sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

#224 1970 CARMILLA A VAMPIRA KARNSTEIN (The Vampire Lovers, Reino Unido, EUA)


Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: Tudor Gates, Harry Fine, Michael Style (baseado na obra de Sheridan Le Fanu)
Produção: Michael Style, Harry Fine, Louis M. Heyward (Produtor Associado)
Elenco: Ingrid Pitt, George Cole, Kate O’Mara, Peter Cushing, Ferdy Mayne, Douglas Wilmer

Carmilla, a Vampira de Karnestein é a mais fiel adaptação do livro seminal vampiresco homônimo, escrito pelo irlandês Sheridan Le Fanu e publicado em 1871. E por se tratar de uma produção do estúdio Hammer, podemos esperar sangue e erotismo a rodo. Ao bem da verdade, a partir dos anos 70 a Hammer começou a entrar em sua fase decadente, pois seus filmes, famosos por aquele climão gótico e seus monstros do século XIX, começavam a perder o encanto e o público não se interessava mais por esse tipo de horror. Enquanto no final dos anos 50 e até meados dos anos 60, a Hammer chocava o público com seus decotes ousados e seu sangue vermelho vivo em Technicolor nunca antes visto, importando seus filmes para o outro lado do atlântico, nestes anos vindouros, o cinema de terror americano começou a finalmente superar os ingleses. Após o banho de sangue de Herschell Gordon Lewis, o pai do gore, em sua Trilogia de Sangue (Banquete de Sangue,Maníacos e Color Me Blood Red), a hecatombe zumbi canibal de George Romero em A Noite dos Mortos-Vivos e o culto satânico perturbador de O Bebê de Rosemary de Roman Polanski, ir ao cinema ver vampiros se escondendo por trás da capa, perdeu muito a graça. Então a adaptação da Hammer para o livro de Le Fanu não podia ter vindo em melhor hora. Explico: Mandando a moral e os bons costumes literalmente às favas, Carmilla, a Vampira de Karnstein abusa de cenas violentas, uma dose cavalar de luxúria e lesbianismo e na nudez da deliciosíssima (assim no superlativo mesmo!), Ingrid Pitt. Coisa impensada se o filme tivesse sido lançado há 10 anos, quando por exemplo, a primeira adaptação oficial do livro foi filmada em Rosas de Sangue de Roger Vadim, ou mesmo o italiano A Maldição de Karnstein de 1964. Carmilla definiu de vez a figura da vampira lésbica (bissexual, ao bem dizer) no cinema. A polonesa Ingrid Pitt, que interpreta Carmilla/ Marcilla/ Mircalla Karnstein (em todos seus acrônimos possíveis) esbanja sexualidade de todos os seus poros. O longa dirigido por Roy Ward Baker traz todo aquele aparato gótico característico da Hammer (figurino, ambientação, castelos, carruagens, cemitérios, névoas, florestas sombrias, e por aí vai), investindo ainda mais nas cenas ousadas, tanto sexuais (como já citado) quanto na violência gráfica, como logo no começo quando uma das Karnestein tem sua cabeça decepada por uma espada. Era a tentativa da Hammer de retomar a hegemonia do horror. E isso tudo torna Carmilla, a Vampira de Karnestein um deleite, feito na medida para os fãs. Diferente do lesbianismo velado que vimos nos já citados Rosas de Sangue e A Maldição de Karnstein, aqui a vampira vai direto ao ponto, seduzindo, beijando e chupando o sangue de garotas púberes indefesas, mas também porta-se como uma predadora nata, matando os aldeões incautos para se alimentar, pouco se importando se são homens ou mulheres. Apesar de velha para o papel, Ingrid Pitt enche a tela com sua presença, ora doce, ora cruel (e com outros atributos também, que bem, não vem ao caso) e contracena ao lado de uma lenda do estúdio, o incansável Peter Cushing, o cavaleiro do horror, no papel do General Von Spielsdorf (que aqui faz o papel de um pai desafortunado que perdeu a filha para os caninos da vampira). A trama se inicia com o Barão Von Hartog (Douglas Wilmer) um caçador de vampiros em busca de vingança pela morte de sua irmã, invadindo o mausoléu dos Karnestein para enfiar uma estaca em todos os membros da família amaldiçoada. Porém, o túmulo de Mircalla Karnstein passa desapercebido, pois estava escondido em um local seguro, o que faz com que a vampira continue tocando o terror no vilarejo. A primeira vítima é Laura (Pippa Steele), filha do General, que acolhe a bela Marcilla em sua residência, após sua mãe, a Condessa, ter de partir às pressas do baile (propositalmente, óbvio) organizado pelo General. No filme todo há a presença sinistra de um suposto vampiro cavalgando, que não abre a boca em um frame sequer, e está ali sem a menor explicação ou motivo aparente. Não satisfeita em chupar até a última gota de sangue de Laura, agora com o nome de Carmilla, a vampira torna-se hóspede em outra mansão, após a carruagem da mesma condessa quebrar (propositalmente de novo, óbvio) e então passa a seduzir a jovem Emma (Madeline Smith) com seus encantos profanos em busca de quê? Sangue e sexo, claro. Padecendo da mesma forma que Laura anteriormente, o pai de Emma, o Sr. Roger Morton (George Cole) une-se ao General Spielsdorf e ao Barão Hartog, junto do ex-namorado de Laura, Carl Ebhardt (Jon Finch) para juntos, encontrarem o local de descanso da vampira e exterminá-la de uma vez por todas. O sucesso de Carmilla, a Vampira de Karnstein deu origem a mais duas sequências, que completaram a chamada trilogia de Karnstein da Hammer. A primeira, Luxúria de Vampiros, dirigida por Jimmy Sangster (sim, aquele mesmo, famoso roteirista do estúdio), e a segunda, As Filhas de Drácula, de John Hough. Ambos lançados em 1971, com roteiro de Tudor Gates (o mesmo deste aqui). Infelizmente Ingrid Pitt não volta em nenhum dos dois, mais viveria uma vampira novamente em A Condessa Drácula no ano seguinte, filme inspirado na lenda da Condessa Bathory, que se banhava em sangue com o pretexto de rejuvenescimento.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/26/224-carmilla-a-vampira-de-karnstein-1970/

Nenhum comentário:

Postar um comentário