Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: Tudor Gates, Harry
Fine, Michael Style (baseado na obra de Sheridan Le Fanu)
Produção: Michael Style,
Harry Fine, Louis M. Heyward (Produtor Associado)
Elenco: Ingrid
Pitt, George Cole, Kate O’Mara, Peter Cushing, Ferdy Mayne, Douglas Wilmer
Carmilla, a
Vampira de Karnestein é a mais fiel adaptação do livro seminal
vampiresco homônimo, escrito pelo irlandês Sheridan Le Fanu e publicado em
1871. E por se tratar de uma produção do estúdio Hammer, podemos esperar sangue
e erotismo a rodo. Ao bem da verdade, a partir dos anos 70 a Hammer começou a
entrar em sua fase decadente, pois seus filmes, famosos por aquele climão
gótico e seus monstros do século XIX, começavam a perder o encanto e o público
não se interessava mais por esse tipo de horror. Enquanto no final dos anos 50
e até meados dos anos 60, a Hammer chocava o público com seus decotes ousados e
seu sangue vermelho vivo em Technicolor nunca antes visto, importando seus
filmes para o outro lado do atlântico, nestes anos vindouros, o cinema de
terror americano começou a finalmente superar os ingleses. Após o banho de
sangue de Herschell Gordon Lewis, o pai do gore, em sua Trilogia de Sangue
(Banquete de
Sangue,Maníacos e Color Me
Blood Red), a hecatombe zumbi canibal de George Romero em A Noite dos Mortos-Vivos e o culto satânico perturbador
de O Bebê de
Rosemary de Roman Polanski, ir ao cinema ver vampiros se
escondendo por trás da capa, perdeu muito a graça. Então a adaptação da Hammer
para o livro de Le Fanu não podia ter vindo em melhor hora. Explico: Mandando a
moral e os bons costumes literalmente às favas, Carmilla, a Vampira de
Karnstein abusa de cenas violentas, uma dose cavalar de luxúria e
lesbianismo e na nudez da deliciosíssima (assim no superlativo mesmo!), Ingrid
Pitt. Coisa impensada se o filme tivesse sido lançado há 10 anos, quando por
exemplo, a primeira adaptação oficial do livro foi filmada em Rosas de
Sangue de Roger Vadim, ou mesmo o italiano A Maldição de
Karnstein de 1964. Carmilla definiu de vez a figura da vampira
lésbica (bissexual, ao bem dizer) no cinema. A polonesa Ingrid Pitt, que
interpreta Carmilla/ Marcilla/ Mircalla Karnstein (em todos seus acrônimos
possíveis) esbanja sexualidade de todos os seus poros. O longa dirigido por Roy
Ward Baker traz todo aquele aparato gótico característico da Hammer (figurino,
ambientação, castelos, carruagens, cemitérios, névoas, florestas sombrias, e
por aí vai), investindo ainda mais nas cenas ousadas, tanto sexuais (como já
citado) quanto na violência gráfica, como logo no começo quando uma das
Karnestein tem sua cabeça decepada por uma espada. Era a tentativa da Hammer de
retomar a hegemonia do horror. E isso tudo torna Carmilla, a Vampira de
Karnestein um deleite, feito na medida para os fãs. Diferente do
lesbianismo velado que vimos nos já citados Rosas de Sangue e A
Maldição de Karnstein, aqui a vampira vai direto ao ponto, seduzindo, beijando
e chupando o sangue de garotas púberes indefesas, mas também porta-se como uma
predadora nata, matando os aldeões incautos para se alimentar, pouco se
importando se são homens ou mulheres. Apesar de velha para o papel, Ingrid Pitt
enche a tela com sua presença, ora doce, ora cruel (e com outros atributos
também, que bem, não vem ao caso) e contracena ao lado de uma lenda do estúdio,
o incansável Peter Cushing, o cavaleiro do horror, no papel do General Von
Spielsdorf (que aqui faz o papel de um pai desafortunado que perdeu a filha
para os caninos da vampira). A trama se inicia com o Barão Von Hartog (Douglas
Wilmer) um caçador de vampiros em busca de vingança pela morte de sua irmã,
invadindo o mausoléu dos Karnestein para enfiar uma estaca em todos os membros
da família amaldiçoada. Porém, o túmulo de Mircalla Karnstein passa
desapercebido, pois estava escondido em um local seguro, o que faz com que a
vampira continue tocando o terror no vilarejo. A primeira vítima é Laura (Pippa
Steele), filha do General, que acolhe a bela Marcilla em sua residência, após
sua mãe, a Condessa, ter de partir às pressas do baile (propositalmente, óbvio)
organizado pelo General. No filme todo há a presença sinistra de um suposto
vampiro cavalgando, que não abre a boca em um frame sequer, e está ali sem a
menor explicação ou motivo aparente. Não satisfeita em chupar até a última gota
de sangue de Laura, agora com o nome de Carmilla, a vampira torna-se hóspede em
outra mansão, após a carruagem da mesma condessa quebrar (propositalmente de
novo, óbvio) e então passa a seduzir a jovem Emma (Madeline Smith) com seus
encantos profanos em busca de quê? Sangue e sexo, claro. Padecendo da mesma
forma que Laura anteriormente, o pai de Emma, o Sr. Roger Morton (George Cole)
une-se ao General Spielsdorf e ao Barão Hartog, junto do ex-namorado de Laura,
Carl Ebhardt (Jon Finch) para juntos, encontrarem o local de descanso da
vampira e exterminá-la de uma vez por todas. O sucesso de Carmilla, a
Vampira de Karnstein deu origem a mais duas sequências, que completaram a
chamada trilogia de Karnstein da Hammer. A primeira, Luxúria de
Vampiros, dirigida por Jimmy Sangster (sim, aquele mesmo, famoso
roteirista do estúdio), e a segunda, As Filhas de
Drácula, de John Hough. Ambos lançados em 1971, com roteiro de Tudor
Gates (o mesmo deste aqui). Infelizmente Ingrid Pitt não volta em nenhum dos
dois, mais viveria uma vampira novamente em A Condessa
Drácula no ano seguinte, filme inspirado na lenda da Condessa
Bathory, que se banhava em sangue com o pretexto de rejuvenescimento.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/26/224-carmilla-a-vampira-de-karnstein-1970/
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