quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

#006 1923 O CORCUNDA DE NOTRE DAME (The Hunchback of Notre Dame, EUA)


Direção: Wallace Worsley
Roteiro: Perley Poor Sheeham (baseado na obra de Victor Hugo)
Produção: Carl Laemmle, Irving Thalberg
 Elenco: Lon Chaney, Patsy Ruth Miller, Norman Kerry, Kate Lester

Hollywood durante a década de 20 era muito reticente quanto ao cinema de horror. Diferente do que vinha sendo feito na Europa, onde alguns clássicos do gênero já haviam despontado como O Gabinete do Dr. Caligari e Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror, na terra do Tio Sam o gênero era pouco ou quase nada explorado. Foi nesse cenário que dois nomes fizeram história, começando por O Corcunda de Notre Dame: Lon Chaney e Carl Laemmle. Chaney é um dos primeiros grandes atores do cinema de horror, que para sempre terá seu nome imortalizado ao lado de outras lendas como Bela Lugosi, Boris Karloff, Vincent Price, Cristopher Lee e Peter Cushing, entre outros. Conhecido como Homem das Mil Faces, Chaney era aquele que se entregava de corpo e alma e através de efeitos de maquiagem, pode viver personagens clássicos e icônicos do cinema, como o deformado Quasímodo aqui ou o atormentado Erik em O Fantasma da Ópera. Laemmle foi o pai da Universal Pictures, que seria a mais famosa e célebre casa americana de monstros do cinema. Sua reputação era a de o mais boa praça e menos neurótico dos chefes dos grandes estúdios. Entre os filmes que produziu e “apresentou” como chefão da Universal, além de O Corcunda de Notre Dame e de O Fantasma da Ópera, os Laemmles carregam na bagagem clássicos indiscutíveis como DráculaFrankensteinA Múmia, e por aí vai. Então podemos dizer que a parceira entre Laemmle e Chaney deu origem ao terror pipoca de entretenimento, que seria muito famoso na década seguinte, a Era de Ouro dos monstros da Universal, e seguiria uma vertente bastante diferente dos padrões soturnos e pesados vindo do cinema de horror europeu. A interpretação de um irreconhecível Chaney como o corcunda que vive tocando o sino na Catedral de Notre Dame na Paris do século XV, é estupenda. O ator teve de usar uma desconfortável corcunda de gesso que pesava nove quilos, além de prótese no rosto com um dos olhos falsos saltado e uma roupa de borracha coberta de pelos de animais. Isso durante três árduos meses de filmagem! Um dos pontos altos de sua atuação é quando Quasímodo é condenado a ser açoitado em praça pública e fica ali preso sofrendo com a chibata. Morrendo de sede, é ajudado pela bela cigana Esmeralda, por quem acaba se apaixonando. Mesmo debaixo de pesada maquiagem, ele consegue deixar transparecer toda sua emoção. É incrível. Além disso, a fita também chama a atenção por todo seus detalhes de produção e reconstrução de época, filmada em nababescos e gigantes cenários todo construídos em estúdio, e principalmente na reprodução da Catedral e da Praça dos Milagres, além do alto número de figurantes utilizados nas cenas externas (foram quase duas mil pessoas), vivendo os incontáveis mendigos que se arrastavam pelos guetos parisienses ou mesmo os membros da corte e da igreja. É cinemão de época MESMO! O Corcunda de Notre Dame peca por ser bastante arrastado e não pode ser considerado um terroripsis literis. É sim um dos grandes clássicos do cinema mudo e vale muito mais pelo lançamento de Chaney ao estrelato, graças a sua capacidade de fazer papeis bizarros e com deformidades físicas, e pela gênese do ciclo de monstros da Universal, servindo de referência e inspiração para muitos atores e, por que não, para equipes de departamento de maquiagem e efeitos especiais no futuro.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/08/6-o-corcunda-de-notre-dame-1923/

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