Direção: John Boorman
Roteiro: William Goodhart,
John Boorman e Rospo Pallenber (não creditados)
Produção: John Boorman,
Richard Lederer, Charles Orme (Produtor Associado)
Elenco: Linda
Blair, Richard Burton, Louise Fletcher, Max Von Sydow, Kitty Winn
Para que existe O Exorcista II – O Herege? Qual a finalidade de fazer uma
sequência (e não só uma sequência, um dos piores filmes de terror já feitos em
todos os tempos) do maior clássico do gênero? Nem o diabo explica. Ou melhor, a
Warner Bros. explica: faturar mais trocados em cima do sucesso estrondoso de
William Friedkin lançado cinco anos antes. Por mais que tenha faturado 30
milhões de dólares (seu orçamento estimado foi de 14 milhões), o filme é uma
vergonha ao estúdio e todos os envolvidos. Escrito a seis mãos por William
Goodhart e de forma não creditada por John Boorman (que também o dirigiu) e
Rospo Pallenberg, que tiveram de dar retoques no roteiro, o que explica um dos
motivos de tamanha salada mista, O Exorcista II – O Herege é motivo
de xacota, nada mais que isso. Na noite de abertura, o filme foi tão mal
recebido, mas foi tão mal recebido, que a audiência do cinema da Hollywood
Boulevard literalmente atirou coisas contra a tela, para expressar sua revolta
e descontentamento. Fora que tudo começou bem, afinal o filme começa normal,
vai, você o detesta por osmose e pré-conceitos estabelecidos, afinal é uma
continuação de O Exorcista, sem
Ellen Burstyn, sem William Friedkin na direção, sem William Peter Blatty
escrevendo o roteiro e por aí vai. Até que apareceu o fatídico sincronizador de
mentes utilizado durante sessões de hipnose. A risadaria do público foi
generalizada, e daí foi ladeira abaixo até seu final. O próprio Blatter,
presente na premiere, teve de segurar o próprio riso. Friedkin por sua
vez, sem papas na língua disse: “é tão ruim quanto ver um acidente de trânsito”.
Uma das honrarias dessa bomba demoníaca é que está entre os 10 piores filmes já
feitos no livro “The Official Razzie Movie Guide” de John Wilson, criador do
Framboesa de Ouro. Ou seja, opinião de quem entende do assunto. Mais que os
gafanhotos, a subtrama africana, as baboseiras do sincronizador de mentes, a
agora ninfeta Linda Blair explicando porque foi jogada para escanteio durante
toda sua carreira de atriz, a atuação nem um pouco carismática de Richard
Burton como o padre Phillip Lamont (e a famosíssima cena em que o ator fica
fazendo a mesma expressão durante mais de oito minutos), o roteiro esdrúxulo e
as forçadas de barra. John Boorman também pode levar o título de “Besta Humana”
com todo louvor. Afinal, após o excelente Amargo Pesadelo, ele recusou a
direção do primeiro filme, que caiu nas mãos de Friedkin, ganhador do
Oscar por Operação França, e o resto é história. Sabendo a cagada que fez
(e ainda depois de ter dirigido o patético Zardoz com Sean Connery
vestido seu macacão e cuecas vermelhas sob um peito de fora cabeludo, bigodão e
costeleta no rosto), resolveu topar filmar a continuação e aproveitar a
oportunidade que jogou fora anteriormente. Tsc, tsc. O bem da verdade é que o
produtor Richard Lederer queria que a continuação fosse uma espécie
de remake do primeiro, com os mesmos conceitos, uma figura central
possuída, um padre fazendo suas investigações do Coisa-Ruim, com um orçamento
de 3 milhões de dólares, e uma premissa até interessante, vai. Mas o público, e
a Warner, queriam a volta dos seus personagens, o que já seria um problemão,
pois Burstin caiu fora, Max Von Sydow, o Padre Merrin, relutou em participar e
Linda Blair só topou se não tivesse de usar nenhuma vez a maquiagem de menina
possuída por Pazuzu e nem vomitar abacate (as cenas de flashback foram feitas
por uma dublê – que atua poucos minutos, mas melhor que Blair o filme inteiro).
Além disso, o roteiro original contava com a volta também do padre Joseph Dyer
(vivido por William O’Malley no original), mais um para entrar na lista dos que
recusaram a bomba; o personagem de Gene Tuskin foi escrito originalmente para
um homem, mas mais descartes e recusas fizeram-nos mudar para uma mulher, que
ficou com a atriz Louise Fletcher. Resumo da ópera: roteiro reescrito CINCO
vezes, orçamento gigante de 14 milhões de dólares, e este filme aí que
assistimos com desgosto. A história? O tal Padre Lamont, após falhar em um
exorcismo e ver a garota literalmente pegar fogo, a pedido da Igreja deve
investigar a misteriosa morte do Padre Merrin. Para isso, recorre a Dra.
Tuskin, psiquiatra que mantém Reagan McNeill em sua clínica em Nova York, sem
nenhuma lembrança do que acontecera naquele fatídico quarto da casa de Georgetown.
Utilizando o tal aparelho psicoanalítico capaz de sincronizar mentes em sessões
de hipnose, o mesmo descobre que o Cramunhão ainda vive na menina (fazendo o
quê exatamente durante este tempo todo de inépcia?), que é um receptáculo da
eterna batalha entre o Bem e o Mal. Querendo libertar Regan, o Padre Lamont
viaja até a África em busca de um curandeiro, que já havia sido possuído por
Pazuzu, quando a mesma entidade maligna comandava uma horda de gafanhotos e
atacava a sua tribo (!!!!????) em busca de umas dicas de como proceder com o
exorcismo. Como se não bastasse essa sinopse, no meio desse balaio de gato dos
infernos (com o perdão do trocadilho), a trama insiste nos gafanhotos e
comparar o poder demoníaco ao chamado do farfalhar das asas dos insetos, como
explica Kokumo, o personagem de James Earl Jones, que de garoto tribal africano
nêmese de Pazuzu tornou-se um entemólogo (????!!!!!), e na divisão do coração
de Reagan entre um lado bom e um lado mal, rola até uma viagem nas asas do
demônio e eu já mencionei o aparelho de sincronizar mentes? E sabe aquela
mítica de O Exorcista ser o filme mais assustador já feito? Esse aqui
não mete medo nem na mais medrosa das pessoas. Não tem sequer UMA cena de
horror, de repulsa, de terror físico ou psicológico. O único momento que é
interessante e atmosférico é quando o personagem de Burton está na mente de
Reagan assistindo ao que aconteceu com o Padre Merrin (que é única cena que
realmente remete ao clima do original). É… O Exorcista II – O Herege, é
ruim que o diabo!
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/17/349-o-exorcista-ii-o-herege-1977/
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