Direção: Alexandre Bustillo, Julien Maury
Roteiro: Alexandre Bustillo, Julien Maury
Elenco:
Chloé Coulloud, Félix Moati, Jérémy Kapone, Catherine
Jacob, Béatrice Dalle, Chloé Marcq, Marie-Claude Pietragalla, Loïc Berthezene,
Joël Cudennec, Sabine Londault, Serge Cabon
É do conflito que surgem as maiores qualidades e
os maiores problemas de Livide, último filme da dupla francesa Alexandre Bustillo
e Julien Maury. O longa segue duas premissas que ora trazem resultados frescos
para o estilo, ora emperram o próprio funcionamento da trama. A primeira é a
decisão de não explicar completamente os personagens. Mesmo quando estamos
cientes do que eles fazem ainda não sabemos quem eles são. Isso funciona até o
momento em que a trama se afasta muito da primeira impressão e o filme pede que
decifremos alguns códigos.
A segunda premissa mora no fato de que Livide é, em sua essência, uma
homenagem não a filmes de terror, mas a vários cinemas de terror. Fantasmas,
tortura, taxidermia, suspense, psicopatas. Tudo convive entre as paredes da
mansão que acomoda a parte realmente significativa do filme. Mas, da mesma
maneira que a falta de informação sobre os personagens, essa pluralidade chega
a um ponto de esgotamento.
Bustillo e Maury já haviam entregado um
fortíssimo filme anterior, A Invasora, com Beatrice Dalle, que aqui
faz uma pequena participação. Mas se aquele longa investia numa linhagem mais
pura, este aqui se perde um pouco na pretensão. Se, de um lado, os cineastas
demonstram um talento impressionante para confeccionar imagens; do outro, eles
não parecem tão hábeis para transformá-las em material de gênero, embora criem
uma personagem tão assustadora quanto a de Dalle, a senhora Wilson, que ganhou
vida na pele de uma ótima Catherine Jacob.
O filme se divide em duas partes distintas: a
primeira, mais próxima de um horror contemporâneo, dura cerca de uma hora e
serve para introduzir a protagonista naquele que será seu novo universo, o dos
idosos que precisam de acompanhamento. O tom é mais documental, as insinuações
de suspense são mais realistas. Na segunda parte, que ocupa a meia hora final,
o filme muda de tom, fica mais rico, mas o arco parece não fechar. O espectador
é levado para um terreno de uma sofisticação visual extremamente detalhista, e
de bom gosto, onde cada filtro e cada peça do cenário parecem ter sido
escolhidos a dedo para ilustrar o macabro. Só que algumas imagens funcionam
mais em conceito do que na prática. Há um belíssimo trabalho ali, mas que nem
sempre cumpre seu intento.
FONTE: http://filmesdochico.uol.com.br/livide/
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