terça-feira, 29 de dezembro de 2015

#406 1980 CIDADE MALDITA (ncubo sulla città contaminata / Nightmare City, Itália, México, Espanha)


Direção: Umberto Lenzi
Roteiro: Antonio Cesare Corti, Luis María Delgado, Piero Regnoli
Produção: Diego Alchimede, Luis Méndez
Elenco: Hugo Stiglitz, Laura Trotter, Maria Rosaria Omaggio, Francisco Rabal, Sonia Viviani, Eduardo Fajardo, Mel Ferrer
  
Cidade Maldita é mais uma daquelas pérolas zumbi inexoráveis do cinema italiano. Parecia que a italianada estava ávida por filmes do cinema morto-vivo e por isso, desesperadamente, os produtores lançavam qualquer porcaria para fazer alguns trocados e seguir os passos de Despertar dos Mortos de George Romero e Zumbi 2 – A Volta dos Mortos do patrício Lucio Fulci. O diretor desta raridade é Umberto Lenzi, o pai do cinema canibal, que assim como todos os italianos oportunistas (adjetivo quase intrínseco aos cineastas da Terra da Bota), passeava por vários gêneros que faziam sucesso no período. Aqui ele até tenta falar que “não é um filme de zumbi” (Senta lá, Lenzi. Danny Boyle também fala que Extermínio não é um filme de zumbi…), mas que seus vilões assassinos psicopatas revoltados, retardados, deformados e sedentos por sangue (literalmente) parecem cópia carbono de zumbis, ah, isso parece. Eles na verdade não são mortos-vivos (vale sempre lembrar que a origem haitiana do zumbi não falava de mortos, mas de pessoas autômatas e sem controle sobre seus atos e própria vida), e sim pessoas normais infectadas por um tipo de radiação que os faz perder um parafuso, terem uma aparência pútrida e desenvolver um comportamento errático agressivo. Munidos de qualquer tipo de arma (facas, facões, porretes, ferramentas, armas de fogo, qualquer coisa), começam uma insurreição em uma cidade, transformando aquilo num verdadeiro pandemônio e matando gente a esmo (além de beber o sangue das vítimas). É como um surto psicótico em massa. Pois bem, o repórter de TV Dean Miller (Hugo Stiglitz – papel que originalmente seria de Franco Nero, mas Lenzi foi convencido pelos produtores para colocar um ator mexicano para ajudar na venda do filme por lá) e seu cinegrafista são testemunhas oculares do início dessa hecatombe ao irem até o aeroporto esperar por um proeminente cientista nuclear para uma entrevista exclusiva. Um avião militar sem permissão e sem responder à torre de controle aterrissa por lá e traz esse bando de surtados, matando militares, policiais, civis e qualquer diabo que se meta em sua frente. Miller tenta advertir a população com um boletim especial (tipo aquele Plantão da Globo), mas é tesourado do ar pelo chefe da emissora que recebe um corretivo dos militares, para não espalhar o pânico. Enquanto isso, os milicos chefiados pelo General Murchinson (Mel Ferrer) tenta ao máximo conter aquela epidemia insana a ponto de colocar a cidade em estado de sítio, auxiliado pelo Major Warren Holmes (Francisco Rabal) – que está mais preocupado no bem estar da sua esposa – e o mesmo acontece com o intrépido jornalista, que vai até o hospital onde a sua mulher, Dra. Anna Miller (Laura Trotter) trabalha, para resgatá-la. Os dois partem em uma louca escapada, sempre sendo cercados pelos zumbis raivosos e tendo de lutar por sua sobrevivência. E é isso. O escalar de situações patéticas vai colocando o filme em um loop infinito de inverossimilhanças italianas, que obviamente vai divertir o espectador fã da bagaceira, principalmente pelo excesso de violência, sangue e peitos de fora aqui e acolá de praxe. Das atuações, espere sempre as piores possíveis, principalmente da irritante Anna e sobre o roteiro, talvez um queijo suíço tenha menos buracos. Mas o mais ridículo mesmo e motivo de xacota é a maquiagem que tenta representar as horrendas deformidades causadas pela radiação, cortesia de Giuseppe Ferranti e Franco Di Girolamo, que juntos já contribuído com gente como Dario Argento, Lucio Fulci e Bruno Mattei. Agora a cereja do bolo é mesmo o final. Dá vontade até de escrever um palavrão. 
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Eis que a mais mundana, safada, picareta e estúpida resolução que existe no cinema desde que os irmãos Lumiére resolveram testar fotografias em movimento é usada no final de Cidade Maldita por Lenzi. Após os nossos heróis estarem encurralados no alto de uma montanha-russa, e aparece o Major Warren para resgatá-los em um helicóptero, Anna acaba caindo e seu bonecão se espatifa na queda entre os trilhos e o chão. Miller acorda então no conforto de sua cama de um terrível pesadelo com a bonitinha dormindo ao seu lado. Mas espere, ainda não acabou! Atrasado para entrevistar o tal cientista nuclear, a situação começa a se repetir tal qual o começo do filme, e ao abrir a porta do avião, o filme congela e o pesadelo (Que foi o quê? Uma premonição do sujeito?) está preste a começar. Ah vá… Fãs do horror italiano, assistam Cidade Maldita. Obrigatória obra de Lenzi que funciona como uma advertência aos perigos da radiação (pausa para o riso), e mostra-se adorável como toda bagaceira vinda do ciclo spltatter desse país salafrário que tanto nos alegrou no cinema de terror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/04/406-cidade-maldita-1980/

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