Direção:
Fritz Lang
Produção:
Fritz Lang, Walter Wanger
Roteiro
: Rufus King, Silvia Richards
Fotografia:
Manley Cortez
Música:
Miklós Rózsa
Elenco:
Joan Bennett ………Celia Lamphere
Michael Redgrave …Mark Lamphere
Anne Revere ………Caroline Lamphere
Barbara O’Neil …….Senhora Robey
Natalie Schafer ……Edith Potter
Paul Cavanagh ……Rick Barrett
Ainda: Anabel Shaw, Mark Dennis,
Os
fãs de Fritz Lang geralmente se dividem entre os que preferem seus clássicos consagrados
e pretensiosos como M, o vampiro de Dusseldorf (1931), Metrópolis (1926), Os
corruptos (1953) e os que preferem os filmes mais estranhos, crípticos e
perversos de sua obra, que pendem para áreas menos bem-vistas da cultura
popular, como O diabo feito mulher (1952) e O tesouro do Barba Rubra (1955). Para
alguns, O segredo atrás da porta consegue se safar como um filme noir
respeitável, porém é sua divertida mistura de vários gêneros - melodrama
feminino, estudo de caso freudiano, mistério de serial killer e alegoria do
processo artístico/criativo - que o torna uma peculiaridade tão especial e impressionante
na carreira do diretor. O filme faz parte do período do "Gótico
Feminino" de Hollywood, explorando o relacionamento fecundo de uma mulher
(aqui, Joan Bennett) com um homem (Michael Redgrave) que é ao mesmo tempo
enigmático, sedutor e (à medida que a trama se desenrola) perigoso. Como em
Rebecca, a mulher inesquecível (1940), de Hitchcock, que serviu de inspiração
para Lang, a heroína adentra o lar de estranhos, repleto de traumas passados e
ocultos e relacionamentos doentios e secretos. Lang se concentra nas ambiguidades
claramente sadomasoquistas desta trama (Qual a verdadeira natureza da fera
masculina, sensibilidade ou agressividade? O que a mulher quer dele na verdade,
amor ou morte?) dentro de um contexto surpreendentemente original: Redgrave é
um atormentado gênio da arquitetura que construiu uma casa de "cômodos
precisos", cada qual a reconstrução da cena de um assassinato atroz e
abertamente psicossexual. O segredo atrás da porta faz parte de um grupo
especial de filmes da década de 40 que incluem A mulher desejada {1947), de
Jean Renoir, e a produção de Val Lewton A sétima vítima (1943), cuja aura
poderosa e onírica é praticamente garantida pela sua precariedade de filme B e
pela trama de associação livre - assim como por uma narração que, aqui, muda de
forma desorientadora de Bennett para Redgrave, sucessivamente. Por mais heresia
que seja para um defensor de carteirinha do cinema de autor admitir, os cortes
impostos pela Universal na montagem original de Lang provavelmente acentuaram
essa qualidade onírica. O resultado final pode carecer de associações ou
explicações racionais, porém O segredo atrás da porta é uma das preciosas
ocasiões em que Lang - auxiliado de forma imensurável pela fotografia barroca
de Stanley Cortez e pela trilha exuberante de Miklós Rózsa - conseguiu
acrescentar uma dimensão ricamente poética ao seu fatalismo habitual. AM
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 203)
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