sábado, 28 de novembro de 2015

#349 1977 O EXORCISTA II – O HEREGE (Exorcist II – The Heretic, EUA)


Direção: John Boorman
Roteiro: William Goodhart, John Boorman e Rospo Pallenber (não creditados)
Produção: John Boorman, Richard Lederer, Charles Orme (Produtor Associado)
Elenco: Linda Blair, Richard Burton, Louise Fletcher, Max Von Sydow, Kitty Winn

Para que existe O Exorcista II – O Herege? Qual a finalidade de fazer uma sequência (e não só uma sequência, um dos piores filmes de terror já feitos em todos os tempos) do maior clássico do gênero? Nem o diabo explica. Ou melhor, a Warner Bros. explica: faturar mais trocados em cima do sucesso estrondoso de William Friedkin lançado cinco anos antes. Por mais que tenha faturado 30 milhões de dólares (seu orçamento estimado foi de 14 milhões), o filme é uma vergonha ao estúdio e todos os envolvidos. Escrito a seis mãos por William Goodhart e de forma não creditada por John Boorman (que também o dirigiu) e Rospo Pallenberg, que tiveram de dar retoques no roteiro, o que explica um dos motivos de tamanha salada mista, O Exorcista II – O Herege é motivo de xacota, nada mais que isso. Na noite de abertura, o filme foi tão mal recebido, mas foi tão mal recebido, que a audiência do cinema da Hollywood Boulevard literalmente atirou coisas contra a tela, para expressar sua revolta e descontentamento. Fora que tudo começou bem, afinal o filme começa normal, vai, você o detesta por osmose e pré-conceitos estabelecidos, afinal é uma continuação de O Exorcista, sem Ellen Burstyn, sem William Friedkin na direção, sem William Peter Blatty escrevendo o roteiro e por aí vai. Até que apareceu o fatídico sincronizador de mentes utilizado durante sessões de hipnose. A risadaria do público foi generalizada, e daí foi ladeira abaixo até seu final. O próprio Blatter, presente na premiere, teve de segurar o próprio riso. Friedkin por sua vez, sem papas na língua disse: “é tão ruim quanto ver um acidente de trânsito”. Uma das honrarias dessa bomba demoníaca é que está entre os 10 piores filmes já feitos no livro “The Official Razzie Movie Guide” de John Wilson, criador do Framboesa de Ouro. Ou seja, opinião de quem entende do assunto. Mais que os gafanhotos, a subtrama africana, as baboseiras do sincronizador de mentes, a agora ninfeta Linda Blair explicando porque foi jogada para escanteio durante toda sua carreira de atriz, a atuação nem um pouco carismática de Richard Burton como o padre Phillip Lamont (e a famosíssima cena em que o ator fica fazendo a mesma expressão durante mais de oito minutos), o roteiro esdrúxulo e as forçadas de barra. John Boorman também pode levar o título de “Besta Humana” com todo louvor. Afinal, após o excelente Amargo Pesadelo, ele recusou a direção do primeiro filme, que caiu nas mãos de Friedkin, ganhador do Oscar por Operação França, e o resto é história. Sabendo a cagada que fez (e ainda depois de ter dirigido o patético Zardoz com Sean Connery vestido seu macacão e cuecas vermelhas sob um peito de fora cabeludo, bigodão e costeleta no rosto), resolveu topar filmar a continuação e aproveitar a oportunidade que jogou fora anteriormente. Tsc, tsc. O bem da verdade é que o produtor Richard Lederer queria que a continuação fosse uma espécie de remake do primeiro, com os mesmos conceitos, uma figura central possuída, um padre fazendo suas investigações do Coisa-Ruim, com um orçamento de 3 milhões de dólares, e uma premissa até interessante, vai. Mas o público, e a Warner, queriam a volta dos seus personagens, o que já seria um problemão, pois Burstin caiu fora, Max Von Sydow, o Padre Merrin, relutou em participar e Linda Blair só topou se não tivesse de usar nenhuma vez a maquiagem de menina possuída por Pazuzu e nem vomitar abacate (as cenas de flashback foram feitas por uma dublê – que atua poucos minutos, mas melhor que Blair o filme inteiro). Além disso, o roteiro original contava com a volta também do padre Joseph Dyer (vivido por William O’Malley no original), mais um para entrar na lista dos que recusaram a bomba; o personagem de Gene Tuskin foi escrito originalmente para um homem, mas mais descartes e recusas fizeram-nos mudar para uma mulher, que ficou com a atriz Louise Fletcher. Resumo da ópera: roteiro reescrito CINCO vezes, orçamento gigante de 14 milhões de dólares, e este filme aí que assistimos com desgosto. A história? O tal Padre Lamont, após falhar em um exorcismo e ver a garota literalmente pegar fogo, a pedido da Igreja deve investigar a misteriosa morte do Padre Merrin. Para isso, recorre a Dra. Tuskin, psiquiatra que mantém Reagan McNeill em sua clínica em Nova York, sem nenhuma lembrança do que acontecera naquele fatídico quarto da casa de Georgetown. Utilizando o tal aparelho psicoanalítico capaz de sincronizar mentes em sessões de hipnose, o mesmo descobre que o Cramunhão ainda vive na menina (fazendo o quê exatamente durante este tempo todo de inépcia?), que é um receptáculo da eterna batalha entre o Bem e o Mal. Querendo libertar Regan, o Padre Lamont viaja até a África em busca de um curandeiro, que já havia sido possuído por Pazuzu, quando a mesma entidade maligna comandava uma horda de gafanhotos e atacava a sua tribo (!!!!????) em busca de umas dicas de como proceder com o exorcismo. Como se não bastasse essa sinopse, no meio desse balaio de gato dos infernos (com o perdão do trocadilho), a trama insiste nos gafanhotos e comparar o poder demoníaco ao chamado do farfalhar das asas dos insetos, como explica Kokumo, o personagem de James Earl Jones, que de garoto tribal africano nêmese de Pazuzu tornou-se um entemólogo (????!!!!!), e na divisão do coração de Reagan entre um lado bom e um lado mal, rola até uma viagem nas asas do demônio e eu já mencionei o aparelho de sincronizar mentes? E sabe aquela mítica de O Exorcista ser o filme mais assustador já feito? Esse aqui não mete medo nem na mais medrosa das pessoas. Não tem sequer UMA cena de horror, de repulsa, de terror físico ou psicológico. O único momento que é interessante e atmosférico é quando o personagem de Burton está na mente de Reagan assistindo ao que aconteceu com o Padre Merrin (que é única cena que realmente remete ao clima do original). É… O Exorcista II – O Herege, é ruim que o diabo!
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/01/17/349-o-exorcista-ii-o-herege-1977/

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