quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

207 1948 FESTIM DIABÓLICO (ROPE, EUA)


Direção: Alfred Hitchcock
Produção: Sidney Bernstein
Roteiro: Hume Cronyn, Arttiut Laurents, baseado na peça Rope'1 End, de Patrick Hamilton
Fotografia: William V. Skall, Joseph Valentine
Música: David Buttolph
Elenco:
James Stewart ……. Rupert Cadell
John Dall ………….. Brandon Shaw
Farley Granger …… Phillip Morgan
Cedric Hardwicke … Sr. Kentley
Constance Collier …Sra. Atwater
Douglas Dick ……… Kenneth Lawrence
Ainda: Constance Collier, Edith Evanson, Dick Hogan, Juan Chandler

Embora deva sua fama a um estilo mirabolante e carregado de emoções fortes, Alfred Hitchcock sempre foi um dos cineastas mais experimentais do cinema comercial. Tendo como base sólida uma peça de Patrick Hamilton (famoso por À meia-luz) baseada no Caso Leopold e Loeb e dramatizada de forma mais convencional no filme Estranha Repulsão, de 1959, festim diabólico chama atenção para seu cenário único utilizando coordenadas de um rolo de duração que são juntadas de maneira quase invisível para que ele pareça não ter cortes. Em se considerando que, em 1948, muitos dos espectadores mal sabiam que filmes consistiam cm trechos breves montados para efeito dramático – até hoje, a maioria dos filmes sobre cinema parece sugerir que as cenas são filmadas como se estivessem acontecendo ao vivo, como em um palco -, pode-se supor que Hitchcock estivesse mais interessado em se dirigir a colegas de profissão, demonstrando uma maneira alternativa de se contar uma história em filme de forma semelhante ao que o posterior movimento Dogma 1995 e A bruxa de Blair (1999) tentaram fazer. Além dos desafios técnicos de fazer a câmera seguir os personagens por um apartamento grande em Nova York, contando uma história em "tempo real", Festim diabólico é bastante interessante por si próprio, mostrando dois solteiros que moram juntos (John Dall e Farley Cranger) que tentam se safar de um assassinato casual para provar uma teoria obscura. Ao mesmo tempo um drama psicológico intenso e uma comédia de humor negro ao estilo de Este mundo é um hospício (1944), o filme apresenta um conflito de gato e rato à medida que os assassinos convidam o professoral Jimmy Stewart para Impressioná-lo com a inteligência deles, flertando de várias formas com a revelação do crime. A técnica distrai menos do que se poderia esperar, permitindo a Stewart e Dall se confrontarem em uma grande batalha entre afetação homicida e retidão moral. É possível que toda a atenção que se deu aos planos longos tenha feito os censores ignorarem a representação extraordinariamente aberta de uma relação quase homossexual entre os assassinos - apesar de nunca mencionado nos diálogos, há apenas um quarto no apartamento que eles dividem. A insegurança de Cranger fica ainda mais clara com a duração impiedosa das tomadas, mas Dall e Stewart mostram-se á altura do desafio de apresentar atuações ininterruptas, ao estilo do teatro, na mídia mais intimista do cinema. KN
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 207)

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