Curtis (criador da série Dark Shadows, que inspirou aquela
besteira sem tamanho feita por Tim Burton recentemente) essa antologia com três
contos de terror foi ao ar pela ABC como um piloto de uma série de histórias de
terror aos moldes de Além da Imaginação que acabou não vingando. Inspirado
claramente pelos filmes portmanteau que a Amicus vinha produzindo até
então na Inglaterra, as três histórias são baseadas em contos do excelente
Richard Matheson (ele escreve inclusive o roteiro da terceira e melhor história
do filme) e todos tem a atriz Karen Black como protagonista, em papeis
diferentes. Karen é uma das inusitadas rainhas do cinema de terror. Morta em 08
de agosto de 2013, aos 74, a já indicada ao Oscar e Globo de Ouro de
Melhor Atriz tem em seu currículo Sem Destino, Cada um Vive Como Quer, O
Grade Gatsby (de 1974), Trama Macabra (de Alfred Hitchcock), Aeroporto e Nashville.
Mas foi após sua participação em Trilogia de Terror que sua carreira
começou a engendrar pelo gênero. Seu nome perfeito para o cinema de horror, sua
boca carnuda e olhos levemente estrábicos e seus papeis excêntricos, renderam a
ela tanto participação em clássicos como A Mansão Macabra, também de
Curtis e o remake de Os Invasores de Marte de Tobe Hoober, como em
produções tipicamente B, como O Peixe Assassino, A Ilha dos Monstros (terceira
parte da trilogia Nasce um Monstro de Larry Cohen) e Reflexo do Demônio.
Em 2003 foi resgatada pelo roqueiro metido a diretor Rob Zombie em A Casa
dos Mil Corpos, onde viveu a Mãe Firefly. No primeiro segmento, “Julie”, Karen
interpreta a professora de literatura americana Julie Eldrich. Subitamente em
uma manhã no campus, o estudante Chad (Robert Burton) sente-se estranhamente
atraído pela professora, que não é nem um pouco sexy e atraente, usando aqueles
tailleur cafonas, óculos fundo de garrafa e mantendo o cabelo preso em um coque
demodê. Chad então insiste em convidar Julie para sair e ambos acabam indo a um drive-in (onde
está sendo exibido o filme Pânico e Morte na Cidade, também escrito por
Matheson) após muita insistência do universitário e relutância da professora.
Chad droga a moça e leva-a para um quarto de motel (dando o nome de Sr. e Sra.
Jonathan Harker na recepção, em alusão aos personagens de Drácula, de Bram
Stoker) e tira fotos da mulher nua em uma grande variedade de posições
sexualmente provocantes (infelizmente isso nós não vimos). Chad passa a
chantageá-la para que ela faça tudo que ele queira. Porém, no final do conto
vamos ter uma inesperada reviravolta, quando descobriremos algo de maligno na
professora e que esse jogo sexual controlado por Chad não é bem o que parece. O
segundo conto, “Millicent and Therese”, traz Karen Black fazendo um papel
duplo, como a pudica e reprimida morena Millicent, e sua irmã devassa e
diabólica, adoradora do oculto, Therese. Milli está determinada de que Therese
é malvada e vive da dor e sofrimento das pessoas, e que após a morte do pai de
ambas, está cada vez mais fora de controle. Mesmo contra a recomendação do
médico da família, Dr. Chester Ramsey (George Gaynes – mais conhecido da
garotada dos anos 80 – eu incluso – por seu papel em Punky, a Levada da
Breca e como o comandante Eric Lassard em Loucademia de Polícia),
Millicent resolve por fim na vida da irmã e acabar com seus feitios malignos,
usando uma boneca de pano vodu. O final do conto é dos mais óbvios possíveis,
que já sacamos assim que Theresa aparece em cena com sua feia peruca loura. O
último episódio, é o créme de la créme do filme. “Amelia”,
escrito por Matheson baseando em seu conto, é o mais famoso e emblemático
segmento, onde Karen Black vive a personagem do título, caçada em seu
apartamento por um boneco tribal possuído pelo espírito de um maligno guerreiro
Zuni chamado “Aquele que Mata”. Certeza que você já viu por aí esse boneco zulu
de madeira com sua boca escancarada cheia de dentes pontiagudos e carregando
uma lança. Amelia mora sozinha em um apartamento, após uma traumática separação
da mãe protetora e controladora e compra o boneco em uma feira de curiosidades
para dar ao seu caso, um professor de antropologia da universidade. Após uma
discussão com a megera e um profundo sentimento de culpa, Amelia cancela o
encontro e passa sua sexta à noite tentando sobreviver da caçada imposta pelo
boneco que ganhou vida após a corrente de ouro que mantinha seu espírito preso
cair. É como se fosse o Chucky versão caçador tribal africano. O final, meu
amigo (ideia da própria Karen Black – que está simplesmente fantástica) é
simplesmente genial e um dos mais memoráveis momentos do cinema de horror. Trilogia
de Terror é uma das mais interessantes e bacanas antologias de terror do
gênero. Claro que hoje em dia se você não é um entusiasta deste estilo e fã
dessas produções típicas dos anos 70, não irá achar nada demais. Mas o filme é
redondinho e te prende nos seus curtos 72 minutos de duração. Em 1996, Dan
Curtis dirigiu Trilogia de Terror 2, sequência deste daqui, que mais uma
vez traz de volta o boneco Zuni, que se tornou uma daquelas figuras icônicas do
horror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/12/12/326-trilogia-de-terror-1975/
Nenhum comentário:
Postar um comentário