Direção: Dario
Argento
Roteiro: Dario
Argento, Daria Nicolodi (baseado na obra de Thomas De Quincey – não creditado)
Produção: Claudio
Argento, Salvatore Argento (Produtor Executivo)
Elenco: Jessica
Harper, Stefana Casini, Flavio Bucci, Alida Valli, Joan Bennett
Suspiria é
a obra-prima do diretor italiano Dario Argento. Um conto de fadas de horror,
que beira a perfeição. É o cinema de terror em estado bruto como obra arte. É
simplesmente fora de série. Dario Argento sempre deixou muito claro seu fetiche
pela imagem e todos os elementos com que se constrói a estética de um filme e
seu apreço pela violência. Suspiria é a quintessência disso. O
auge que o italiano conseguiu alcançar, mesmo depois do quase perfeito giallo Prelúdio para
Matar. Aqui ele desfila toda sua virtuose em imagem e som,
misturando uma crônica de violência plena com bruxaria sobrenatural, caminhando
sempre entre a linha tênue do onírico e do real, expondo ao pobre espectador a
uma frenética explosão de cores e sensações, isso sem falar do constante clima
de tensão apavorante. O título do filme refere-se a Mater Suspiriorium, uma das
três mães das trevas que controlam o mundo. Essa é o primeiro filme da trilogia
das mães de Argento, seguido por A Mansão do Inferno (Mater
Tenebrarum) de 1980 e O Retorno da Maldição – A Mãe
das Lágrimas (Mater Lachrymarum) de 2007. Suzy Bannion é uma estudante
de balé americana que muda-se para Friburgo na Alemanha para ter aulas em uma
das mais respeitadas escolas de balé do mundo. Ao chegar em meio à uma noite de
tempestade, ela se depara com uma aluna desesperada fugindo, que acaba sendo
violentamente assassinada no prédio de uma amiga (em uma cena conduzida
espetacularmente por Argento). Se você assistir só a esses primeiros quinze
minutos do filme, você pode até pensar que é mais um giallo do
diretor italiano. Mas daí para frente, o status sobrenatural entra na
trama, onde Suzy acaba por descobrir que na verdade a escola é um antro de
antigas e malévolas bruxas que começam matar àqueles que chegam perto demais de
descobrir a terrível verdade sobre essas seculares entidades malignas. Co-escrito
pela então esposa de Argento, Daria Nicolodi, o filme é inspirado em
experiências pessoais vividas pela sua avó. Originalmente, o roteiro
apresentava Susy como uma garota de 12 anos, e todas as estudantes da escola de
balé seriam pré-adolescentes, mas prevendo os problemas que isso acarretaria,
Argento resolveu adaptá-lo para que a personagem principal fosse uma jovem
adulta. Em Suspiria, Argento nos leva para um mundo tétrico, quase
surreal, através de um excelente trabalho de fotografia com um jogo exagerado
de cores, como vermelho, rosa, verde e azul, a presença de estilos barrocos e
uma técnica de filmagem em travelling contínuo, uma de suas marcas
registradas, que foi criada pelo mestre Mario Bava e aperfeiçoado pelo seu
pupilo Argento. Hoje é uma linguagem extremamente comum no cinema moderno,
usado por nomes como Martin Scorcese e Sam Raimi. Outro ponto de forte destaque
é a trilha sonora descontrolada e histérica da banda de rock progressivo
Goblin, com pitacos do próprio diretor, transformando Suspiria em
uma experiência poderosa de sentidos impactantes, resultando em um dos melhores
filmes de terror já feitos sem sombra de dúvida. Isso sem falar em todas as
mortes extremamente sanguinárias e violentas, como um cego atacado na jugular
pelo seu próprio cão-guia ou uma garota que cai em uma sala repleta de arame
farpado antes de ter seu pescoço cortado. Ainda sem contar a morte da garota
que foge da escola logo no começo, que leva múltiplas facadas e depois é
enforcada na claraboia do prédio e sua amiga que tentou lhe prestar socorro
morre em um tremendo golpe de azar, atingida em cheio na cabeça por um grande
pedaço de vidro da claraboia despedaçada. É Argento desperdiçando litros e
litros de guache vermelho para satisfazer seu espectador doentio. Suspiria usa
do balé e dos desafios psicológicos da personagem principal em um mundo obscuro
para remeter a um pesadelo onde se sonha acordado, capturando a essência da
maldade sepulcral que controla o destino de cada um de nós e anda
esgueirando-se pelos cantos concomitantemente enquanto vivemos nossa vida
enfadonha. A temática também gerou grande influência em demais filmes de terror
e até para outras obras singulares, como o recente Cisne Negro de Darren
Aronofsky. Quanto ao deleite da imagética sublime criada por Argento nesta
fita, se você tiver a oportunidade, assista ao filme em alta definição, pois é
um espetáculo surpreendente de cores.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/02/01/362-suspiria-1977/
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