quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

225 1950 RASHOMON (RASHOMON, JAPÃO)


Direção: Akira Kurosawa
Produção: Minoru Jingo, Masaichi
Roteiro: Ryunosuke Akutagawa, Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto, baseado nos contos "Rashomon" e
"Dentro da mata", de Ryunosuke Akutagawa
Fotografia: Kazuo Miyagawa
Música: Fumio Hayasaka
Elenco:
Takashi Shimura …O lenhador
Toshirô Mifune …....Tajômaru
Minoru Chiaki ……..O padre
Machiko Kyô ……….Masako Kanazawa
Masayuki Mori ……. Takehiro Kanazawa
Daisuke Katô ……...O policial

Oscar: Akira Kurosawa (prémio honorário)

Indicação ao Oscar: 5o Matsuyama, li Motsumoto (direção de arte)

Festival de Veneza: Akira Kurosawa (Globo de Ouro), Akira Kurosawa (prêmio da crítica italiana)

Três viajantes se reúnem sob as ruínas de um templo durante uma tempestade. Um lenhador (Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um servo (Kichijiro Ueda) fazem uma fogueira e refletem sobre uma história perturbadora. Assim começa uma história dentro da história sobre um homem e uma mulher casados e um bandido que se encontram em uma estrada na floresta. O lenhador se depara mais tarde com o cadáver do marido e dá seu testemunho diante de uma comissão da polícia que investiga o ocorrido. A explicação horroriza o sacerdote e entretém o servo de tal forma que os mantém ocupados durante toda a tempestade com quatro versões do crime. Contado a partir de pontos de vista conflitantes em forma de flashback, filmado com uma câmera fluida, em constante movimento, e fotografado sob uma abóbada de luz salpicada, Rashomon detalha perspectivas nâo-confiáveis. A sinceridade dos personagens na tela e a veracidade das ações relatadas mostram-se, portanto, enganosas. Fatos são colocados à prova e imediatamente questionados. Discrepâncias entre as histórias sobrepostas do marido, da esposa e do bandido tornam difícil um relato fiel. Um perfeito pesadelo epistemológico, a obra de Akira Kurosawa vencedora do Oscar ainda termina com uma injeção de retidão moral. Embora Rashomon explore de forma implícita a possibilidade perdida de renovação e redenção, seu tema central da descoberta da verdade como uma distinção entre o bem e o mal é sustentado por gestos simples de bondade e sacrifício. Como a estrada na floresta é explorada através da perspectiva do bandido Tajomaru (Toshiro Mifune), ele é caracterizado como um ser diabólico. Depois de ver Masako (Machiko Kyô), ele se encanta com sua submissão voluntária antes de soltar seu marido samurai, Takehiro (Masayukl Mori), para que os dois homens possam lutar até que um deles seja morto. Do ponto de vista de Masako, ela é estuprada, desonrada e em seguida rejeitada pelo marido; então sucumbe a uma ira histérica e o mata. Concordando apenas que foi morto, Takehiro fala através de um médium (Fumiko Honma), explicando como sua esposa correspondeu à paixão de Tajomaru antes de exigir a morte dele pelas mãos do bandido. Sem ver nenhum benefício no assassinato, Tajomaru foge, assim como Masako, abandonando Takehiro, que comete suicídio. Cada história é contada de forma lisonjeira pelos seus próprios protagonistas. Assim, Tajomaru é um criminoso impiedoso, Masako é uma vítima inocente e Takehiro, um guerreiro honrado. Tudo isso parece verdade, até o lenhador explicar o que viu escondido nas sombras. Sua perspectiva ratifica a frivolidade da esposa, a bravata do bandido e a covardia do marido. Ela também oculta a sua cumplicidade em relação ao crime até o servo apontá-la, desprezando a busca pela verdade. Kurosawa termina esta história desoladora com uma nota positiva. Um bebê abandonado é descoberto sob as ruínas do templo. O lenhador introduz no filme o tema da bondade humana ao assumir a responsabilidade de cuidar do órfão como forma de redenção. Um desfecho coerente - dada a esquizofrenia formal de Rashomon com sua estrutura narrativa brilhante - para esta obra-prima de Kurosawa. CC-Q

(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 225)

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