Direção: Wallace
Worsley
Roteiro: Perley Poor Sheeham
(baseado na obra de Victor Hugo)
Produção: Carl
Laemmle, Irving Thalberg
Elenco: Lon
Chaney, Patsy Ruth Miller, Norman Kerry, Kate Lester
Hollywood durante a década de 20
era muito reticente quanto ao cinema de horror. Diferente do que vinha sendo
feito na Europa, onde alguns clássicos do gênero já haviam despontado
como O Gabinete do
Dr. Caligari e Nosferatu –
Uma Sinfonia de Horror, na terra do Tio Sam o gênero era pouco ou
quase nada explorado. Foi nesse cenário que dois nomes fizeram história,
começando por O Corcunda de Notre Dame: Lon Chaney e Carl Laemmle. Chaney é
um dos primeiros grandes atores do cinema de horror, que para sempre terá seu
nome imortalizado ao lado de outras lendas como Bela Lugosi, Boris Karloff,
Vincent Price, Cristopher Lee e Peter Cushing, entre outros. Conhecido como
Homem das Mil Faces, Chaney era aquele que se entregava de corpo e alma e
através de efeitos de maquiagem, pode viver personagens clássicos e icônicos do
cinema, como o deformado Quasímodo aqui ou o atormentado Erik em O Fantasma da Ópera. Laemmle
foi o pai da Universal Pictures, que seria a mais famosa e célebre casa
americana de monstros do cinema. Sua reputação era a de o mais boa praça e
menos neurótico dos chefes dos grandes estúdios. Entre os filmes que produziu e
“apresentou” como chefão da Universal, além de O Corcunda de Notre
Dame e de O Fantasma da Ópera, os Laemmles carregam na bagagem
clássicos indiscutíveis como Drácula, Frankenstein, A Múmia, e por aí vai. Então podemos dizer
que a parceira entre Laemmle e Chaney deu origem ao terror pipoca de
entretenimento, que seria muito famoso na década seguinte, a Era de Ouro dos
monstros da Universal, e seguiria uma vertente bastante diferente dos padrões
soturnos e pesados vindo do cinema de horror europeu. A interpretação de um
irreconhecível Chaney como o corcunda que vive tocando o sino na Catedral de
Notre Dame na Paris do século XV, é estupenda. O ator teve de usar uma
desconfortável corcunda de gesso que pesava nove quilos, além de prótese no
rosto com um dos olhos falsos saltado e uma roupa de borracha coberta de pelos
de animais. Isso durante três árduos meses de filmagem! Um dos pontos altos de
sua atuação é quando Quasímodo é condenado a ser açoitado em praça pública e
fica ali preso sofrendo com a chibata. Morrendo de sede, é ajudado pela bela
cigana Esmeralda, por quem acaba se apaixonando. Mesmo debaixo de pesada
maquiagem, ele consegue deixar transparecer toda sua emoção. É incrível. Além
disso, a fita também chama a atenção por todo seus detalhes de produção e
reconstrução de época, filmada em nababescos e gigantes cenários todo
construídos em estúdio, e principalmente na reprodução da Catedral e da Praça
dos Milagres, além do alto número de figurantes utilizados nas cenas externas
(foram quase duas mil pessoas), vivendo os incontáveis mendigos que se
arrastavam pelos guetos parisienses ou mesmo os membros da corte e da igreja. É
cinemão de época MESMO! O Corcunda de Notre Dame peca por ser bastante
arrastado e não pode ser considerado um terroripsis literis. É sim um dos
grandes clássicos do cinema mudo e vale muito mais pelo lançamento de Chaney ao
estrelato, graças a sua capacidade de fazer papeis bizarros e com deformidades
físicas, e pela gênese do ciclo de monstros da Universal, servindo de
referência e inspiração para muitos atores e, por que não, para equipes de
departamento de maquiagem e efeitos especiais no futuro.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/08/6-o-corcunda-de-notre-dame-1923/
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