#014 1928 O HOMEM QUE RI (The
Man Who Laughs, EUA)
Direção: Paul Leni
Roteiro: J. Grubb Alexander
(baseado na obra de Victor Hugo)
Produção: Paul Kohner
Elenco: Conrad Veidt, Mary
Philbin, Olga Baclanova, Brandon Hurst, Cesare Gravina
Sabe aquele personagem que só de
você olhar para ele você o considera extremamente perturbador e sente um baita
medo? Pois bem, essa é o personagem interpretado por Conrad Veidt em O Homem que Ri, para mim, o seu mais marcante papel. Dirigido pelo alemão Paul
Leni, essa adaptação da obra de Vitor Hugo traz a história de Gwynplaine
(Veidt), herdeiro de um ducado, que é sequestrado quando ainda garoto e por
ordem do Rei James II, tem o rosto desfigurado, deixando-o para sempre com um
sorriso macabro em seus lábios, e vendido para um grupo de compradores de
crianças, que ganham a vida exibindo-os nos freak shows da vida. E
bota macabro nesse sorriso! Agora olhe bem para a figura do
Gwynplaine com seu sorriso perpétuo. Acha familiar? Sim, é isso mesmo que você
está pensando. Bob Kane, criador de Batman, inspirou-se na performance de
Conrad Veidt para criar o principal arqui-inimigo do Homem-Morcego: o Coringa. Gwynplaine
é abandonado ainda criança, vagando sem rumo com um echarpe cobrindo seu rosto,
quando encontra uma bebê cega padecendo nos braços de sua mãe morta ao qual
resolve dar proteção. À procura de abrigo, eles batem na porta de uma cabana e
são adotados por Ursus, o Filósofo. Ao crescer, não resta alternativa ao pobre
e atormentado Gwynplaine a não ser virar palhaço de um circo itinerante, o que
lhe rende fama e o apelido de “Homem que Ri”. Uma multidão de rufiões se
aglomera para conhecê-lo por onde quer que seu teatro mambembe, liderado por
Urusus, passe. Mas por trás daquele sorriso esconde-se um homem amargurado,
pária da sociedade no final das contas, que alimenta um amor pela bela Dea, a
mesma bebê que ele salvou, que cresceu e ganhou um rosto angelical, trabalhando
na trupe como sua assistente de palco. Mas o pobre coitado vive um dilema
pessoal, pois acha sacanagem pedi-la em casamento, mesmo sendo seu maior
desejo, sendo que ela não poder ver sua horrenda deformidade, e por isso fica
lutando contra seus sentimentos. Sério, a expressão de Veidt, que já havia nos
brindado anteriormente com Cesare de O Gabinete do Dr. Caligari e o pianista Paul Orlac em As Mãos de Orlac, com aquele sorriso escancarado no rosto é
realmente assustadora. Ele não precisa fazer absolutamente nada. Somente suas
expressões faciais e aquele sorriso são o suficiente para impressionar. Veidt
está perfeito, colocando todo o poder das expressões faciais que o cinema mudo
exigia. Mas claro que apesar da aparência sinistra, o coração enorme e o
sofrimento de Gwynplaine comove os espectadores, que acabam por simpatizar pela
bizarra criatura. Soma-se a isso a direção certeira e a cenografia que Leni
imprime na história, construindo uma brilhante mistura entre o expressionismo
alemão, sua verdadeira escola, onde já havia dirigido O Gabinete das Figuras de Cera, por exemplo (com Veidt no
elenco também), com o realismo e produção exuberante do cinema americano. E
Leni soube imprimir seu toque macabro, principalmente nos seus cenários e nas
interpretações carregadas dos protagonistas, misturadas como o drama palatável
e toda a tristeza de Gwynplaine e as impressionantes cenas de ação no terceiro
ato do filme. É um pouco extenso, com uma metragem longa (110 min), mas O
Homem que Ri é um clássico absoluto da sétima arte.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/15/14-o-homem-que-ri-1928/
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