Direção: Umberto
Lenzi
Roteiro: Antonio
Cesare Corti, Luis María Delgado, Piero Regnoli
Produção: Diego
Alchimede, Luis Méndez
Elenco: Hugo
Stiglitz, Laura Trotter, Maria Rosaria Omaggio, Francisco Rabal, Sonia Viviani,
Eduardo Fajardo, Mel Ferrer
Cidade Maldita é mais uma
daquelas pérolas zumbi inexoráveis do cinema italiano. Parecia que a italianada
estava ávida por filmes do cinema morto-vivo e por isso, desesperadamente, os
produtores lançavam qualquer porcaria para fazer alguns trocados e seguir os
passos de Despertar dos Mortos de George
Romero e Zumbi 2 – A Volta
dos Mortos do
patrício Lucio Fulci. O diretor desta raridade é Umberto Lenzi, o pai do cinema
canibal, que assim como todos os italianos oportunistas (adjetivo quase intrínseco
aos cineastas da Terra da Bota), passeava por vários gêneros que faziam sucesso
no período. Aqui ele até tenta falar que “não é um filme de zumbi” (Senta lá,
Lenzi. Danny Boyle também fala que Extermínio não é um filme de
zumbi…), mas que seus vilões assassinos psicopatas revoltados, retardados,
deformados e sedentos por sangue (literalmente) parecem cópia carbono de
zumbis, ah, isso parece. Eles na verdade não são mortos-vivos (vale sempre
lembrar que a origem haitiana do zumbi não falava de mortos, mas de pessoas
autômatas e sem controle sobre seus atos e própria vida), e sim pessoas normais
infectadas por um tipo de radiação que os faz perder um parafuso, terem uma
aparência pútrida e desenvolver um comportamento errático agressivo. Munidos de
qualquer tipo de arma (facas, facões, porretes, ferramentas, armas de fogo,
qualquer coisa), começam uma insurreição em uma cidade, transformando aquilo
num verdadeiro pandemônio e matando gente a esmo (além de beber o sangue das
vítimas). É como um surto psicótico em massa. Pois bem, o repórter de TV Dean
Miller (Hugo Stiglitz – papel que originalmente seria de Franco Nero, mas Lenzi
foi convencido pelos produtores para colocar um ator mexicano para ajudar na
venda do filme por lá) e seu cinegrafista são testemunhas oculares do início
dessa hecatombe ao irem até o aeroporto esperar por um proeminente cientista
nuclear para uma entrevista exclusiva. Um avião militar sem permissão e sem
responder à torre de controle aterrissa por lá e traz esse bando de surtados,
matando militares, policiais, civis e qualquer diabo que se meta em sua frente.
Miller tenta advertir a população com um boletim especial (tipo aquele Plantão
da Globo), mas é tesourado do ar pelo chefe da emissora que recebe um corretivo
dos militares, para não espalhar o pânico. Enquanto isso, os milicos chefiados
pelo General Murchinson (Mel Ferrer) tenta ao máximo conter aquela epidemia
insana a ponto de colocar a cidade em estado de sítio, auxiliado pelo Major
Warren Holmes (Francisco Rabal) – que está mais preocupado no bem estar da sua
esposa – e o mesmo acontece com o intrépido jornalista, que vai até o hospital
onde a sua mulher, Dra. Anna Miller (Laura Trotter) trabalha, para resgatá-la.
Os dois partem em uma louca escapada, sempre sendo cercados pelos zumbis
raivosos e tendo de lutar por sua sobrevivência. E é isso. O escalar de
situações patéticas vai colocando o filme em um loop infinito de inverossimilhanças italianas, que obviamente
vai divertir o espectador fã da bagaceira, principalmente pelo excesso de
violência, sangue e peitos de fora aqui e acolá de praxe. Das atuações, espere
sempre as piores possíveis, principalmente da irritante Anna e sobre o roteiro,
talvez um queijo suíço tenha menos buracos. Mas o mais ridículo mesmo e motivo de
xacota é a maquiagem que tenta representar as horrendas deformidades causadas
pela radiação, cortesia de Giuseppe Ferranti e Franco Di Girolamo, que juntos
já contribuído com gente como Dario Argento, Lucio Fulci e Bruno Mattei. Agora
a cereja do bolo é mesmo o final. Dá vontade até de escrever um palavrão.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia
por sua conta e risco.
Eis que a mais
mundana, safada, picareta e estúpida resolução que existe no cinema desde que
os irmãos Lumiére resolveram testar fotografias em movimento é usada no final
de Cidade Maldita por Lenzi. Após os nossos heróis estarem
encurralados no alto de uma montanha-russa, e aparece o Major Warren para
resgatá-los em um helicóptero, Anna acaba caindo e seu bonecão se espatifa na
queda entre os trilhos e o chão. Miller acorda então no conforto de sua cama de
um terrível pesadelo com a bonitinha dormindo ao seu lado. Mas espere, ainda
não acabou! Atrasado para entrevistar o tal cientista nuclear, a situação
começa a se repetir tal qual o começo do filme, e ao abrir a porta do avião, o
filme congela e o pesadelo (Que foi o quê? Uma premonição do sujeito?) está
preste a começar. Ah vá… Fãs do horror italiano, assistam Cidade Maldita.
Obrigatória obra de Lenzi que funciona como uma advertência aos perigos da
radiação (pausa para o riso), e mostra-se adorável como toda bagaceira vinda do
ciclo spltatter desse país
salafrário que tanto nos alegrou no cinema de terror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/04/406-cidade-maldita-1980/
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