Direção:
Akira Kurosawa
Produção:
Minoru Jingo, Masaichi
Roteiro:
Ryunosuke Akutagawa, Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto, baseado nos contos
"Rashomon" e
"Dentro
da mata", de Ryunosuke Akutagawa
Fotografia:
Kazuo Miyagawa
Música:
Fumio Hayasaka
Elenco:
Takashi
Shimura …O lenhador
Toshirô
Mifune …....Tajômaru
Minoru
Chiaki ……..O padre
Machiko
Kyô ……….Masako Kanazawa
Masayuki
Mori ……. Takehiro Kanazawa
Daisuke
Katô ……...O policial
Oscar:
Akira Kurosawa (prémio honorário)
Indicação
ao Oscar: 5o Matsuyama, li Motsumoto (direção de arte)
Festival
de Veneza: Akira Kurosawa (Globo de Ouro), Akira Kurosawa (prêmio da crítica
italiana)
Três
viajantes se reúnem sob as ruínas de um templo durante uma tempestade. Um lenhador
(Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um servo (Kichijiro Ueda) fazem
uma fogueira e refletem sobre uma história perturbadora. Assim começa uma história
dentro da história sobre um homem e uma mulher casados e um bandido que se
encontram em uma estrada na floresta. O lenhador se depara mais tarde com o cadáver
do marido e dá seu testemunho diante de uma comissão da polícia que investiga o
ocorrido. A explicação horroriza o sacerdote e entretém o servo de tal forma
que os mantém ocupados durante toda a tempestade com quatro versões do crime. Contado
a partir de pontos de vista conflitantes em forma de flashback, filmado com uma
câmera fluida, em constante movimento, e fotografado sob uma abóbada de luz
salpicada, Rashomon detalha perspectivas nâo-confiáveis. A sinceridade dos personagens
na tela e a veracidade das ações relatadas mostram-se, portanto, enganosas. Fatos
são colocados à prova e imediatamente questionados. Discrepâncias entre as histórias
sobrepostas do marido, da esposa e do bandido tornam difícil um relato fiel. Um
perfeito pesadelo epistemológico, a obra de Akira Kurosawa vencedora do Oscar
ainda termina com uma injeção de retidão moral. Embora Rashomon explore de forma
implícita a possibilidade perdida de renovação e redenção, seu tema central da descoberta
da verdade como uma distinção entre o bem e o mal é sustentado por gestos
simples de bondade e sacrifício. Como a estrada na floresta é explorada através
da perspectiva do bandido Tajomaru (Toshiro Mifune), ele é caracterizado como
um ser diabólico. Depois de ver Masako (Machiko Kyô), ele se encanta com sua
submissão voluntária antes de soltar seu marido samurai, Takehiro (Masayukl
Mori), para que os dois homens possam lutar até que um deles seja morto. Do
ponto de vista de Masako, ela é estuprada, desonrada e em seguida rejeitada
pelo marido; então sucumbe a uma ira histérica e o mata. Concordando apenas que
foi morto, Takehiro fala através de um médium (Fumiko Honma), explicando como
sua esposa correspondeu à paixão de Tajomaru antes de exigir a morte dele pelas
mãos do bandido. Sem ver nenhum benefício no assassinato, Tajomaru foge, assim
como Masako, abandonando Takehiro, que comete suicídio. Cada história é contada
de forma lisonjeira pelos seus próprios protagonistas. Assim, Tajomaru é um
criminoso impiedoso, Masako é uma vítima inocente e Takehiro, um guerreiro
honrado. Tudo isso parece verdade, até o lenhador explicar o que viu escondido
nas sombras. Sua perspectiva ratifica a frivolidade da esposa, a bravata do
bandido e a covardia do marido. Ela também oculta a sua cumplicidade em relação
ao crime até o servo apontá-la, desprezando a busca pela verdade. Kurosawa
termina esta história desoladora com uma nota positiva. Um bebê abandonado é descoberto
sob as ruínas do templo. O lenhador introduz no filme o tema da bondade humana
ao assumir a responsabilidade de cuidar do órfão como forma de redenção. Um
desfecho coerente - dada a esquizofrenia formal de Rashomon com sua estrutura
narrativa brilhante - para esta obra-prima de Kurosawa. CC-Q
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 225)
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