segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

221 1949 O TERCEIRO HOMEM (THE THIRD MAN, INGLATERRA)


Direção: Carol Reed
Produção: Hugh Perceval, Carol Reed
Roteiro: Graham Greene, Alexander Korda
Fotografia: Robert Krasker
Música: Henry Love, Anton Karas
Elenco: loseph Cotten, Alida Valli, Orson Welles, Trevor Howard, Paul Hflrblger, I mst Deutsch, Erich Ponto, lltgfrled Breuer, Hedwig Bleibtreu, v i u . m l Lee, Wilfrid Hyde-White

Oscar: Robert Krasker (fotografia)

Indicação ao Oscar: Carol Reed (diretor), Oswald Hafenrichter (roteiro)

Roteirizado por Graham Greene - o livro foi, na verdade, escrito a partir do roteiro -, O terceiro homem transfere de maneira eficiente o mundo de pesadelo urbano dos filmes noir da Hollywood de 1940 para um cenário europeu. Partindo das consequências caóticas da guerra e oferecendo uma continuação - passada cinco anos depois – as obras de escritores de thrlllers ingleses e cineastas europeus exilados, ele mostra os efeitos pós-guerra dos movimentos retratados nos filmes do começo da carreira de Hitchcock, como A dama oculta (1938) e O agente secreto (1936), bem como nas obras do meio da carreira de Fritz Lang - como Quando desceram as trevas (1944), baseado em Greene, ou O homem que quis matar Hitler (1941), inspirado em Geoffrey Household – e ainda nas adaptações de Eric Ambler, como Jornada do pavor (1942) e A máscara de Dimitros (1944). A Viena ocupada, dividida entre quatro poderes militares e infestada de vigaristas do mercado negro, é um cenário tão fantástico quanto qualquer outro projetado pelo exotismo de estúdio, contudo Reed e sua equipe conseguiram filmar em locação, em meio aos escombros e à exuberância, capturando um mundo de medo extremamente real. Nesse mundo devastado pela corrupção surge o americano inocente Holly Martins (Joseph Cotten). Um escritor de faroestes pu/p, ele é de alguma forma chamado para dar uma palestra sobre literatura séria para uma platéia pedante. Somente o sargento de polícia (Bernard Lee), sentado no fim do auditório, leu alguns de seus livros. Holly fica chocado ao descobrir que seu amigo de infância Harry Lime (Orson Welles) morreu recentemente de maneira misteriosa, tendo sido apontado como suspeito de envolvimento em um golpe especialmente covarde. Holly se envolve com uma das namoradas de Harry (Alida Valli) e uma série de excêntricos sinistros na sua busca pelo "terceiro homem", que foi visto levando o corpo de Lime embora. Harry, como todos (menos Holly) sabem, na verdade forjou a própria morte para fugir do policial Calloway (Trevor Howard). Depois de todos esses anos, não é exatamente uma surpresa, mas o momento em que o Harry de Welles é pego por um facho de luz da rua enquanto um gato se esfrega em seus sapatos ainda é mágico. O tema de cítara inesquecível de Anton Karas se destaca na trilha sonora e Welles faz praticamente uma ponta como um dos vilões mais charmosos do cinema. A fala mais famosa de O terceiro homem - a piada do "relógio cuco", contada no alto da roda-gigante de Viena - foi escrita por Welles no calor do momento, como acréscimo ao roteiro de Greene, dando substância ao personagem e talvez assegurando a grandeza duradoura desta película. Um raro filme Inglês que é tecnicamente tão perfeito quanto os melhores clássicos de Hollywood - Reed jamais faria algo tão magistral novamente -, O terceiro homem é uma extraordinária mistura de thrlller político, estranha história de amor, mistério gótico e tormento romântico em preto-e-branco. Welles, que está verdadeiramente brilhante nos cinco minutos em que aparece, ganhou toda a atenção, mas este é um filme de atuações impecáveis, contando com um trabalho maravilhoso de Cotten como o herói aturdido e desapontado - sua "palestra literária" é inestimável - e com a beleza radiante da estrela italiana Valli, como a heroína pro forma. Este é um filme que resplandece constantemente, com suas paisagens urbanas noturnas, seus rostos aflitos e as águas caudalosas dos esgotos que carregam Lime no fim. KN
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 221)

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