Direção: John De
Bello
Roteiro: Costa Dillon, John De Bello, Steve Peace, Rick Rockwell
Produção: John
De Bello, Steve Peace, Mark L. Rosen (não creditado)
Elenco: David Miller, George Wilson, Sharon Taylor, J. Stephen
Peace, Ernie Meyers, Eric Christmas, Ron Shapiro
O Ataque dos
Tomates Assassinos é o suprassumo do trash. Sempre que
você pensa nas palavras trash e filme na mesma frase, é quase unânime
essa produção escrachada vir à mente. Fora que esse filme hilário,
despretensioso e retardado já faz parte do imaginário popular até de quem nunca
assistiu a essa pérola da tosquice camp. E este é o seu grande trunfo. Ele
não se levar nem um pouco a sério e estar recheado de piadas sacanas nas
entrelinhas que obviamente passaram despercebidos por mim quando assisti pela
primeira vez ainda pequeno (para quem não era criança nos anos 80 e 90 ou não
se lembra, rolou uma febre dos tomates assassinos certa época, com direito a
desenho animado na televisão e até jogo de videogame para o Nintendinho). Mas
depois de vê-lo mais velho, ele certamente entra no mesmo patamar de comédias
rasgadas como Apertem os Cintos que o Piloto Sumiu e Corra que a
Polícia vem Aí. Prova maior disso para mim foi quando tentei gravar um
Horrorcast de O Ataque dos Tomates Assassinos, e simplesmente não
consegui. Porque primeiro não conseguia ficar sem dar risada das idiotices
extremas do filme. Segundo, porque não dá para sacanear um filme como esse, que
já se sacaneia desde o primeiro segundo de metragem, com aquela infame frase de
abertura: “Em 1963, Hitchcock fez um filme mostrando um selvagem ataque de
criaturas aladas a seres humanos… As pessoas riram. Em 1975, 7 milhões de pássaros
invadiram uma cidade americana, resistindo a todos os esforços para
expulsá-los… Ninguém está rindo agora. ”Mal você sai dessa e já começam os
créditos com uma música ao melhor estilo cantina italiana (“Attack of the
killer tomatoes! / Attack of the killer tomatoes! / They’ll beat you, bash you,
squish you, mash you / Chew you up for brunch and finish you off for dinner or
lunch!”) com suas falsas propagandas, espaço de venda de anúncios
publicitários, participação da Companhia Real de Tomates Shakespearianos, Costa
Dillon aparecendo em sequência fazendo quatro funções diferentes na realização
do longa (e assinado como Constantine James Dillon, C.J. Dillon e C. James
Dillon) e constando que foi baseado no livro “Os Tomates da Ira”, paródia ao
livro “As Vinhas da Ira” de John Steinbeck. Daí para frente é ladeira abaixo. A
trama diz respeito ao misterioso ataque dos tomates contra os seres humanos,
que vai resultar em uma onda de mortes (inclusive nas praias, parodiando agora Tubarão) o que levará o governo e o
exército americano a tentar acabar com o problema por duas frentes. A primeira,
por meio de Jim Richardson (George Wilson), Secretário de Imprensa do
presidente, que precisa abafar informações e fazer com que o caso não se torne
publicidade ruim, e a segunda por meio de Mason Dixon (David Miller), que
reunirá um time de “especialistas” para tentar colocar um fim ao ataque,
contando com o mestre em disfarces Sam Smith (Gary Smith – que tem seus dois
grandes momentos ao se disfarçar de Hitler, e o pior, ser confundido com ele –
detalhe que ele é negro – e quando se disfarça de tomate para se infiltrar e
conhecer melhor seus costumes), a nadadora olímpica cheia de anabolizantes
Gretta Attenbaum (Benita Barton), o perito em mergulho Greg Colburn (Steve
Cates, que passa o filme inteiro de pé de pato, snorkel e tanque de ar nas
costas) e o paraquedista Wilbur Finletter (vivido pelo roteirista e produtor J.
Stephen Peace). Como se não bastasse esse tanto de gente incompetente junta, há
ainda a repórter Lois Fairchild (Sharon Taylor) que é enviada pelo seu
inescrupuloso editor para investigar essa história de tomates assassinos custe
o que custar; uma conspiração governamental que pode conter a resposta sobre
essa revolta dos tomates e seu aumento exponencial de tamanho; e uma verdadeira
guerra civil, alimentada ainda mais por um presidente burocrata que passa o
filme inteiro assinando papeis em branco e querendo explodir Nova York a todo
custo com um bando de congressistas que lembram os melhores momentos do senado
brasileiro. Pronto, o cenário está armado para você ver algumas das imagens
mais patéticas, nonsense e exageradas da sétima arte, como a reunião entre os
membros do governo em uma sala minúscula, com a presença do proeminente Dr.
Nokitofa (e seu sotaque); o ciborgue que só tem uma perna funcionando; o mestre
em disfarce em um ritual tribal com os tomates ao melhor estilo documentário do
National Geographic cometendo o terrível erro ao pedir para os frutos passarem
o ketchup; e claro, obviamente não posso esquecer da canção número um da
América,hit parade de todas as rádios, “Puberty Love”, de Matt Cameron
(que mais tarde vejam só, seria baterista do Soundgarden e Pearl Jam!!!). O
filme só teve 90 mil dólares de orçamento (e parece muito superior que tantos
filmes baratos feito no período, pelo fato de ter sido filmado com um negativo
de maior qualidade que o usual) e dessa grana, vejam só, 30 mil foram perdidos
na cena do acidente de helicóptero, que absurdamente foi real e desproposital.
O piloto sofreu ferimentos leves, e os atores George Wilson e Jack Riley
tirados do acidente rapidamente continuaram gravando o resto da cena enquanto o
helicóptero pegava fogo no set ao fundo. Outro detalhe curiosíssimo é que uma
das cenas em que um tomate gigante (feito de espuma) está usando um fone de
ouvido, na verdade esses fones foram feitos com tampas de privada! E na cena da
reunião no estádio de San Diego, a maioria dos extras que participaram foram
propositalmente com suas piores roupas. Não era mérito do figurino do filme
não. Considerado pelo USA Today como um dos cinco melhores títulos de filmes de
todos os tempos (e com razão) O Ataque dos Tomates Assassinos é
diversão garantidíssima na certa. A não ser que você seja um chato recalcado de
plantão que só goste de filmes iranianos que ninguém vê e passam naquelas
mostras de cinema para intelectualoides. Como acho que não é o caso, senão você
não estaria em um blog dessa baixeza e muito menos lendo um post sobre esse
filme, então, aproveite para assisti-lo mais uma vez, dar risada e prestar
atenção em todas as piadas subentendidas e críticas ao american way of
life, seu governo e seu exército.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/02/07/366-o-ataque-dos-tomates-assassinos-1978/
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