Direção: Val Guest
Roteiro: Richard Landay, Val
Guest (baseado no personagem criado por Nigel Kneale)
Produção: Anthony
Hinds, Robert L. Lippert (não creditado)
Elenco:Brian
Donlevy, Jack Warner, Margia Dean, David Kin-Wood, Richard Wordsworth
Todo mundo conhece a Hammer como
a casa britânica de Drácula e Frankenstein, pela parceria entre os galantes
Christopher Lee e Peter Cushing e por ter jogado sangue e cor no cinema de
terror. Mas antes disso tudo, foi no ano de 1955 que uma ficção científica
derivada de uma série da BBC de Londres catapultou o estúdio para sua projeção
internacional e garantiu financeiramente a sua guinada. Estou falando de Terror que
Mata. O Professor Bernard Quatermass é uma criação de Nigel Kneale
para uma minissérie britânica homônima de enorme sucesso, exibida na televisão
em 1953. O herói Quatermass é um brilhante e distinto cientista inglês,
pioneiro do programa espacial britânico, liderando o time do primeiro foguete
experimental da terra da rainha, o que o acaba colocando como peça chave em
enfrentar terríveis ameaças alienígenas que pretendem destruir a humanidade. Situando
historicamente Terror que Mata, o mundo vivia o auge da corrida espacial
naqueles anos, disputado palmo a palmo tanto pelos russos quanto pelos
americanos. Até então, ninguém havia conseguido obter um pleno sucesso, até que
em 1957, os russos finalmente lançaram um satélite no espaço, o SPUTNIK e três
anos depois, o cosmonauta Iuri Gagarin foi o primeiro homem enviado ao espaço.
Em 1969 os EUA venceriam essa batalha levando o homem à lua. Só que aqui nessa
ficção, os britânicos, vejam só, largaram na frente de todo mundo e enviaram um
foguete tripulado por três astronautas, projeto chefiado pelo Prof. Quatermass.
Ao retornar para a terra e cair em um campo aberto, dois desses astronautas
misteriosamente desapareceram, enquanto o único sobrevivente, Victor Carroon,
estava em um estado semi-catatônico, completamente atordoado, sem poder
explicar o que estava acontecendo. Só que Carroon passa a sofrer uma terrível
mutação corporal, possuído por uma entidade alienígena que tomou conta de seu
corpo durante a viagem espacial, transformando-o aos poucos em uma massa
disforme que vai crescendo exponencialmente de tamanho e absorvendo outras
matérias com as quais entra em contato. Cabe ao Prof. Quatermass junto com o
Dr. Gordon Briscoe e o Inspetor Lomax, da Scotland Yard, tentar descobrir o
paradeiro da criatura, solto pelas ruas de Londres, até ser encurralado na
Abadia de Westminster, tendo de ser destruído a todo custo, pois com a
velocidade em que sua mutação se acelerava, ele poderia em pouco tempo
assimilar e exterminar toda a raça humana. Terror que Mata tem um ritmo
completamente intrigante, que consegue prender muito bem o espectador criando
um clima de mistério e terror sufocante em todo o longa. O roteiro infelizmente
é fraco ao trabalhar seus personagens, principalmente por não nos trazer a
história e as capacidades do Prof. Quatermass, e deixando a ver navios aqueles
quem não eram familiarizados com a série original. Mas o desenrolar da história
acaba tornando o filme interessante, fazendo com que na verdade a trama
sinistra se sobressaia sobre as atuações apáticas de todos os atores do longa,
principalmente de Donlevy como o Prof. Quatermass, que foi alvo de críticas
pesadas de Nigel Kneale, devido aos seus problemas com o alcoolismo. A dupla
Lee / Cushing ainda não havia estreado nos filmes do estúdio até então. Uma
curiosidade é que Donlevy era casado com Lillian Lugosi, viúva de Bela. Mas
tudo isso não impediu o sucesso estrondoso da fita nas bilheterias. A
interpretação de Carroon pelo ator Richard Wordsworht, com sua aparência que
vai se tornando sinistra e esquisita durante o decorrer do filme, é realmente
o que se destaca do restante do elenco desconhecido. A criatura amorfa no
qual o alienígena se transforma no final do filme também é bastante
interessante, não chegando a ser tosca como a maioria dos alienígenas /
criaturas espaciais representadas no cinema de ficção científica da época. Na
verdade, se você olhar bem para aquela massa disforme, consegue perceber que
ele provavelmente deve ter servido de inspiração para outros sucessos
do sci-fi e tem até um pegada meio Lovecraftiana, à la A Cor que Caiu
do Céu. A direção simples, porém precisa de Val Guest também não atrapalha o
filme, mas não acrescenta nada de muito excepcional, fazendo somente o seu
arroz com feijão. Uma das melhores cenas é quando é exibido o vídeo do interior
da nave, sem nenhum som de fundo, quando eles são supostamente atacados por uma
energia alienígena. Apesar de confusa, ela consegue ter seu efeito de suspense,
deixando-nos ainda com mais perguntas sem respostas. Guest ganharia mais tarde
um BAFTA, o Oscar britânico, pelo roteiro de O Dia Em que a Terra se
Incendiou, que também dirigiu, além de ter em seu currículo, O Abominável
Homem das Neves, também da Hammer com Peter Cushing no elenco, e o
filme não oficial de James Bond, Cassino Royale de 1967 (não o
recente estrelado por Daniel Craig). Terror que Mata, obra importantíssima para
o gênero, ganhou mais duas continuações, tanto na televisão, quanto suas
respectivas adaptações para o cinema: Usina de Montros de 1957, também
com Donlevy reprisando o papel do cientista espacial e dez anos mais tarde, a
terceira continuação,Sepultura
para a Eternidade, já com Andrew Keir no papel de Quatermass.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/02/13/84-terror-que-mata-1955/
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