segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

#092 1956 O ABOMINÁVEL HOMEM DAS NEVES (The Abominable Snowman, Reino Unido)



Direção: Val Guest
Roteiro: Nigel Kneale
Produção: Aubrey Baring, Anthony Nelson-Keys (Produtor Associado), Michael Carreras (Produtor Executivo)
Elenco: Forrest Tucker, Peter Cushing, Maureenn Connell, Richard Waits, Robert Brown

O Abominável Homem das Neves é o último filme da Hammer preto e branco antes de entrar na era colorida e revitalizar os monstros da Universal, e começar a contar com as duplas Peter Cushing e Cristopher Lee atuando e Terence Fisher e Jimmy Sangster, dirigindo e escrevendo, respectivamente. Mas aqui já temos um lampejo de como seria a tônica do horror sobrenatural que o estúdio tornaria peculiar no final dessa década e nas duas próximas. Dirigido por Val Guest e escrito por Nigel Kneale, os mesmos de Terror que Mata, baseado no filme para televisão de Kneale, O Abominável Homem das Neves prima por elementos de suspense, horror clássico e um monstro de antagonista (mesmo que o vislumbremos rapidamente só no final da fita), ao contrário das outras produções sci-fi do estúdio rodadas anteriormente, entre elas o próprio Terror que Mata e X, O Monstro Radioativo. O filme segue a famosa lenda do Yeti, criatura que vive nas montanhas do Himalaia, que é o irmão oriental do Pé-Grande americano, uma figura humanoide, coberta de pelos, que pode ser o tão discutido elo perdido entre o macaco e o homem de Neandertal. Até o Chapolin já enfrentou o monstrengo, que foi interpretado por Ramón Valdez, ou Seu Madruga para os íntimos, em um episódio hilário onde o ator está vestido com uma roupa de plush cinza, barba e cabelos compridos. Dois detalhes pessoais que eu acho interessante: foi nesse episódio que eu tomei conhecimento pela primeira vez do Yeti (e também de que saco de dormir em inglês é sleeping bag); segundo, o episódio é um daqueles de terror, e até que é bem assustador para um programa cômico, seguindo a linha de outros que se enveredavam por esse gênero no famoso seriado mexicano. Dá para ver aqui. Fui bem longe, né? Voltando ao filme. Peter Cushing é o Dr. John Rollason, proeminente botânico, que junto com sua esposa, Helen e seu assistente Peter Fox, estão em expedição ao Himalaia e são convidados do Lama (Arnold Marlé) no monastério de Rong-ruk. Só que na verdade essa história de encontrar plantinhas é só um pretexto para Rollason participar de outra expedição, que consiste em encontrar evidências da existência do tal abominável homem das neves. Ele então se junta ao expedicionista Tom Friend, interpretado por Forrest Tucker, e parte para o alto da montanha. Rollason, Friend, o perito em armadilhas Ed Shelley, o fotógrafo Andrew McNee e um nativo local como guia partem ao encalço do monstro, cada um com um motivo diferente, que vai desde estudar a criatura, até fama e sucesso exibindo-o em um zoológico. Ao chegar ao topo da montanha, eles encontram pegadas gigantes na neve, e segundo seu rastro, uma série de infortúnios vai acometer toda a equipe. Primeiro começam com tensões entre os próprios membros da expedição, exatamente por conta desses motivos díspares. Depois, McNee é pego em uma armadilha de urso e tem a perna atingida, para depois mais tarde morrer estupidamente em uma queda. Enquanto o clima fica cada vez mais hostil nas montanhas, no sentido de temperatura e nervos acirrados, Helen, preocupada com o marido, organiza uma missão de resgate. Lá pelas tantas, os intrépidos exploradores finalmente conseguem ver o monstro cara a cara e Shelley consegue abater um deles. Um dos pontos mais assertivos do filme é que quase nunca vemos o bichão, e nesta cena, por exemplo, só vemos o seu braço, de forma muito bem executada, para explorar o imaginário do espectador. Os únicos três sobreviventes (nessa altura do campeonato o guia já havia picado a mula de medo) começam então a entrar em um ciclo de discórdia, principalmente entre Rollason e Friend, que não chegam às vias de fato, mas vivem uma troca de acusações constantes. Shelley é encontrado morto de susto em uma caverna (com uma incrível expressão de pavor no rosto) e os únicos dois sobreviventes se veem encurralados pelo Yeti (ou seja, não havia mais de um), quando uma avalanche os prende na caverna. Traídos pelos seus sentidos e ouvindo coisas, descobre-se que o criptoanimal na verdade quer reclamar o corpo do seu parente morto, afinal eles vivem lá nos cafundós do Judas exatamente para que a terrível humanidade não tome conhecimento de sua real existência, e que eles são criaturas racionais que estão esperando a humanidade se exterminar com suas guerras e armas atômicas, pra novamente reivindicar seu lugar na Terra. E é isso que Cushing se dá conta, antes de ser resgatado e negar para o Lama a existência do Yeti ao retornar ao monastério. Todo o filme é muito bem construído, o clima de suspense, aventura, os embates entre aqueles homens presos em uma região inóspita e gelada, isso sem contar a honesta direção de Guest e mais uma atuação fantástica do galante Cushing. A única falha para mim em O Abominável Homem das Nevesé que inexoravelmente eles mostrariam o Yeti, e isso perde um pouco da magia do filme, já que é claro, por conta do baixo orçamento e limitações técnicas da época, o monstrão não seria a maior maravilha do mundo no quesito maquiagem. Deveriam ter mantido no suspense, deixando nós mesmos tão sem ideia de como é o monstro quando começamos a ver ao filme. Mas obviamente, isso nunca iria acontecer, pois correria o risco de um fracasso comercial retumbante.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/22/92-o-abominavel-homem-das-neves-1957/

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