terça-feira, 27 de janeiro de 2015

230 1950 OS ESQUECIDOS (LOS OLVIDADOS, MÉXICO)


Direção: Luis Bunuel
Produção: Oscar Danclgers, Sergio Kogan, Jaime A. Menasce
Roteiro: Luis Alcorlza, Luis Bunuel
Fotografia: Gabriel Figueroa
Música: Rodolfo Halffter, Gustavo
Elenco:
Elenco:
Alfonso Mejía …………Pedro
Estela Inda ……………Mãe de Pedro
Miguel Inclán …………Don Carmelo
Roberto Cobo …………Jaibo
Alma Delia Fuentes ….Meche
Javier Amézcua ………Julián

Ainda: Jambrina, Jesus Navarro, Efrain Arauz, Sergio Villarreal, Jorge Perez, Javier Anuvcua, Mário Ramirez

Festival de Cannes: Luis Bunuel (melhor diretor)

Embora Os esquecidos faça uso de várias convenções dos filmes sobre questões sociais, ele vai muito além delas. Passado na periferia da Cidade do México, a pungente obra prima de Buñuel se concentra em dois garotos desafortunados: Pedro (Alfonso Mejia), que se esforça para ser bom, e o mais velho e incorrigível Jaibo (Roberto Cobo), que surge a todo momento como um irmão demoníaco para desencaminhar Pedro. Um dos críticos do neo-realismo italiano, Buñuel exigia que o conceito de realismo fosse expandido para incluir elementos essenciais, como o sonho, a poesia e a irracionalidade – representados pelo pesadelo de Pedro, no qual um emaranhado de culpa e desejos é deslindado na imagem sensacional de uma peça de carne crua oferecida pela mãe do garoto faminto, e pela visão que se apresenta a um Jaibo agonizante, na qual o anjo da morte surge como um cão sarnento que o conduz por uma estrada longa e sombria. Dentre as outras almas perdidas da cidade dos condenados de Buñuel estão o repulsivo mendigo cego Carmelo (Miguel Inclán); o menino de rua Ojitos (Mário Ramirez), explorado por Carmelo: a ninfeta Meche (Alma Della Fuentes), cujas coxas nuas são banhadas em leite e uma das muitas imagens provocativas do filme; e o virtuoso Julián (Javier Amézcua), rapidamente assassinado por Jaibo. Pegando emprestado o bordão de NossWille, pode-se dizer que o último personagem essencial é você, espectador hipócrita. Um fator crucial que torna Os esquecidos superior a outros filmes sobre questões sociais é a maneira como ele provoca agressivamente a platéia - de forma mais assombrosa quando Pedro, revoltado em um reformatorio, joga um ovo na camera. De maneira menos espetacular, porém ainda chocante. Os esquecidos desencoraja o espectador a assumir a postura de sensibilidade nobre geralmente cultivada pelos filmes de mensagem liberal. Para começar, o tom é cáustico demais, distanciado e contraditório - como quando o espetáculo patético do linchamento do cego Carmelo pela gangue de Jaibo é acobertado por um plano sarcástico de uma galinha. Além disso, Buñuel evita primorosamente um verdadeiro catálogo de subterfúgios de filmes-mensagem, entre eles o uso de arquétipos para conduzir nossos sentimentos e a concentração em casos específicos para atenuar o problema mais amplo. Os esquecidos foi criticado por sua insensibilidade e falta de soluções construtivas, porém Buñuel é um artista, não um legislador, e talvez seja difícil reconhecer a compaixão deste filme extraordinariamente honesto apenas por ela não estar amenizada pelo sentimentalismo. MR
 (1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 229)


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