Direção: Paul Leni
Roteiro: Henrik Galeen
Produção: Leo Brinsky,
Alexsander Hwartiroff
Elenco: Emil Jannings,
Conrad Veidt, Werner Krauss, William Dieterie / Olga Belajeff
O Gabinete das Figuras de Cera é outro clássico do terror silencioso. O
filme foi realizado no auge do expressionismo alemão, com toda aquela
peculiaridade estética característica desse período, viagem pelo universo
fantástico, liberdade narrativa e destreza técnica. É a última produção do
diretor Paul Leni em sua Alemanha natal, antes de se mudar para os Estados
Unidos. O Gabinete das Figuras de Cera é precursor do filme-mosaico, fórmula
que se tornaria comum no gênero anos depois, que traz três histórias inspiradas
em três grandes vilões da história da humanidade: o califa Harun al Raschid, o
czar Ivan, o Terrível e Jack, o Estripador. Essas histórias são contadas por um
jovem poeta, contratado pelo dono da exibição das figuras de cera através de um
anúncio de jornal, para escrever peças publicitárias de forma que aumente sua
clientela. Auxiliado pela secretária da exposição, o poeta coloca a pena e a
cachola para funcionar e vai apresentando seus contos ao espectador no formato
de sonho, sempre colocando ele próprio e a garota nessas situações imaginárias
cheias de tensão, agonia, reviravolta e até toques de humor. A primeira
história, do califa, interpretado habilmente por Emil Jannings (que mais tarde
nos brindaria com uma impecável interpretação de Mefistófoles em Fausto),
ambienta-se na época das mil e uma noites e conta como o califa sedutor queria
conquistar a bela esposa do padeiro. É mais um mix de comédia e aventura propriamente
dito, sem nenhum pingo de terror, com um figurino e trabalho cenográfico
primorosos, além de ser o mais bem produzido dos três contos. Já a segunda
história sobre o maléfico czar russo Ivan, o Terrível, interpretado por Conrad
Veidt (Cesare de O Gabinete do Dr. Caligari e Gwynplaine de O Homem que Ri, também dirigido por Leni) é a que possui
elementos mais cruéis de crime, assassinato e loucura, impressos principalmente
pela interpretação de Veidt. A terceira é o minúsculo conto onde o poeta em
sonho é perseguido por Jack, o Estripador em uma alucinação de cortes e
sobreposições. Reza a lenda que uma quarta história deveria ser escrita, sobre
Rinaldo Rinaldini, que até aparece como uma das estátuas no começo do filme,
mas a grana ficou curta e eles acabaram eliminando-a. E uma prova cabal do
enorme problema de orçamento que o filme enfrentou enquanto estava sendo rodado
é a quase inexistente e apressada aparição do Estripador, interpretado por
Werner Krauss, o eterno Dr. Caligari. E falando de O Gabinete do Dr. Caligari, podemos
encontrar por aqui várias inspirações do filme que foi a gênese do cinema de
horror, como os cenários desproporcionais do primeiro conto, os atores que
compartilham o elenco dos dois filmes e até o seu título. No frigir dos ovos,
apesar de seu final decepcionante e de seus momentos de sonolência, há grandes
interpretações, e uma aula de cinema acima de tudo. O Gabinete das Figuras
de Cera é um filme bastante criativo, que vale a pena ser conferido pelo
seu valor histórico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/09/7-o-gabinete-das-figuras-de-cera-1924-2/
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