sábado, 3 de janeiro de 2015

195 1946 A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (IT'S A WONDERFUL LIFE, EUA)


Direção: Frank Capra
Roteiro: Philip Van Doren Stern, Frances Goodrich
Elenco:
James Stewart ….…George Bailey
Thomas Mitchell .…Tio Billy
Donna Reed ………Mary Hatch Bailey
Lionel Barrymore …Sr. Potter
Henry Travers …….Clarence
Beulah Bondi …….Ma Bailey
Ainda: Frank Faylen, Ward Bond, Gloria Grahame, H. B. Warner, Frank Albertson, Todd Karns, Samuel S. Hinds, Mary Treen, Virgínia Patton

Indicação ao Oscar: Frank Capra (melhor filme), Frank Capra (diretor), James Stewart (ator), William Hornbeck (edição), John Aalberg (som)

Depois de celebrar o homem comum em clássicos da década de 30 como Aconteceu naquela noite, A mulher faz o homem e Do mundo nada se leva, o primeiro filme de Frank Capra realizado no pós-guerra enaltece, sem o menor pudor, a bondade das pessoas comuns e o valor dos sonhos humildes, mesmo que eles não se tornem realidade. Baseado em The Createst Gift, um conto escrito em um cartão de Natal por Philip Van Doren, o vital protagonista do filme, um jovem sobrecarregado de responsabilidades, foi quase recusado pelo cansado de guerra James Stewart. Lançado em 1946 sob críticas conflitantes, ele foi, não obstante, indicado a cinco prêmios Oscar (incluindo Melhor Filme e Melhor Ator), porém não venceu em nenhuma categoria. Hoje em dia, especular se ele era um filme que precisava ser assistido várias vezes para ser apreciado plenamente ou se foi apenas produzido na época errada é irrelevante. Na década de 60, o copyright dele expirou, o que permitiu a circulação a baixo custo de uma versão de "domínio público" e exibições frequentes na tevê. Reprisado à exaustão por volta das festas de fim de ano, ele se tornou o baluarte das "sessões para toda a família". Depois de consolidado como uma pedra de toque emocional para várias gerações, canais públicos de televisão, em 1970, cristalizaram sua reputação de qualidade exibindo-o em contraste com a programação comercial obtusa e materialista da época de festas. George Bailey (Stewart), um homem desengonçado e de bom coração, cresce na pequena cidade de Bedford Falis, em Connecticut, mas sonha em viajar pelo mundo. O dever, no entanto, está sempre entrando no caminho para frustrar esse sonho. Sua perda de liberdade é aliviada apenas pelo seu casamento com Mary (Donna Reed), a beldade local, e posteriormente por sua jovem família e por seu próprio senso de filantropia ao ajudar os trabalhadores da cidade a comprarem suas próprias casas. Por fim, ao se ver forçado a recorrer à poupança da família, que Mr. Potter (raras vezes Lionel Barrymore esteve tão detestável), o ganancioso banqueiro da cidade, ameaça confiscar, George sente-se tão pressionado que tenta o suicídio saltando de uma ponte. No entanto, um milagre acontece: um anjo chamado Clarence (Henry Travers) é enviado do Céu para mostrar a George o que teria sido da cidade caso seu desejo se realizasse e ele jamais tivesse vivido. Somente depois de George se convencer do próprio valor seu suicídio será desfeito, a cidade voltará ao normal e Clarence, um anjo de segunda classe, ganhará suas asas. Quase 60 anos depois, A felicidade não se compra continua sendo um dos mais queridos filmes de fim de ano por conta de sua mensagem otimista e clima amedrontador de "o que teria acontecido se...". Assistido no cinema, sem as distrações das festividades, ele se revela mais uma comédia escrachada deliciosa, repleta de comentários ligeiros e incisivos sobre o amor, o sexo e a sociedade. A grande qualidade dessa brincadeira se deve especialmente à participação não creditada no roteiro de Dorothy Parker, Dalton Trumbo e Clifford Odets. O filme era um dos favoritos de Capra e Stewart e ambos expressaram profundo descontentamento quando ele se tornou vítima precoce da febre da colorização. KK
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 195)

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