quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

212 1948 O TESOURO DE SIERRA MADRE (THE TREASURE OF SIERRA MADRE, EUA)



Direção: John Huston
Produção: Henry Blanke, Jack L. Wamel
Roteiro: John Huston, B. Traven, baseado no livro de B. Traven
Fotografia: Ted D. McCord
Música: Buddy Kaye, Max Steiner
Elenco:
Humphrey Bogart ……Fred C. Dobbs
Barton MacLane ……..Pat McCormick
Walter Huston ………..Howard
Tim Holt ……………….Bob Curtin
Bruce Bennett ………..James Cody
Alfonso Bedoya ………Gold Hat
Ainda: Alfonso Rangel, Manuel Donde, Margarito Luna

Oscar: John Huston (direção e roteiro), Walter Huston (ator coadjuvante)

Indicação ao Oscar: Henry Blanke (melhor filme)

Jornadas fracassadas, alimentadas pela ambição e frustradas pela ganância e desavenças internas, eram o enredo favorito de John Huston, pois agradavam a mistura de romantismo e cinismo que compunha sua própria personalidade. De O falcão maltês (1941) até O homem que queria ser rei (1975), ele realizou uma série de variações sobre tema - porém O tesouro de Sierra Madre o apresenta dentro de algo próximo da sua forma arquetípica. No México, três andarilhos americanos incompatíveis juntam forças para garimpar ouro, o encontram e - inevitavelmente -, no fim, retiram a derrota das garras da vitória e fracassam novamente. Huston, responsável por grandes adaptações da literatura para as telas, retirou  essa história do misterioso e recluso escritor B. Traven e, como sempre, tratou o material original com respeito e carinho, preservando boa parte dos diálogos lacônicos e do sarcasmo do autor. Apesar da oposição do estúdio - pois filmagens em locação, pelo menos para produções hollywoodlanas classe A, eram raras naquela época -, Huston insistiu em filmar quase Inteiramente em locações no México, próximo a um vilarejo isolado a mais de 200 quilômetros da capital. Sua intransigência rendeu bons frutos. A textura do filme transpira a aridez poeirenta da paisagem mexicana, de modo que, ao assisti-lo, você quase consegue sentir a areia entre os dentes; e os atores - exilados do ambiente confortável do estúdio e tendo que enfrentar as intempéries - são obrigados a oferecer interpretações tensas e irascíveis. Isso combinava com o tema de O tesouro...: como as pessoas reagem sob pressão. Enquanto o velho garimpeiro (interpretado por Walter Huston, pai do diretor) e o jovem ingênuo (o ator de filmes de caubói Tim Holt) se agarram a seus princípios diante das adversidades e da tentação do ouro, o paranoico Fred C. Dobbs (Humphrey Bogart em um dos seus papéis mais memoravelmente aflitivos) desmorona e sucumbe. A determinação de Huston em filmar O tesouro... como queria também rendeu bons frutos ao estúdio. A princípio, Jack Warner detestou o filme, mas ele rendeu à Warner Brothers não só um sucesso de bilheteria como um desempenho triunfante no Oscar. Huston ganhou duas estatuetas - de Melhor Direção e Melhor Roteiro -, enquanto seu pai conquistou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Foi a primeira e - até o momento - única vez que uma equipe de pai e filho foi premiada na cerimônia. PK
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 212)

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