Direção: James Whale
Roteiro: Benn W. Levy
(baseado na obra de J.B. Priestly)
Produção: Carl
Laemmle Jr.
Elenco: Boris
Karloff, Melvyn Douglas, Charles Laughton, Lilian Bond, Ernest Thesiger, Eva
Moore
A Casa
Sinistra é a empreitada da Universal na típica história gótica
sobre casarões vitorianos, logo após o lançamento da sua primeira e bem
sucedida leva de filmes de monstros: Drácula e Frankenstein, e alguns meses antes de A Múmia. Carl Lammle Jr. mas uma vez dá o
controle do barco para o trio responsável pelo sucesso de Frankenstein no
ano anterior: o diretor James Whale, o astro Boris Karloff e o maquiador Jack
Pierce, para criar todo o clima de um filme com a autêntica parafernália gótica
para meter medo: uma mansão, uma noite de tempestade, portas e janelas batendo,
cortinas esvoaçantes, corredores mal iluminados, um grupo de viajantes recebidos
por uma família estranha e um sinistro mordomo. Misturando terror com doses de
humor e esquisitices como só Whale era capaz de fazer (vide os seus próximos
trabalhos: O Homem Invisível e A Noiva de
Frankenstein), A Casa Sinistra entrega seus elementos do
gênero de forma séria, porém intercalando-os com diálogos afiados, situações de
pastiche, lutas atrapalhadas e comportamento absurdo da maioria de seus
personagens. Três viajantes, Penderel, Phillip Waverton e sua esposa Margaret
(interpretado por Gloria Stuart, a velhinha de Titanic) estão passando pelo
diabo na estrada durante uma intensa tempestade. Ao escaparem por pouco de um
deslizamento de terra, eles param na estranha mansão para poder se abrigar e
esperar a fúria da natureza se acalmar um pouco. Lá, são recepcionados de forma
bem distinta pela outrora próspera e agora decadente família Ferm. Horace é o
irmão acolhedor, solícito e medroso, enquanto sua irmã Rebecca é uma megera
antipática, semi-surda, conservadora e carola que não para de tagarelar. Além
dos dois anfitriões, há Morgan, o mordomo mudo interpretado por Karloff. Não
sei se Lammle e o pessoal da Universal não acreditavam no potencial de diálogo
de Karloff, porque mais uma vez, como em Frankenstein, ele faz um
personagem que não fala uma palavra sequer o filme inteiro, soltando apenas
alguns grunhidos inteligíveis. Mas apesar do papel secundário, a equipe de
maquiagem de Jack Pierce mais uma vez caprichou e transformou Karloff num ser
feioso, carrancudo e com o rosto cheio de deformações e cicatrizes. Pois bem,
acontece que os Ferm escondem um terrível segredo familiar dentro daquele
casarão, que envolve o patriarca da família, o velho Roderick Ferm que vive
inválido e enclausurado no último andar da casa, e Saul, o irmão mais velho
trancafiado. Morgan também tem um sério problema com o alcoolismo e torna-se
extremamente violento e perigoso quando enche a cara, coisa que faz bem naquela
noite. Fora isso mais dois visitantes chegam à casa também para se protegerem
da tormenta, o casal William “Bill” Poterhouse e Gladys Perkins (que usa um
nome falso no começo, sabe-se lá porque). Só que o que fica devendo em A
Casa Sinistra são cenas realmente de terror genuíno em uma trama
subaproveitada, pois quando você descobre o verdadeiro segredo que vive naquela
casa, chega até ser decepcionante, já que Whale vai criando um clima bem
misterioso que vai prendendo sua atenção ao filme, mesmo em meio a situações
completamente inverossímeis e estapafúrdias, como o desconcertante jantar ou
quando Gladys e Penderel saem no meio da tempestade para tomar uma dose de
uísque no carro, e voltam perdidamente apaixonados, com ele decidindo pedi-la
em casamento e ela dispensando Bill na maior cara de pau, sendo que o corno
leva na maior esportiva e ainda faz graça com isso. Morgan e Rebecca também são
dois personagens mal aproveitados, que poderiam render muito mais à trama,
assim como Saul, se suas verdadeiras motivações fossem mais bem explanadas bem
como sua insanidade. E ao final, com a noite que parecia sem fim terminando e
os raios de sol adentrando a casa, tudo volta ao normal como se nada tivesse
acontecido. Mas há de se concordar que a direção de Whale é precisa, além dele
ser um excelente diretor de atores e especialista em ludibriar o espectador,
entregando algo completamente não usual e fora do inesperado. Uma curiosidade é
que A Casa Sinistra ficou fora de circulação muito tempo, pois todas
suas cópias haviam se perdido. Somente vários anos depois, na década de 60, que
o diretor Curtis Harrington encontrou seus negativos, salvando o filme do
esquecimento.
FONTE: http://101horrormovies.com/
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