terça-feira, 1 de dezembro de 2015

#362 1977 SUSPIRIA (Itália)


Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento, Daria Nicolodi (baseado na obra de Thomas De Quincey – não creditado)
Produção: Claudio Argento, Salvatore Argento (Produtor Executivo)
Elenco: Jessica Harper, Stefana Casini, Flavio Bucci, Alida Valli, Joan Bennett

Suspiria é a obra-prima do diretor italiano Dario Argento. Um conto de fadas de horror, que beira a perfeição. É o cinema de terror em estado bruto como obra arte. É simplesmente fora de série. Dario Argento sempre deixou muito claro seu fetiche pela imagem e todos os elementos com que se constrói a estética de um filme e seu apreço pela violência. Suspiria é a quintessência disso. O auge que o italiano conseguiu alcançar, mesmo depois do quase perfeito giallo Prelúdio para Matar. Aqui ele desfila toda sua virtuose em imagem e som, misturando uma crônica de violência plena com bruxaria sobrenatural, caminhando sempre entre a linha tênue do onírico e do real, expondo ao pobre espectador a uma frenética explosão de cores e sensações, isso sem falar do constante clima de tensão apavorante. O título do filme refere-se a Mater Suspiriorium, uma das três mães das trevas que controlam o mundo. Essa é o primeiro filme da trilogia das mães de Argento, seguido por A Mansão do Inferno (Mater Tenebrarum) de 1980 e O Retorno da Maldição – A Mãe das Lágrimas (Mater Lachrymarum) de 2007. Suzy Bannion é uma estudante de balé americana que muda-se para Friburgo na Alemanha para ter aulas em uma das mais respeitadas escolas de balé do mundo. Ao chegar em meio à uma noite de tempestade, ela se depara com uma aluna desesperada fugindo, que acaba sendo violentamente assassinada no prédio de uma amiga (em uma cena conduzida espetacularmente por Argento). Se você assistir só a esses primeiros quinze minutos do filme, você pode até pensar que é mais um giallo do diretor italiano. Mas daí para frente, o status sobrenatural entra na trama, onde Suzy acaba por descobrir que na verdade a escola é um antro de antigas e malévolas bruxas que começam matar àqueles que chegam perto demais de descobrir a terrível verdade sobre essas seculares entidades malignas. Co-escrito pela então esposa de Argento, Daria Nicolodi, o filme é inspirado em experiências pessoais vividas pela sua avó. Originalmente, o roteiro apresentava Susy como uma garota de 12 anos, e todas as estudantes da escola de balé seriam pré-adolescentes, mas prevendo os problemas que isso acarretaria, Argento resolveu adaptá-lo para que a personagem principal fosse uma jovem adulta. Em Suspiria, Argento nos leva para um mundo tétrico, quase surreal, através de um excelente trabalho de fotografia com um jogo exagerado de cores, como vermelho, rosa, verde e azul, a presença de estilos barrocos e uma técnica de filmagem em travelling contínuo, uma de suas marcas registradas, que foi criada pelo mestre Mario Bava e aperfeiçoado pelo seu pupilo Argento. Hoje é uma linguagem extremamente comum no cinema moderno, usado por nomes como Martin Scorcese e Sam Raimi. Outro ponto de forte destaque é a trilha sonora descontrolada e histérica da banda de rock progressivo Goblin, com pitacos do próprio diretor, transformando Suspiria em uma experiência poderosa de sentidos impactantes, resultando em um dos melhores filmes de terror já feitos sem sombra de dúvida. Isso sem falar em todas as mortes extremamente sanguinárias e violentas, como um cego atacado na jugular pelo seu próprio cão-guia ou uma garota que cai em uma sala repleta de arame farpado antes de ter seu pescoço cortado. Ainda sem contar a morte da garota que foge da escola logo no começo, que leva múltiplas facadas e depois é enforcada na claraboia do prédio e sua amiga que tentou lhe prestar socorro morre em um tremendo golpe de azar, atingida em cheio na cabeça por um grande pedaço de vidro da claraboia despedaçada. É Argento desperdiçando litros e litros de guache vermelho para satisfazer seu espectador doentio. Suspiria usa do balé e dos desafios psicológicos da personagem principal em um mundo obscuro para remeter a um pesadelo onde se sonha acordado, capturando a essência da maldade sepulcral que controla o destino de cada um de nós e anda esgueirando-se pelos cantos concomitantemente enquanto vivemos nossa vida enfadonha. A temática também gerou grande influência em demais filmes de terror e até para outras obras singulares, como o recente Cisne Negro de Darren Aronofsky. Quanto ao deleite da imagética sublime criada por Argento nesta fita, se você tiver a oportunidade, assista ao filme em alta definição, pois é um espetáculo surpreendente de cores.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/02/01/362-suspiria-1977/

Nenhum comentário:

Postar um comentário