sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

#007 1924 O GABINETE DAS FIGURAS DE CERA (Das Wachsfigurenkabinett, Alemanha)


Direção: Paul Leni
Roteiro: Henrik Galeen
Produção: Leo Brinsky, Alexsander Hwartiroff
Elenco: Emil Jannings, Conrad Veidt, Werner Krauss, William Dieterie / Olga Belajeff

O Gabinete das Figuras de Cera é outro clássico do terror silencioso. O filme foi realizado no auge do expressionismo alemão, com toda aquela peculiaridade estética característica desse período, viagem pelo universo fantástico, liberdade narrativa e destreza técnica. É a última produção do diretor Paul Leni em sua Alemanha natal, antes de se mudar para os Estados Unidos. O Gabinete das Figuras de Cera é precursor do filme-mosaico, fórmula que se tornaria comum no gênero anos depois, que traz três histórias inspiradas em três grandes vilões da história da humanidade: o califa Harun al Raschid, o czar Ivan, o Terrível e Jack, o Estripador. Essas histórias são contadas por um jovem poeta, contratado pelo dono da exibição das figuras de cera através de um anúncio de jornal, para escrever peças publicitárias de forma que aumente sua clientela. Auxiliado pela secretária da exposição, o poeta coloca a pena e a cachola para funcionar e vai apresentando seus contos ao espectador no formato de sonho, sempre colocando ele próprio e a garota nessas situações imaginárias cheias de tensão, agonia, reviravolta e até toques de humor. A primeira história, do califa, interpretado habilmente por Emil Jannings (que mais tarde nos brindaria com uma impecável interpretação de Mefistófoles em Fausto), ambienta-se na época das mil e uma noites e conta como o califa sedutor queria conquistar a bela esposa do padeiro. É mais um mix de comédia e aventura propriamente dito, sem nenhum pingo de terror, com um figurino e trabalho cenográfico primorosos, além de ser o mais bem produzido dos três contos. Já a segunda história sobre o maléfico czar russo Ivan, o Terrível, interpretado por Conrad Veidt (Cesare de O Gabinete do Dr. Caligari e Gwynplaine de O Homem que Ri, também dirigido por Leni) é a que possui elementos mais cruéis de crime, assassinato e loucura, impressos principalmente pela interpretação de Veidt. A terceira é o minúsculo conto onde o poeta em sonho é perseguido por Jack, o Estripador em uma alucinação de cortes e sobreposições. Reza a lenda que uma quarta história deveria ser escrita, sobre Rinaldo Rinaldini, que até aparece como uma das estátuas no começo do filme, mas a grana ficou curta e eles acabaram eliminando-a. E uma prova cabal do enorme problema de orçamento que o filme enfrentou enquanto estava sendo rodado é a quase inexistente e apressada aparição do Estripador, interpretado por Werner Krauss, o eterno Dr. Caligari. E falando de O Gabinete do Dr. Caligari, podemos encontrar por aqui várias inspirações do filme que foi a gênese do cinema de horror, como os cenários desproporcionais do primeiro conto, os atores que compartilham o elenco dos dois filmes e até o seu título. No frigir dos ovos, apesar de seu final decepcionante e de seus momentos de sonolência, há grandes interpretações, e uma aula de cinema acima de tudo. O Gabinete das Figuras de Cera é um filme bastante criativo, que vale a pena ser conferido pelo seu valor histórico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/09/7-o-gabinete-das-figuras-de-cera-1924-2/

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