sábado, 24 de janeiro de 2015

#014 1928 O HOMEM QUE RI (The Man Who Laughs, EUA)

#014 1928 O HOMEM QUE RI (The Man Who Laughs, EUA)
Direção: Paul Leni
Roteiro: J. Grubb Alexander (baseado na obra de Victor Hugo)
Produção: Paul Kohner
Elenco: Conrad Veidt, Mary Philbin, Olga Baclanova, Brandon Hurst, Cesare Gravina

Sabe aquele personagem que só de você olhar para ele você o considera extremamente perturbador e sente um baita medo? Pois bem, essa é o personagem interpretado por Conrad Veidt em O Homem que Ri, para mim, o seu mais marcante papel. Dirigido pelo alemão Paul Leni, essa adaptação da obra de Vitor Hugo traz a história de Gwynplaine (Veidt), herdeiro de um ducado, que é sequestrado quando ainda garoto e por ordem do Rei James II, tem o rosto desfigurado, deixando-o para sempre com um sorriso macabro em seus lábios, e vendido para um grupo de compradores de crianças, que ganham a vida exibindo-os nos freak shows da vida. E bota macabro nesse sorriso! Agora olhe bem para a figura do Gwynplaine com seu sorriso perpétuo. Acha familiar? Sim, é isso mesmo que você está pensando. Bob Kane, criador de Batman, inspirou-se na performance de Conrad Veidt para criar o principal arqui-inimigo do Homem-Morcego: o Coringa. Gwynplaine é abandonado ainda criança, vagando sem rumo com um echarpe cobrindo seu rosto, quando encontra uma bebê cega padecendo nos braços de sua mãe morta ao qual resolve dar proteção. À procura de abrigo, eles batem na porta de uma cabana e são adotados por Ursus, o Filósofo. Ao crescer, não resta alternativa ao pobre e atormentado Gwynplaine a não ser virar palhaço de um circo itinerante, o que lhe rende fama e o apelido de “Homem que Ri”. Uma multidão de rufiões se aglomera para conhecê-lo por onde quer que seu teatro mambembe, liderado por Urusus, passe. Mas por trás daquele sorriso esconde-se um homem amargurado, pária da sociedade no final das contas, que alimenta um amor pela bela Dea, a mesma bebê que ele salvou, que cresceu e ganhou um rosto angelical, trabalhando na trupe como sua assistente de palco. Mas o pobre coitado vive um dilema pessoal, pois acha sacanagem pedi-la em casamento, mesmo sendo seu maior desejo, sendo que ela não poder ver sua horrenda deformidade, e por isso fica lutando contra seus sentimentos. Sério, a expressão de Veidt, que já havia nos brindado anteriormente com Cesare de O Gabinete do Dr. Caligari e o pianista Paul Orlac em As Mãos de Orlac, com aquele sorriso escancarado no rosto é realmente assustadora. Ele não precisa fazer absolutamente nada. Somente suas expressões faciais e aquele sorriso são o suficiente para impressionar. Veidt está perfeito, colocando todo o poder das expressões faciais que o cinema mudo exigia. Mas claro que apesar da aparência sinistra, o coração enorme e o sofrimento de Gwynplaine comove os espectadores, que acabam por simpatizar pela bizarra criatura. Soma-se a isso a direção certeira e a cenografia que Leni imprime na história, construindo uma brilhante mistura entre o expressionismo alemão, sua verdadeira escola, onde já havia dirigido O Gabinete das Figuras de Cera, por exemplo (com Veidt no elenco também), com o realismo e produção exuberante do cinema americano. E Leni soube imprimir seu toque macabro, principalmente nos seus cenários e nas interpretações carregadas dos protagonistas, misturadas como o drama palatável e toda a tristeza de Gwynplaine e as impressionantes cenas de ação no terceiro ato do filme. É um pouco extenso, com uma metragem longa (110 min), mas O Homem que Ri é um clássico absoluto da sétima arte.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/15/14-o-homem-que-ri-1928/

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